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Documentário sobre americano preso em São Paulo estreia circuito municipal de cinemas

Rede conta com cinco salas distribuídas em quatro endereços da cidade, sendo três no centro e um na periferia; meta é chegar a 80 pontos
Cena do documentário 'A Vida Privada dos Hipopótamos' Foto: Divulgação
Cena do documentário 'A Vida Privada dos Hipopótamos' Foto: Divulgação

SÃO PAULO —- São Paulo ganha a partir de 7 de maio um circuito de cinema popular, com cinco salas distribuídas em quatro endereços da cidade — três no centro e um na periferia. Essa é apenas a primeira fase do projeto que integra o Circuito São Paulo de Cultura, programa da Secretaria Municipal de Cultura que aproveita salas e locais ociosos ou subutilizados da Prefeitura.

O primeiro filme lançado, "A Vida Privada dos Hipopótamos", documentário de Matias Mariani e Maíra Buhler sobre um americano preso no Brasil por tráfico de drogas que se mudara para a Colômbia em razão dos hipopótamos de Pablo Escobar, estreará em duas salas da rede. Os ingressos custarão de R$ 2 a R$ 10.

O circuito, por enquanto, inclui Centro Cultural São Paulo (duas salas), Cine Olido, Caixa Belas Artes (sala Aleijadinho), e Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes. Além de lançamentos de "filmes sem tela", a programação vai centrar foco na organização de mostras de filmes nacionais e internacionais pouco conhecidos no Brasil, debates e pré-estreias.

Um estudo feito pela Spcine, empresa de cinema e audiovisual da cidade, mostrou que a Prefeitura dispõe de cerca de 80 locais ociosos com potencial para serem convertidos em salas de cinema. Desses, cerca de 25 serão adaptados, com a instalação de projetores digitais e sistema de som. Entre eles, 15 (Centros Educacionais Unificados (CEUs) e uma biblioteca. A ideia é chegar, até o fim do mandato do prefeito Fernando Haddad, a 80 salas de cinema.

— Não vamos ter custo de construção, como aconteceu na sala do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Teremos apenas o custo da compra dos projetores, cujo preço gira em torno de R$ 300 mil — diz Alfredo Manevy, diretor-presidente da Spcine, que será responsável pela implantação e manutenção do circuito. Segundo ele, o valor total do projeto de instalação dessa fase da rede de cinemas é estimada em R$ 6 milhões.

Manevy conta que no início das discussões para a criação da Spcine foram identificados mais de 50 filmes paulistas de baixo orçamento, sem recursos publicitários, que não tinham data de lançamento e nem tela disponível para serem exibidos. A criação da rede de cinemas tem como objetivo abrir espaço para essas produções, montar salas de projeção em locais carentes de atividades culturais e principalmente investir na formação de público.

— Vamos abrir convocatória para os filmes que queiram entrar nesse circuito de exibição. O foco será em longas “de guerrilha”, com menos de 10 cópias. Os títulos serão avaliados e selecionados por um Núcleo de Programação — diz Manevy. O Núcleo de Programação é formado por representantes da própria Spcine, do Cine Olido, do Centro Cultural São Paulo e do Sistema Municipal de Bibliotecas.

Realizada em parceria com a Spcine, a programação inclui também o lançamento, no início de junho, de "Hamlet", de Cristiano Burlan, adaptação e atualização da peça de mesmo nome de Shakespeare. De 12 de maio a 7 de junho, estreia a Mostra de Cinema Argentino com foco em filmes de Córdoba produzidos nos últimos cinco anos, quase todos inéditos no Brasil.