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Cultura

Como a rapper Megan Thee Stallion se tornou a pioneira do ano na lista 'Time 100'

Rainha de virais no Tik Tok, americana de 25 anos tem história familiar marcada por perdas e discurso engajado contra o racismo
Megan Thee Stallion: uma estrela do prap que vai muito além do Tik Tok Foto: Reprodução Instagram
Megan Thee Stallion: uma estrela do prap que vai muito além do Tik Tok Foto: Reprodução Instagram

RIO  — Nos últimos seis meses, se você minimamente passou os olhos pela sua timeline do Tik Tok, com certeza viu alguém dançando uma coreografia ao som de Megan Thee Stallion. Por lá, a rapper americana de 25 anos viralizou seu hit “Savage”, influenciando tanta gente a ponto de chamar a atenção da revista "Time" . Megan foi eleita a pioneira do ano de 2020, de acordo com a "Time 100", lista anualmente divulgada pela publicação e que traz os nomes das 100 pessoas mais influentes do mundo. Mas a trajetória meteórica de Megan vai muito além de um "challenge" de dancinha.

Autora do texto que apresenta a rapper nas páginas da “Time”, a atriz Taraji. P. Henson (da série "Empire") afirma que Megan, além do talento como rapper, demonstra "força através de sua vulnerabilidade".

Nascida no Texas, a rapper só conheceu o pai aos 8 anos, quando ele deixou a prisão. Acabaram se tornando grandes amigos até a morte dele, em 2011. Megan também já teve de enfrentar a perda da mãe, vítima de um tumor cerebral, e da avó. Ambas morreram em março de 2019.

Em julho deste ano, um novo drama. Megan foi baleada durante um incidente que acabou com o rapper Tory Lanez sendo preso, em Los Angeles. “Tentaram derrubá-la, mas ela continua aqui, amando e sendo doce”, diz Taraji, que também destaca o fato da rapper ser “profunda”.

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One of #Time100’s most influential people    (  : @danascruggs)

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Megan cursa Gestão em Saúde na Texas Southern University e se consolidou como uma das vozes mais ativas entre os artistas presentes nos protestos antirracismo capitaneados pelo movimento Black Lives Matter, inclusive doando financeiramente ao grupo.

Em uma super live no fim de agosto, ela dedicou parte do show a uma homenagem aos negros vítimas da violência policial nos EUA, projetando em um telão nomes como George Floyd e Breonna Taylor, que se tornaram símbolos dos protestos que eclodiram em 2020. "Por que é tão difícil ser negro nos Estados Unidos?", questionou Megan, em determinado momento.

“Ela tem um espírito livre. Eu vejo isso nela. A indústria pode tentar prendê-la na caixinha do rap, mas ela tem um plano muito maior. E nós já sacamos qual é”, finaliza Taraji P. Henson em seu texto-homenagem à rapper.

Megan muito além do viral

Como boa filha da geração Z, o talento de Megan Thee Stallion começou a ser notado a partir de suas postagens nas redes sociais. Das primeiras publicações no Soundcloud e Instagram até a eleição da “Time” foram apenas quatro anos de diferença. Neste meio tempo, muita coisa aconteceu.

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Em março de 2018, foi convidada para se apresentar no badalado festival SXSW, no Texas, seu estado de origem. Em junho do mesmo ano lançou o EP “Tina Snow”, nome de seu alter ego, que ela considera uma versão “mais crua” de si mesma. Foi coberta de elogios pela mídia especializada, como os sites Pitchfork e Fader. Cinco meses depois, se tornou a primeira rapper mulher a assinar contrato com a gravadora 300 Entertainment.

Sua estreia na tão almejada lista Hot 100 da Billbaord veio em agosto de 2019, com o hit “Hot girl summer”, em que divide os vocais com Nicki Minaj e o rapper Ty Dolla Sign. Tal conquista seria crucial para o lançamento do EP “Suga”, em março de 2020. Dali em diante, Megan levou seus versos mordazes a outro patamar de sucesso.

A viralização do single “Savage” no Tik Tok aconteceu depois que uma jovem usuária americana de 19 anos chamada Keara Wilson decidiu criar uma coreografia para a música recém-lançada por sua rapper preferida. Hoje, o vídeo de Keara tem mais de 50 milhões de visualizações. Celebridades rapidamente também entraram na onda e participaram do desafio da dancinha. Nomes como Hailey Bieber, Ashley Tisdale, Jessica Alba e... Megan Thee Stallion.

Em abril, “Savage” ganhou um remix com participação de ninguém menos que Beyoncé. A versão atingiu o topo de todas as paradas de sucesso e impulsionou o EP “Suga” a figurar entre os álbuns mais vendidos na lista da Billboard. O lucro de todo esse sucesso foi revertido para a Bread of Life, ONG da cidade de Houston que vem ajudando vítimas da Covid-19 em situação de vulnerabilidade.

Mal sabia Megan que, quatro meses depois, voltaria a viralizar no Tik Tok. Desta vez, participando de “WAP”, single da rapper Cardi B, e hit mais recente entre os desafios de dancinha na rede social preferida da garotada. Mas segue um aviso: a coreografia é muito difícil.

“WAP” também atingiu o primeiro lugar no Hot 100 da Billboard e quebrou o recorde de música mais ouvida por streaming em sua semana de lançamento, com 93 milhões de audições em sete dias.