Cultura

Conselho escolar do Tennesse proíbe uso de HQ sobre Holocausto em salas de aula

Maus, de Art Spielgmann, foi a primeira história em quadrinhos a ganhar um Pullitzer
O quadrinista Art Spiegelman posa em uma exposição com um painel que mostra um trecho de sua obra Maus Foto: BERTRAND LANGLOIS / AFP
O quadrinista Art Spiegelman posa em uma exposição com um painel que mostra um trecho de sua obra Maus Foto: BERTRAND LANGLOIS / AFP

NASHVILLE - O conselho escolar do condado de McMinn, no Tennesse, votou unanimemente por remover a história em quadrinhos Maus, de Art Spielgmann, do currículo das turmas de oitava série. A justificativa para a remoção da obra, que narra a vida do pai do autor, um judeu sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz, é a presença de "linguagem questionavel" e desenhos de uma mulher nua.

— Não precisamos  promover esse tipo de coisa. O livro mostra pessoas enforcadas, mostra-as matando crianças. Por que o sistema educacional promove esse tipo de coisa? Não é sábio ou saudável — disse o membro do conselho Tony Allman, durante a reunião que definiu o banimento de Maus.

Considerada uma obra-prima do gênero, Maus foi a primeira história em quadrinhos a ganhar um prêmio Pullitizer. O autor da obra criticou a decisão do conselho escolar:

— Estou tentando compreender isso direito. Eles estão totalmente focados em alguns palavrões que estão no livro. Eu não posso acreditar que a palavra 'droga' faria o livro ser descartado da escola por conta própria — disse Art Spielgmann, que se descreveu 'perplexo' com o banimento do livro.

De acordo com o autor, a imagem da mulher nua que foi citada como um dos motivos para a proibição da obra é um pequeno desenho de sua mãe em uma banheira, com os pulsos cortados.

— Entendo que o Tennesse é um lugar demente. Há algo de muito confuso acontecendo por lá — disse Spielgmann à CNBC

No Twitter, o Museu do Holocausto também criticou o banimento de Maus: "Maus desempenhou um papel vital na educação sobre o Holocausto através do compartilhamento de experiências pessoais e detalhadas de vítimas e sobreviventes. Ensinar sobre o Holocausto usando livros como Maus pode inspirar os alunos a pensar criticamente sobre o passado e seus próprios papéis e responsabilidades na atualidade."