Cultura Brasília

Entidades pedem anulação da nomeação de presidente da Fundação Palmares

Sérgio Nascimento de Camargo afirmou que no Brasil não existe 'racismo real'
Sérgio Nascimento de Camargo, novo presidente da Fundação Palmares Foto: Reprodução da internet
Sérgio Nascimento de Camargo, novo presidente da Fundação Palmares Foto: Reprodução da internet

BRASÍLIA — Entidades que defendem o movimento negro vão enviar na manhã desta sexta-feira ao Procurador-Geral da República, Augusto Aras , um pedido de anulação da nomeação do novo presidente da Fundação Palmares , Sérgio Nascimento de Camargo . Os grupos também convocaram para o mesmo dia, 10h, um ato de protesto em frente ao órgão, em Brasília.

A reação ocorre após O GLOBO revelar as posições do Camargo sobre questões raciais . Ele já afirmou que no Brasil não existe " racismo real", que a escravidão foi "benéfica para os descendentes" e que o movimento negro precisa ser "extinto".

No pedido, entidades como Educafro e União de Negros pela Igualdade (Unegro) dizem que há "evidente incompatibilidade" entre os valores de Sérgio e o objetivo da Fundação Palmares, que é promover a cultura afro-brasileira.

"Trata-se de verdadeira operação de sabotagem dos poucos avanços que a população negra conquistou em nosso país, sobretudo nos últimos anos, resultado do acúmulo da luta de diversas gerações, situação absolutamente incompatível com a Constituição Cidadã", diz trecho do documento.

A representação pede à PGR que vá à Justiça para que Camargo seja retirado do cargo. Para isso, argumenta que sua nomeação fere a Lei de Improbidade Administrativa.

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"Deve-se alertar que, apesar da livre nomeação para o referido cargo prevista em lei, a designação de pessoas para o comando de órgãos com o claro intuito de desestruturá-los fere os princípios básicos que regem a administração pública e está sujeita às sanções previstas em lei".

— Você nomeia uma pessoa para um órgão para gerir, mas quando nomeia uma pessoa para sabotar o órgão é um desvio de finalidade. Esse ato tem que ser anulado, sobretudo, porque o Supremo já reconheceu o dever do estado brasileiro de promover política de igualdade social e de enfrentamento ao racismo estrutural.  Isso o Supremo já discutiu quando definiu sobre a constitucionalidade das cotas — disse o advogado Marivaldo de Castro Pereira, que assina a petição.

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Além das duas entidades, assinaram grupos como Rede Afro LGBT, Nosso Coletivo Negro, Movimento Negro Unificado, Frente Favela Brasil, Rede Quilombação e a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras, Rurais e Quilombolas (Conaq).

Em outra frente contra a nomeação de Camago, a Educafro também recorreu à Defensoria Públicada União (DPU) solicitando a abertura de uma ação popular.