Cultura

Estela May, filha de Fernanda Young: 'Há uma pitada dela em tudo que eu faço'

Em entrevista exclusiva, ilustradora que assumiu o twitter da mãe conta como a família tem lidado com a perda: 'Quando a dor aperta, vamos todos juntos para a cama do meu pai ver filme'
Fernanda Young e a filha, Estela May Foto: Arquivo Pessoal
Fernanda Young e a filha, Estela May Foto: Arquivo Pessoal

Filha de Fernanda Young, que morreu no último domingo (25), a ilustradora Estela May, de 19 anos, encontrou uma forma própria de lidar com a dor da perda: escrever sobre a mãe. Depois de assumir o twitter da escritora e roteirista, onde tem publicado algumas das tirinhas que desenhou sob influência do humor ácido da mãe, Estela começou a postar textos em homenagem a ela no Instagram - no mais recente, conta como os pais se conheceram.

— Nunca me expressei  bem escrevendo, mas agora, falando sobre ela no Instagram, me senti muito livre. É a parte mais honesta da minha alma, ajuda a colocar para fora o que eu estou sentindo. Quando comecei a postar, a quantidade de amor que recebi das pessoas... me ajudou demais — diz. — O Twitter é uma responsabilidade, mas não tenho nenhuma pretensão de susbtituí-la e, sim, de homenageá-la.

Estela também emocionou com seu post de despedida.

LEIA MAIS: a última coluna de Fernanda Young no GLOBO.

'Minha mãe era uma fortaleza'

Seguir a vida com o vazio deixado pela mãe está sendo duro, mas Estela conta que a família (Fernanda também deixou os filhos Cecília Madonna, gêmea de Estela, Catarina Lakshimi e John Gopala, de 10 anos, além do marido, o roteirista e escritor Alexandre Machado ) está reagindo bem e que se supreendeu com a força dos irmãos menores.

— Eles estão impressionantemente fortes, é bonito de ver. Minha mãe era uma fortaleza, a mulher mais forte que já conheci. A gente tem se inspirado nela. A força é a maneira que a gente tem de ter contato com ela, estamos nos curando através dela — acredita. — Quando a gente fica muito sensível, a dor aperta, vamos todos juntos para a cama do meu pai ver filme. Estamos muito unidos.

'Ela me influencia desde pequena'

Aos 19 anos, Estela assina cartoons para o jornal "Folha de S.Paulo" e estuda Comunicação e Multimeios na PUC-SP. A paixão pelo desenho surgiu quando era criança, na escola, e seguiu com incentivo da mãe, autora de ilustrações e colagens. Estela tem várias outras coisas parecidas com Fernanda: gosta de um visual meio punk e ama autores como Hemingway, Paul Auster e Ian Mcewan. Seus filmes preferidos são "Uma mulher sob influência", de John Cassavetes, "Paris, Texas", de Wim Wenders.

— Sempre disseram que eu era mais a minha mãe, ligada à arte, e Cecilia, o meu pai, mais para o lado do showbiz. As roupas, tudo que minha mãe fazia me influencia desde pequenininha, ela me ensinou tudo que eu sei. Poucos têm a sorte de se ver tanto em sua mãe como eu — afirma. — Tudo que fizer, farei para homenageá-la. Há uma pitada dela em tudo o que eu faço, é uma grande inspiração para mim.

No próximo sábado, Fernanda será homenageada por amigos com uma missa de sétimo dia. Estela fez um desenho de Fernanda especialmente para a ocasião. Fernanda Nobre, com quem Young ensaiava a peça "Ainda nada de novo", lerá um dos poemas preferidos da atriz e roteirista: "Resíduo", de Carlos Drummond de Andrade. Marisa Orth, atriz que Fernanda adorava, também vai ler um texto.

— Vai ser uma celebração com tudo que ela gostava. Acho que iria amar.