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Artur Xexéo: Ainda se procura uma substituta para Hebe Camargo

Com espontaneidade e talento, apresentadora chegava a ficar até cinco horas no ar

Andréa Beltrão como Hebe durante gravação do filme sobre a apresentadora
Foto:
Rogerio Cassimiro
Andréa Beltrão como Hebe durante gravação do filme sobre a apresentadora Foto: Rogerio Cassimiro

RIO - Eu sei que é difícil acreditar, mas houve um tempo no qual a TV Record não era do bispo e Sílvio Santos nem imaginava que um dia seria dono de uma rede de emissoras de televisão. Mas Hebe Camargo já era um fenômeno. Comandando um programa de variedades, ela reinava nas noites de domingo. Ficava no ar até por cinco horas seguidas, recebendo convidados para se sentar no que ficou conhecido como “o sofá da Hebe”. Todo mundo passou por lá. Reis, astronautas, ditadores, comediantes, princesas destronadas, atores estrangeiros, autoridades da República, garis, bailarinas, escritores... Ninguém era alguém se não passasse pelo sofá da Hebe.

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‘Hebe’ trará Andréa Beltrão no papel da icônica apresentadora

Tudo começou em 1966. Aos 37 anos, Hebe vivia uma aposentadoria precoce quando recebeu uma proposta financeiramente irrecusável da Record. A ideia era celebrar o elenco musical da emissora num programa dominical. Hebe receberia os convidados para conversar e apresentar números musicais, é claro. Em pouco tempo, a pauta de convidados se tornou mais eclética. No palco do Teatro Record, Hebe entrevistou o astronauta Neil Armstrong, Pelé, a atriz Claudia Cardinale, o cirurgião Christiaan Barnard, o cronista Rubem Braga, o ator Alberto Sordi... O programa virou uma revista semanal de “leitura” obrigatória. Hebe sozinha valia por um “Fantástico” inteiro.

Foi um sucesso instantâneo. E o sucesso era Hebe. Até então, os programas de entrevistas investiam em formalidade e circunspecção. Hebe apostou na espontaneidade e transformou aquele cenário fixo numa espécie de sala de visitas na qual os espectadores se sentiam tão à vontade quanto na casa de um amigo ou de um parente. Ficou oito anos no ar com uma audiência na estratosfera. Ainda se procura uma substituta.

Artur Xexéo é autor de “Hebe — A biografia” (editora BestSeller)