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Cultura

'Escolinha do Professor Raimundo' retoma aulas com protocolos dignos de colégio real

Sexta temporada estreia na Globo com cenário adaptado, novidade no elenco e homenagem que levou Bruno Mazzeo às lágrimas. Programa não volta em 2021
'Escolinha do Professor Raimundo' volta com cenário adaptado ao distanciamento social Foto: João Cotta
'Escolinha do Professor Raimundo' volta com cenário adaptado ao distanciamento social Foto: João Cotta

RIO — O lema “cada um no seu quadrado” merece nota dez, se aplicado à sexta temporada da “Escolinha do professor Raimundo” , que estreia hoje às 12h45 na Globo. Ele resume a logística das gravações concluídas no fim de setembro.

O elenco de 25 atores precisou se adaptar aos protocolos sanitários, o que aproximou o formato do modelo que vem sendo discutido (ou adotado) no retorno de aulas presenciais nas escolas brasileiras. O primeiro episódio, que vai ao ar neste domingo e já foi exibido no canal Viva, na semana passada, ainda será no esquema EAD: foi gravado remotamente . Os demais serão todos com a turma em sala de aula.

Os personagens, após terem seus nomes chamados pelo Professor Raimundo (Bruno Mazzeo), não mais caminham até a mesa do mestre. Eles participam da aula na área restrita à sua carteira, equipada com álcool gel e devidamente distanciada dos colegas.

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Diretora do programa, Cininha de Paula conta que foi feita uma extensa pesquisa sobre as medidas contra a Covid-19. No projeto inicial, o espaçamento entre os alunos havia deixado o cenário muito longo no set, prejudicando a captação das câmeras.

— Depois, decidimos apostar no aumento da largura do estúdio, o que deu certo — conta. — Quanto ao elenco, sou só elogios. Eles foram disciplinados, ficaram direitinho nos seus quadrados.

Bruno Mazzeo volta a encarnar o Professor Raimundo, personagem imortalizado pelo pai, Chico Anysio Foto: João Miguel Júnior
Bruno Mazzeo volta a encarnar o Professor Raimundo, personagem imortalizado pelo pai, Chico Anysio Foto: João Miguel Júnior

Quando o assunto sai do formato e vai para o conteúdo, a nova temporada da “Escolinha” reforça sua aposta na leveza das piadas. A redação de Angélica Lopes e Leonardo Lanna traz temas como lives, compras on-line e até aspiradores-robô. Uma estratégia para falar sobre a pandemia sem pesar o ambiente.

Para Bruno Mazzeo, os ganchos muitas vezes didáticos do programa foram fortalecidos com o inevitável apelo das situações vividas em 2020. Ele já havia conseguido encarar o coronavírus com humor: é criador e ator do “Diário de um confinado”, com duas temporadas no Globoplay.

— É a única saída por onde consigo colocar para fora minhas questões e paranoias — diz o ator, que lamenta a ausência de “recreio” nas gravações. — Só nos encontrávamos no estúdio. Cada ator tinha um camarim individual, não havia sala de maquiagem, os corredores estavam desertos. Foi esquisito, porque nossos bastidores sempre foram agitados.

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— É a única saída por onde consigo colocar para fora minhas questões e paranoias — diz o ator, que lamenta a ausência de “recreio” nas gravações. — Só nos encontrávamos no estúdio. Cada ator tinha um camarim individual, não havia sala de maquiagem, os corredores estavam desertos. Foi esquisito, porque nossos bastidores sempre foram agitados.

Quadro com a imagem de Chico Anysio: homenagem surpreendeu Bruno Mazzeo Foto: João Miguel Júnior
Quadro com a imagem de Chico Anysio: homenagem surpreendeu Bruno Mazzeo Foto: João Miguel Júnior

Bruno vivenciou um dos momentos mais emocionantes na história do programa, graças a uma homenagem surpresa criada pela prima, Cininha. No tributo, os alunos celebram Chico Anysio cantando uma paródia que cita os personagens criados por ele e que fizeram história na TV. Em determinado momento, o personagem Ptolomeu — agora interpretado por Marcelo Serrado, novidade no elenco deste ano — pendura na parede da sala um retrato de Chico, sem a caracterização de professor.

— Mesmo após tantas temporadas, nunca deixo de encarar nossa “Escolinha” como uma grande homenagem a ele — diz Mazzeo, que sabe de cor que lição Chico teria a dar sobre o Brasil de hoje.

— Acho que ele continuaria dizendo que esse país não existe. O Brasil é uma hipótese.

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Assim como os outros programas de humor da Globo, “Escolinha” não voltará no ano que vem. Em comunicado, a emissora explicou: “Diante dos desafios impostos pela Covid, que têm impactado muito nossos cronogramas de produção, optamos, em 2021, por reunir todo o potencial criativo em um programa novo”.