Cultura

Contos de F. Scott Fitzgerald relançados sem censura a sexo, bebida e palavrões

Publicados no Saturday Evening Post nos anos 1920, histórias foram modificadas para não ofender público do jornal

NOVA YORK — Quando “Taps at Reveille” foi publicado em 1935, marcou o fim da carreira de F. Scott Fitzgerald como escritor de contos. Foi sua quarta e última coleção. Mas muitas das palavras publicadas no livro foram escolhidas pelos editores do Saturday Evening Post, onde todas as 18 histórias saíram pela primeira vez.

As versões originais de Fitzgerald chegam ao público pela primeira vez numa edição restaurada de “Taps at Reveille” lançada esta semana na Grã-Bretanha pela Universidade de Cambridge, revela o Guardian.

James L.W. West III, professor de inglês e editor da série, descobriu as alterações ao comparar os manuscritos de Fitzgerald, guardados em Princeton, com as versões publicadas das histórias.

Os editores modificaram os textos para torná-los mais palatáveis para os leitores de classe média do jornal. Assim sendo, eles excluíram palavrões, gírias, referências a sexo, drogas e álcool, modificaram alguns lugares e nomes e apagaram ou suavizaram ofensas antissemitas pronunciadas pelos personagens menos agradáveis do autor.

West diz que duas histórias em particular foram muito prejudicadas pela edição. Em "Two wrongs" o personagem central é um palhaço bêbado que se comporta de forma grosseira com a mulher e recebe uma réplica que parece dura demais.

"O problema é que nós não sabíamos o segundo erro pelo qual o protagonista era punica, o antissemitismo", explica West.

A retirada das referências ao antissemitismo e uso de drogas e álcool pelos personagens de "The hotel child" também modificou totalmente a história.

"(Os personagens) são bem sinistros, mas com tudo modificado, se tornam cômicos. Você perde o senso de ameaça e decadência", critica o professor.