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Cultura

Documentário sobre Tina Turner mostra desde abusos sofridos à criação de hits: 'Não foi uma vida boa', diz ela

No filme, estrela do soul e do rock abre o jogo sobre seu passado conturbado, o convívio com o transtorno de estresse pós-traumático e diz que longa é seu ato final na vida pública antes de sair de cena
Tina Turner em show lendário no Maracanã, em 1988 Foto: Gláucio Dettmar / Arquivo OGLOBO
Tina Turner em show lendário no Maracanã, em 1988 Foto: Gláucio Dettmar / Arquivo OGLOBO

Uma entrevista reveladora, depoimentos de conhecidos e muito material de arquivo. São esses os pilares de "Tina", documentário sobre a cantora Tina Turner, de 81 anos, exibido neste sábado (27) nos Estados Unidos e previsto para estrear no Brasil em junho, pela HBO Max. O filme acompanha a ascensão da cantora, da autodenominada "menina dos campos de algodão" ao estrelado musical global. "Não foi uma vida boa", diz ela, logo nas cenas de abertura do longa de duas horas de duração.

O fio condutor do doc é uma entrevista que Tina deu à revista "People", em 1981, em que fala sobre o abuso que sofreu de seu marido e parceiro musical, Ike Turner, que morreu de overdose de cocaína em 2007. A força que Ike exercia sobre ela, como inventar um nome artístico (Anna Mae Mullock) sem a sua permissão, é um dos aspectos abordados. Eles se divorciaram em 1976 depois de um casamento tempestuoso, durante o qual ela disse que era espancada.

A produção põe em cena as sequelas causadas pelos espancamentos e pela violência psicológica e sexual infligida por Ike contra ela. Tina afirma que até hoje tem flashbacks daquela época, e diz sofrer de uma forma de transtorno de estresse pós-traumático. No filme, seu atual marido, o alemão Erwin Bach, compara o sofrimento da cantora ao estresse que acomete soldados ao o retornar de guerras. Na época da separação, Tina falou abertamente sobre os reais motivos de sua separação e até escreveu um livro sobre o tema. O episódio se tornou um marco em sua virada profissional.

Divorciada, ela foi trabalhar com o empresário Roger Davies e passou a encher estádios e arenas imensos com seus shows. Nascia ali uma nova Tina Turner, que o filme mostra por meio de vídeos antigos em que a artista aparece no auge. Figurinos icônicos vestem o corpo que atravessa os palcos com danças vigorosas. O sorrisão escancarado esconde a dor da vida pessoal.

Entre as passagens divertidas está a confissão de que ela odiou seu mais conhecido hit, "What's love got to do with it", quando ouviu pela primeira vez. Há também o áudio de sua entrevista para a "People" e entrevistas conduzidas para sua autobiografia com Kurt Loder, incluindo memórias sobre overdose de remédios e seus pais emocionalmente duros.