RIO — Um dos maiores diretores da história do cinema italiano, Bernardo Bertolucci continua com novas ideias. Aos 74 anos, vencedor de boa parte dos grandes prêmios de cinema e tendo lançado seu último filme, "Eu e você", em 2012, o cineasta disse à revista Variety que tem novas ideias em curso. O diretor de obras com forte teor sexual, como "O último tango em Paris" e "Os sonhadores", disse ainda que não faz filmes para "serem chocantes".
"Faço filmes para fazer as coisas serem entendidas, não para chocar", diz Bertolucci, que foi banido de diversos países e quase foi preso na Itália por conta do teor explícito de "O último tango em Paris", que apresenta cenas tórridas entre Marlon Brando e Maria Schneider.
Vencedor de vários Oscars — levou nada menos que todas as nove estatuetas às quais concorreu com "O último imperador" (1987) —, Bafta, Globo de Ouro, César e títulos honorários em Veneza e Cannes, Bertolucci ficou conhecido por explorar temas como sexualidade, drogas, existencialismo e política. "Eu e você" segue a linha, tratando da chegada à idade adulta de um adolescente marcado por dramas familiares.
Bertolucci lamentou que dificuldades tecnológicas tenham impedido "Eu e você" de ser filmado em 3D. A exploração formato é um de seus interesses, segundo o diretor.
"Mudo as posições das câmeras toda hora. Nos anos 80, eu costumava dizer que eram como as posições de um kama sutra imaginário. Ou um 'câmera sutra'", brincou, em referência ao fato de que teria de esperar ao menos duas horas para mudar o posicionamento para as gravações no formato.
Seu filme mais premiado, "O último imperador", foi recentemente restaurado em 3D. E ele garante à Variety que o interesse não para por aí.
"Tenho brincado com a ideia de fazer o que considero um 'Kammerspiele-Kolossal' ( em referência aos filmes do expressionismo alemão ). Pode ser uma história comprimida em uma câmara de drama. É apenas uma ideia, mas, se eu a fizer, será em 3D."