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Festival do Rio volta com mais de 100 títulos e novo Almodóvar na abertura

Evento tenta vencer crises dos últimos anos para devolver à cidade experiência do cinema
Imagens de "Benedetta", "Memoria", "Mães paralelas", "Eduardo e Mônica" e "O beco do pesadelo" Foto: Divulgação
Imagens de "Benedetta", "Memoria", "Mães paralelas", "Eduardo e Mônica" e "O beco do pesadelo" Foto: Divulgação

Depois de um 2019 em que quase foi cancelado por falta de recursos e um 2020 em que foi de fato cancelado pela pandemia, o Festival do Rio começa nesta quinta-feira, dia 9, com cerca de 90 longas e 20 curtas-metragens exibidos em cinco cinemas.

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É, sim, uma mostra menor do que na época de quase 500 filmes e 50 telas. Mas, para seus organizadores, é o recomeço de um festival realizado desde 1999 e que durante muito tempo foi reconhecido como o segundo maior evento anual do Rio no campo da cultura — no caso de um 2021 em que não houve carnaval, com grandes chances de ser o primeiro.

A abertura será com “Madres paralelas”, de Pedro Almodóvar. Dali em diante, serão exibidos na seção Panorama filmes novos de Woody Allen (“Festival do amor”), Paul Verhoeven (“Benedetta”), Apichatpong Weerasethakul (“Memoria”) e Celine Sciamma (“Pequena mamãe”), entre outros. “O beco do pesadelo”, de Guillermo del Toro, encerra a maratona, no dia 19.

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A Première Brasil, seção dedicada aos nacionais, terá filmes como “Medida Provisória”, de Lázaro Ramos; “Eduardo e Mônica”, de René Sampaio; “A viagem de Pedro”, de Laís Bodanzky; “Alemão 2”, de José Eduardo Belmonte; “Saudade do futuro”, de Anna Azevedo, “Marinheiro das montanhas”, de Karim Aïnouz; e “Medusa”, de Anita Rocha da Silveira.

Também haverá uma retrospectiva de cinco filmes do chinês Wong Kar-Wai e uma seção de clássicos franceses dedicada à revista “Cahiers du Cinéma”.

— É uma seleção mais compacta, mas isso é uma tendência dos festivais. Todos estão se reestruturando — afirma Ilda Santiago, diretora-executiva do Festival do Rio. — Quando tínhamos 500 filmes, havia alguns que eram vistos por apenas 100 pessoas. Onde estávamos errando? No número de filmes, na escolha do filme, na escolha da sala ou na comunicação com o público?

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Para complicar as dúvidas de Ilda, veio o streaming. Depois a pandemia. Depois o streaming estourando na pandemia. Com cinemas fechados e festivais cancelados, o público fortaleceu um hábito e reduziu o outro.

— Tem que ter uma parte on-line e espero que, em 2022, o Festival do Rio tenha. Mas não é simplesmente repetir no on-line o filme que está na sala. O on-line pode nos ajudar a encontrar o público para aquele filme com o qual errávamos — diz Ilda. — E precisa, claro, da parte física. Para uma cidade, um festival é uma experiência de encontro e de descobrir coisas novas.

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Nos tempos de vacas gordas, o Festival do Rio chegou a ter 300 mil espectadores. Mas a crise brasileira da última década foi reduzindo os patrocínios e tornando a organização mais difícil. A gestão de Marcelo Crivella como prefeito, entre 2017 e 2020, dificultou ainda mais ao retirar o investimento no evento. Em 2019, uma vaquinha virtual arrecadou R$ 600 mil para mantê-lo vivo. Desta vez, a prefeitura retorna, assinando o apoio ao Festival junto a Firjan e Telecine.