RIO — A atriz e modelo Cara Delevingne usou suas redes sociais para publicar um dos relatos mais fortes e detalhados dos assédios cometidos pelo produtor Harvey Weinstein, que vem tendo seu histórico abusivo exposto desde o último domingo por diversos meios de comunicação americanos, especialmente o jornal "The New York Times" e a revista "New Yorker".
Em texto longo e cheio de detalhes, Cara falou sobre os avanços físicos e o terror psicológico cometida por Weinstein.
"Eu estava muito hesitante em revelar o que aconteceu... Eu não queria magoar sua família. Me senti culpada, como se eu tivesse feito algo errado. E também fiquei aterrorizada que esse tipo de coisa tenha acontecido com tantas mulheres que eu conheço e nenhuma delas falou sobre isso por medo. Eu quero que mulheres e garotas saibam que ser vítima de abusa ou estupro NUNCA é culpa delas e não falar sobre isso vai semore causar mais dano do que contar a verdade", disse a atriz.
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Leia o relato na íntegra:
"Quando eu comecei a trabalhar como atriz, eu estava trabalhando em um filme e recebi uma ligação de Harvey Weinstein perguntando se eu tinha dormido com algum das mulheres com quem fui vista na mídia. Foi uma ligação muito estranha e desconfortável... Não respondi nenhuma de suas perguntas e tentei me livrar daquilo, mas, antes de eu desligar, ele disse que se eu fosse gay ou decidisse estar com uma mulher em público eu jamais conseguiria o papel de uma mulher hétero ou dar certo como uma atriz em Hollywood.
Um ou dois anos depois, eu fui a uma reunião sobre um novo filme com ele e um diretor no lobby de um hotel. O diretor saiu da reunião e Harvey pediu para eu ficar e conversar com ele. Assim que ficamos sozinhos, ele começou a se gabar sobre todas as atrizes com quem dormiu e como ele fez suas carreiras, e disse outras coisas impróprias de natureza sexual. Ele, então, me convidou para seu quarto. Eu rapidamente recusei e perguntei a sua assistente se meu carro estava do lado de fora. Ela disse que não e que ia demorar, e que eu deveria ir para o quarto dele.
Naquele momento, eu me senti muito impotente e assustada, mas não queria demonstrar isso esperando estar errada sobre aquela situação. Quando eu cheguei (no quarto), eu estava aliviada por encontrar outra mulher em seu quarto e pensei imediatamente que estava segura. Ele pediu para eu e ela nos beijarmos e ela meio que começou a avançar em sua direção; Eu rapidamente me levantei e perguntei se ele sabia que eu cantava. E eu comecei a cantar... Achei que aquilo melhoraria a situação... Mais profissional... Como um teste... Eu estava muito nervosa. Depois de cantar, eu disse mais uma vez que precisava ir embora. Ele me acompanhou até a porta e parou em frente, tentando beijar a minha boca. Eu o parei e consegui sair do quarto.
Eu ainda consegui o papel no filme e sempre pensei que ele me deu isso por conta do que tinha acontecido. Desde então, eu me senti estranha por ter feito aquele filme. Eu pensei que não merecia aquele papel.
Eu estava muito hesitante em revelar o que aconteceu... Eu não queria magoar sua família. Me senti culpada, como se eu tivesse feito algo errado. E também fiquei aterrorizada que esse tipo de coisa tenha acontecido com tantas mulheres que eu conheço e nenhuma delas falou sobre isso por medo. Eu quero que mulheres e garotas saibam que ser vítima de abusa ou estupro NUNCA é culpa delas e não falar sobre isso vai semore causar mais dano do que contar a verdade.
Estou aliviada por poder compartilhar isso... Eu realmente me sinto melhor e sinto orgulho das mulheres que foram corajosas o suficiente para falar... Isso não é fácil, mas há força entre nós. Como eu disse, isto é apenas o começo. Em toda indústria e especialmente em Hollywood, homens abusam de seu poder usando o medo e saem livres disso. Isso deve parar. Quanto mais falamos sobre isso, menos poder damos a eles. Eu insisto que todas vocês falam e digo a todos que defendem esses homens que vocês são parte do problema".