Cultura

Filha de Will Smith, Willow adere ao punk pop em novo disco sob a batuta de Travis Barker, do Blink 182

Cantora, que estreou aos 10 anos e já passou pelo r&b alternativo e dream pop, solta as guitarras em seu quarto álbum, “lately i feel EVERYTHING”
A cantora americana Willow Smith Foto: Divulgação
A cantora americana Willow Smith Foto: Divulgação

Filha do ator e rapper Will Smith e da atriz Jada Pinkett Smith, Willow Smith (ou, estilizadamente, WILLOW) foi uma criança inquieta: aos 10 anos, em 2010, ela estreava na música com o rap “Whip my hair”. Depois de ter passado pelo r&b alternativo e pelo dream pop, esta sexta-feira a moça revela a real extensão de nova transformação: com seu quarto álbum, “lately i feel EVERYTHING” (lançado pelo selo Roc Nation, do rapper e empresário Jay Z), Willow assume a linha de frente de uma espécie de revival feminino do punk pop que vem dando o que falar.

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Da estrela teen Olivia Rodrigo (na canção “Good 4 U”, do álbum “SOUR” lançado há algumas semanas) ao grupo Linda Lindas (formado em Los Angeles por garotas adolescentes de origem latina e asiática, que viralizou no começo do ano com a furiosa música “Racist, sexist boy”), o que se tem ouvido por aí é a pura retomada do som que grupos como Green Day e Blink-182 popularizaram nos anos 1990: um rock farpado e agressivo, mas com refrãos doces para tocar na MTV e no rádio.

Lançado antes do álbum, o single “t r a n s p a r e n t s o u l” deu uma boa ideia daquilo com o qual Willow viria: uma bateria vigorosa (tocada por Travis Barker, do Blink-182, hoje uma espécie de consultor punk para astros pop adolescentes do TikTok, como Lil Huddy e Jxdn) e guitarras a toda fazem a moldura para a mensagem indignada, sem meias palavras, da cantora de 20 anos. “Conheci um garoto assim como você / ele é uma cobra, assim como você”, canta Willow, uma artista hoje muito menos preocupada com as aparências do que em manter-se “fora da câmara de eco dos elogios”.

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“Eu sempre quis cantar rock, mas o rock a que fui exposta era tão intenso que eu não sabia se ia conseguir fazer igual. Eu queria, de todo o meu coração, mas eu não tinha a banda larga para aquilo.  Quando me liguei no pop punk isso virou a minha cabeça”, explicou ela, em entrevista recente ao site “Genius”. Assim, em “lately i feel EVERYTHING”, as suas antigas influências do metal alternativo (que vêm de casa mesmo, já que a sua mãe cantou em uma banda do gênero, o Wicked Wisdom) e do rock emo de My Chemical Romance e se combinaram com suas recentes descobertas num concentrado de alta voltagem, que dura pouco mais de 26 minutos em suas 11 faixas.

O lado realmente punk pop do disco se reflete em faixas como “Gaslight” (com a participação de Travis Barker e da cantora Avril Lavigne, precursora do gênero numa época em que Willow ainda engatinhava), a reflexiva “G R O W” (“estive realmente procurando, riqueza emocional / na boa, meu coração está partido / e eu só preciso, crescer, crescer, crescer”), “Breakout” (com o grupo Cherry Glazerr) e a estranha e nirvânica “Don’t save me” (a mais punk e menos pop da coleção).

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Willow avança mais no passado ao incorporar sonoridades pós-punk, sombrias e oitentistas, a faixas como “Xtra” (com um bem encaixado rap de Tierra Whack), a revoltada “Naïve”, “Forever” e “Come home”, que beira o dream pop dos Cocteau Twins antes de explodir em guitarras e em versos como “só espero chegar um pouco mais perto do amor / você me ama naturalmente / o desejo está longe, ele chega ao fim”.

Já em “Lipstick”, a cantora até se aproxima do rock intenso e pesado que, diz, gostaria de ter feito – mas “lately i feel EVERYTHING” vai ficar mesmo marcado é como o disco em que a filha de Will Smith e o baterista do Blink-182 fizeram para quebrar uns móveis, dançar e se divertir.