"O Brasil é o país mais racista que nós temos. A coisa aqui é braba, uma doença que não tem cura, uma situação absurda, nojenta. É a minha raça que estou vendo ser destruída, e é preciso dar um grito de basta”, diz Elza Soares, às vésperas de completar 90 anos de uma história marcada por sacudidas de poeira e voltas por cima.
Voz-símbolo na luta contra o racismo, o machismo e tantas outras persistentes covardias da vida brasileira, a cantora conta que sentiu na carne as mortes da menina Ágatha Félix (baleada em setembro passado quando voltava para casa com a mãe, no Complexo do Alemão) e do adolescente João Pedro Matos Pinto (alvejado por um tiro em maio, dentro de casa, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo).
— Nos Estados Unidos, mataram um homem negro e o mundo veio abaixo . Aqui parece que é brincadeira. Rezo muito para que isso não chegue aos meus sobrinhos e meus netos — diz a intérprete de versos como “a carne mais barata do mercado é a carne negra”.
Elza conversou com O GLOBO por telefone, depois que a neta Vanessa atendeu à ligação. Leia a entrevista completa .