RIO — Quando uma banda entra muito animada no palco, em um festival, é comum que se compare sua performance às das atrações anteriores. "Não quis ficar para trás", diz-se. O caso não se aplica, no entanto, ao show dos Foo Fighters que encerrou a segunda noite do Rock in Rio, já na madrugada deste domingo. Primeiro: a banda sempre entra muito animada, com o cantor e guitarrista Dave Grohl cuspindo fogo; segundo: o rock cômico do Tenacious D e o som indie do Weezer não arranham a popularidade dos FF, por melhor que os colegas (ambos elogiados por Grohl, que lembrou até o baixista potiguar Junior Bass Groovador) tenham se apresentado.
Isto posto, o cantor e seus companheiros (os guitarristas Chris Shiflett e Pat Smear, o baixista Nate Mendel e o baterista Taylor Hawkins, além do tecladista Rami Jaffee) entraram, como sempre, com o pé na porta, de cara com os sucessos "The pretender" e "Learn to fly".
— Estão prontos para uma noite de rock'n'roll? — perguntou Grohl, sem medo do clichê.
Sem os percalços técnicos do Palco Sunset e com as três guitarras em brasa, os Foo Fighters desfilaram seu circo: Hawkins, que parece ter conquistado de vez o posto de sub-mestre de cerimônias da banda, teve direito a um longo solo de bateria, em que entrou até um sambinha, e depois trocou de lugar com o chefe para cantar um Queen, no caso, "Under pressure". Truques velhos, o resultado de sempre: povo feliz.
— Não tocamos neste festival há 18 anos, temos muito mais repertório— fez a conta Grohl, que lembrou também sua primeira vinda ao Brasil, ainda como baterista do Nirvana. — Eu tinha 23 anos, e nós tocamos no Hollywood Rock. Ainda não estava acostumado a me apresentar para tanta gente.
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O espírito improvisador da banda, que nem sempre dá as caras, também estava afiado: músicas como "My hero" e "Best of you" ganharam versões longas, com passagens instrumentas barulhentas e extensas. Grohl dedicou "Big me", levada em versão mais lenta, ao Weezer, que se apresentou antes dos FF.
— Eles tocaram Lithium ( sucesso do Nirvana ), e eu chorei um pouco. Fiquei com saudade do tempo em que eu tocava essa música.
Banda e público berraram, pularam e cantaram ao longo de mais de duas horas, ou seja, mais ou menos o de sempre. E o de sempre dos Foo Fighters é um dos melhores shows de rock do planeta.
Cotação: Ótimo