RIO — O lema “cada um no seu quadrado” merece nota dez, se aplicado à sexta temporada da “Escolinha do professor Raimundo” , que estreia hoje às 12h45 na Globo. Ele resume a logística das gravações concluídas no fim de setembro.
O elenco de 25 atores precisou se adaptar aos protocolos sanitários, o que aproximou o formato do modelo que vem sendo discutido (ou adotado) no retorno de aulas presenciais nas escolas brasileiras. O primeiro episódio, que vai ao ar neste domingo e já foi exibido no canal Viva, na semana passada, ainda será no esquema EAD: foi gravado remotamente . Os demais serão todos com a turma em sala de aula.
Os personagens, após terem seus nomes chamados pelo Professor Raimundo (Bruno Mazzeo), não mais caminham até a mesa do mestre. Eles participam da aula na área restrita à sua carteira, equipada com álcool gel e devidamente distanciada dos colegas.
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Diretora do programa, Cininha de Paula conta que foi feita uma extensa pesquisa sobre as medidas contra a Covid-19. No projeto inicial, o espaçamento entre os alunos havia deixado o cenário muito longo no set, prejudicando a captação das câmeras.
— Depois, decidimos apostar no aumento da largura do estúdio, o que deu certo — conta. — Quanto ao elenco, sou só elogios. Eles foram disciplinados, ficaram direitinho nos seus quadrados.
Quando o assunto sai do formato e vai para o conteúdo, a nova temporada da “Escolinha” reforça sua aposta na leveza das piadas. A redação de Angélica Lopes e Leonardo Lanna traz temas como lives, compras on-line e até aspiradores-robô. Uma estratégia para falar sobre a pandemia sem pesar o ambiente.
Para Bruno Mazzeo, os ganchos muitas vezes didáticos do programa foram fortalecidos com o inevitável apelo das situações vividas em 2020. Ele já havia conseguido encarar o coronavírus com humor: é criador e ator do “Diário de um confinado”, com duas temporadas no Globoplay.
— É a única saída por onde consigo colocar para fora minhas questões e paranoias — diz o ator, que lamenta a ausência de “recreio” nas gravações. — Só nos encontrávamos no estúdio. Cada ator tinha um camarim individual, não havia sala de maquiagem, os corredores estavam desertos. Foi esquisito, porque nossos bastidores sempre foram agitados.
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— É a única saída por onde consigo colocar para fora minhas questões e paranoias — diz o ator, que lamenta a ausência de “recreio” nas gravações. — Só nos encontrávamos no estúdio. Cada ator tinha um camarim individual, não havia sala de maquiagem, os corredores estavam desertos. Foi esquisito, porque nossos bastidores sempre foram agitados.
Bruno vivenciou um dos momentos mais emocionantes na história do programa, graças a uma homenagem surpresa criada pela prima, Cininha. No tributo, os alunos celebram Chico Anysio cantando uma paródia que cita os personagens criados por ele e que fizeram história na TV. Em determinado momento, o personagem Ptolomeu — agora interpretado por Marcelo Serrado, novidade no elenco deste ano — pendura na parede da sala um retrato de Chico, sem a caracterização de professor.
— Mesmo após tantas temporadas, nunca deixo de encarar nossa “Escolinha” como uma grande homenagem a ele — diz Mazzeo, que sabe de cor que lição Chico teria a dar sobre o Brasil de hoje.
— Acho que ele continuaria dizendo que esse país não existe. O Brasil é uma hipótese.
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Assim como os outros programas de humor da Globo, “Escolinha” não voltará no ano que vem. Em comunicado, a emissora explicou: “Diante dos desafios impostos pela Covid, que têm impactado muito nossos cronogramas de produção, optamos, em 2021, por reunir todo o potencial criativo em um programa novo”.