Cultura

'Fazemos a nossa própria festa juntos, gostamos de ficar só nós dois', conta, sobre seu namoro, Luan Santana, que gravou DVD

Com ares de superprodução, set em São Paulo foi palco de músicas inéditas com participação de Chitãozinho e Xororó, Luísa Sonza e Henrique & Juliano
Luan Santana Foto: Divulgação/Pedro Araújo
Luan Santana Foto: Divulgação/Pedro Araújo

Sinônimo de sucesso ininterrupto desde 2009, quando aos 18 anos explodiu no Brasil a bordo de seu “Meteoro” (o da paixão, claro), Luan Santana está impressionado com o que viu e, principalmente, ouviu. São quase 23h de uma segunda-feira em São Paulo, e o cantor acaba de sair de uma maratona de três horas de gravação — fora as tantas de ensaios e passagem de som — de seu novo DVD ao vivo, o grandioso e high-tech “Luan City”, previsto para ser lançado no fim de janeiro.

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No repertório, ele apresentou 16 músicas inéditas, três delas com participações especiais — Chitãozinho e Xororó em “Hábito”, Luísa Sonza em “Coração cigano” e Henrique & Juliano em “Erro planejado”. Mas Luan não tem a menor ideia de qual vai escolher para trabalhar como primeiro single.

— Difícil, cara. Eu falei para o Luquinhas [o produtor musical e velho parceiro Lucas Santos] : “Rapaz, vamos ver qual das músicas o povo vai cantar mais”. Mas o povo cantou todas. Agora, ferrou — reclama ele, comemorando.

Luan Santana Foto: Divulgação/Bruno Fioravanti
Luan Santana Foto: Divulgação/Bruno Fioravanti

Canções antes para fãs

De fato, é impressionante testemunhar 1.400 vozes berrando letras que não estão nem no Google ainda. E não uma, nem duas, mas 16 canções inéditas, algumas delas incluídas pouco mais de uma semana antes da gravação.

— A gente soltou as músicas antes, num grupo fechado só para quem ia estar aqui [os fãs de diferentes lugares do país foram agraciados com ingressos via sorteio on-line], para evitar que vazassem. E todo mundo aprendeu tudo — pontua Luan, que só não está mais surpreso por já ter antecipado a fórmula. — Os refrões são fáceis, e as músicas são muito comerciais.

São mesmo. Entremeadas por hits como “Morena”, “Ilha”, “Acordando o prédio” e “Eu, você, o mar e ela”, as novidades de Luan versam, conta ele, sobre o amor “um pouco mais evoluído, mais maduro”. E sobre o amor em suas diversas faces, com “cores diferentes” tanto nas letras quanto nos arranjos. Mas, acima de tudo, sobre o amor cantado em ritmos festivos, explorando fusões do sertanejo com a música latina, pitadas do baiano arroxa, do reggaeton em alta, com um tanto de quizomba angolana.

Os refrães, Luan Santana fez questão de ajudar a grudar na cabeça dos fãs repetindo-os entre um take de gravação e outro, mesmo quando a canção já tinha funcionado de primeira. E há um tanto de inteligência ao repetir construções e palavras. Por exemplo, “Hábito”, a parceria com Chitãozinho e Xororó que ainda vai tocar muito por aí, vem assim: “Hoje eu já não vivo mais, só respiro por hábito/ Hoje eu já não bebo mais, só encosto os lábios/ Hoje eu já não abraço mais, só encontro os braços/ E o meu coração sem você só ocupa espaço”. Em outra, Luan lista: “que a gente dançava bêbado, que a gente se beijava bêbado, que a gente se amava bêbado”.

O papo com a imprensa é rápido, coletivo, quase que um breve respiro em meio ao frenesi de abraços e selfies com milhões de seguidores do outro lado da tela — Luísa Sonza, Gabi Martins e Tierry, Arthur Aguiar, fora a fila de sertanejos e influenciadores do lado de fora que só cresce. Mas mesmo nessas condições adversas dá para observar alguns pontos que fazem Luan Santana seguir triunfando projeto após projeto há 12 anos, num mercado tão ávido por novos ídolos como o da música popular e, mais especificamente, do sertanejo.

Conhecido pela simpatia, o cantor de 30 anos faz questão de cumprimentar um a um, olhando no olho, disfarçando qualquer cansaço da maratona por que passou. Horas antes do show, Luan não só passava o som com a banda como atuava praticamente como diretor musical do espetáculo, sugerindo diversas mudanças tanto musicais quanto na marcação do palco. É sabida também sua visão macro sobre o mercado, o lado business que no sertanejo é quase tão importante quanto o artístico. E isso passa rapidamente numa resposta:

— A maioria das músicas são dançantes, elas têm pulsação, falam de amor, mas são para a frente. Vai muito bem nas plataformas digitais esse tipo de álbum.

Em outra resposta, Luan nos faz lembrar que, apesar de ser um dos artistas mais populares do país, sua vida pessoal passa quase que incólume pelas colunas de fofoca. Não que não seja público que ele namora a estudante de moda Izabela Cunha, e que no ano passado terminou um relacionamento de 12 anos com a ex-noiva, Jade Magalhães. Mas barracos midiáticos, especulações e polêmicas em geral costumam passar longe da “marca” Luan Santana. Nem quando o assunto é política (“Não entendo muito”, disse à época da eleição de 2018, quando não votou por estar fazendo shows).

— Nós somos muito caseiros — conta, brevemente, sobre a relação com Izabela, presente ao show, após apontar que uma das novas músicas, “Minha moleca”, remete à história do casal. — Esse lance de aproveitar fazendo a nossa própria festa juntos, em casa, gostamos de ficar só nós dois.

Mas o que tem de discreto na vida pessoal Luan Santana tem de extravagante na profissional. Além das músicas, refrães, fusões de ritmos, “Luan City” salta aos olhos pela cenografia e localização. Cravada na Bela Vista, região central de São Paulo, a indecifrável Vila Itororó é daqueles lugares que parecem esconder histórias. Considerada a primeira vila urbana da cidade, construída na década de 1920, a vila hoje transformada em centro cultural foi construída a partir do reaproveitamento de material de demolições de edifícios da região, como o Teatro São José, formando um espaço arquitetônico pioneiro baseado, grosso modo, na reciclagem. Um palacete com colunas gregas é rodeado por casas e ruínas.

E foi esse espaço que Luan Santana fechou para construir sua própria cidade. Nela, o palacete em ruínas iluminado contrasta com um palco principal cercado por muito neon. O público divide a atenção com a música e performances pirotécnicas e circenses, e a estrela da noite circula quase à altura do público por uma plataforma que cruza o patrimônio cultural.

— Foi um funcionário do escritório que me apresentou o lugar. Na hora, falei que queria gravar alguma coisa ali. Achei incrível a história, tem magia nessas paredes, nessas ruínas. Quis trazer esse contraste do antigo, histórico, com o high-tech, cyberpunk — explica Luan.

Shows: Portugal e EUA

A ideia, agora, é levar essa cidade futurística para diferentes partes do país e do mundo, como repetiu Luan diversas vezes ao longo da gravação. E, além de shows confirmados em Portugal e nos Estados Unidos, a previsão é rodar com a turnê “Luan City” pelo Brasil a partir de março.

— O projeto traz todo esse sentimento que a gente está de volta, de reencontrar os fãs, sentir essa energia de novo, de estar no palco. Para isso, eu quis construir uma cidade com vários ritmos, com muitas coisas acontecendo a todo momento, um cenário que engloba todo mundo, e de que as pessoas são parte dele, onde eu tenho contato com elas o tempo todo — resume o astro.