Cultura

CopaFest traz Wilson das Neves, Pepeu Gomes e Eumir Deodato acompanhados de ‘big bands’

Evento vai desta quinta-feira até sábado no Copacabana Palace

Wilson das Neves: O baterista (de pé, ao centro) faz show baseado no disco “O som quente é o das Neves”, de 1976
Foto: Daniela Dacorso
Wilson das Neves: O baterista (de pé, ao centro) faz show baseado no disco “O som quente é o das Neves”, de 1976 Foto: Daniela Dacorso

RIO - Bernardo Vilhena ouvia as big bands americanas desde criança — seu padrinho era fã e tinha uma bela coleção de discos do gênero. Em Ipanema, adolescente, ele chegou a ver formações do tipo em shows de bossa nova. Na temporada de quatro anos que passou morando no subúrbio, teve a oportunidade de ir a bailes comandados por bandas como as de Ed Lincoln ou a Orquestra 7 de Ouros. Agora, como curador do CopaFest — ao lado de Carol Rosman —, ele evoca essa memória na programação do festival, que ocupa o salão cristal do Copacabana Palace de quinta-feira a sábado. Três das atrações (Eumir Deodato, Wilson das Neves e Pepeu Gomes) se apresentam com formação de big band. Kassin, também no festival, vem com naipe de metais. E completa a grade o Shinkansen, que, se não é uma big band , é um supergrupo instrumental, com Toninho Horta, Liminha, Jaques Morelenbaum e Marcos Suzano.

— A ideia de valorizar essa formação partiu de mim e da Carol — conta Vilhena. — Essa nova geração aplaude arranjo. Queríamos, então, mostrar isso. Temos não só bons compositores e músicos, mas bons arranjadores. O Pepeu era o maestro dos novos baianos, uma banda que fez uma revolução. Eumir fez arranjos para ninguém menos que o Sinatra.

O festival abre hoje, às 21h, com Deodato — no repertório, estão músicas como “Also sprach Zarathustra” (da trilha de “2001”), “Whirl winds”, “Peter Gunn”, “Carly & Carole” e “Black dog”. A oportunidade de vê-lo no formato por aqui é rara — seus últimos shows no Rio foram em formações menores (como o trio registrado no CD “Ao vivo no Rio”, gravado em 2007). O compositor e arranjador também tem lembranças de big bands, sobretudo a Tabajara:

— Com o Severino Araújo eu aprendi a fazer arranjo, depois dos bailes eu ficava estudando as partituras — lembra Deodato.

No sábado, o espírito do baile toma conta do CopaFest, com os shows de Pepeu e Wilson. O baiano, que está comemorando 40 anos de carreira, terá a seu lado músicos como seu irmão Didi Gomes e Luciano Alves (arranjador de seus discos dos anos 1980), além de Davi Moraes. Seu filho Filipe Pascual faz uma participação. Pepeu traz um repertório instrumental, que passeia por choro (um pot-pourri de clássicos de Waldir Azevedo, Jacob do Bandolim, Pixinguinha, entre outros), um “Menino do Rio” bluesly , alguma salsa, uma “Ligia” acústica.

— Sou alquimista, eclético, não sou de um ritmo só — resume Pepeu. — É a primeira vez que faço o show com essa formação, com naipe de metais. Tocar com banda grande é muito gostoso, a massa sonora deixa a gente viciado.

A festa será encerrada com estilo sob o comando de Wilson das Neves, que apresenta um show baseado no disco “O som quente é o das Neves”, de 1976. O repertório (“Essa moça tá diferente", “Zazueira”, “Berimbau”, “Pick up the pieces”, “Tema pra Elizeth”...) junta as músicas do álbum e de outros que o baterista lançou entre os anos 1960 e 1970 — uma empolgante mistura de samba-jazz, funk e gafieira que antecipava o que fariam grupos como Black Rio.

— A ideia era parada de sucessos, música para ouvir e para dançar. Resumindo numa palavra: suingue. Porque você não faz nada na vida sem suingue. Tem que passar no buraco da agulha.