Cultura

Da Vinci vendido por R$ 1,5 bilhão vai para Abu Dhabi

Obra que bateu recorde de preços em leilões de arte, em novembro, irá para a filial do museu do Louvre
Detalhe de "Salvator Mundi," retrato de Jesus Cristo pintado por volta do ano 1500 por Leonardo da Vinci Foto: HANDOUT / Reuters
Detalhe de "Salvator Mundi," retrato de Jesus Cristo pintado por volta do ano 1500 por Leonardo da Vinci Foto: HANDOUT / Reuters

RIO - O museu do Louvre de Abu Dhabi receberá o quadro "Salvator Mundi", de Leonardo da Vinci, que foi vendido no mês passado um leilão na Christie's por US$ 450 milhões, o maior valor já pago por uma obra de arte. A casa de leilões informou nesta quarta-feira que a tela irá para o museu, mas recusou-se a dizer se ele comprou a pintura.

Desde a venda na Christie's, a identidade do comprador do Da Vinci foi o segredo ais bem guardado do mundo da arte. Compradores do Oriente Médio e da Ásia estão arrematando obras-primas para preencher seus museus e elevando cada vez mais os preços.

O Louvre Abu Dhabi — uma franquia do original de Paris — é um símbolo do movimento dos sheiks que fizeram fortunas com o petróleo para aumentar suas credenciais como apreciadores da arte. Para se diferenciar-se de Dubai, Abu Dhabi está mirando nos turistas que vêm à procura de cultura e arte e também construiu hotéis, parques temáticos e shoppings.

A organização por trás do museu tornou-se um dos compradores mais agressivos do mercado mundial da arte na última década. Ele abriu no mês passado com mais de 600 obras de arte para a sua coleção permanente, incluindo quadros como "Madonna and Child" de Giovanni Bellini. A pintura "La belle ferronnière", de Da Vinci, foi cedida pelo Louvre de Paris.

A abertura do museu também coincidiu com um período de maior tensão política no Golfo e no Oriente Médio. Como um dos sete emirados árabes, e aquele com as maiores reservas de petróleo, Abu Dhabi está metido em uma disputa liderada pela Arábia Saudita com o vizinho Catar por seu suposto apoio ao terrorismo.

Supostamente o último Da Vinci em mãos privadas, "Salvator Mundi" arrecadou quatro vezes o que Christie's havia projetado, mesmo quando os céticos questionaram sua autenticidade. O vendedor foi o bilionário russo Dmitry Rybolovlev, que o comprou por US$ 127,5 milhões em 2013.

"Estamos muito satisfeitos por o trabalho estar novamente em vista pública", disse um porta-voz de Christie sobre o quadro. O resultado do leilão bateu os recordes mundiais anteriores para uma venda de arte de qualquer tipo, incluindo o leilão de US$ 179,4 milhões para uma pintura de Pablo Picasso vendida em 2015.