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Por Carlos Helí de Almeida; Especial Para O GLOBO — Cannes, França


Feitiço californiano. No papel de Elvis, Austin Butler canta músicas como “Suspicious minds”: ator trabalhou  a voz com especialistas por um ano — Foto: Divulgação
Feitiço californiano. No papel de Elvis, Austin Butler canta músicas como “Suspicious minds”: ator trabalhou a voz com especialistas por um ano — Foto: Divulgação

Um diretor conhecido por filmes de exuberância visual; um jovem talento criado pela escola Disney de shows; um astro veterano conhecido pela enorme lista de papéis de bom-moço no cinema. Esta é a explosiva combinação por trás de “Elvis”, a primeira cinebiografia do Rei do Rock — morto prematuramente em 1976, aos 42 anos —, que ganhou première de luxo no 75º Festival de Cannes, na noite de quarta-feira (26). Dirigido por Baz Luhrmann (de “Moulin Rouge — Amor em vermelho” e “O grande Gatsby”, ambos exibidos em Cannes), e protagonizado por Austin Butler, no papel-título, e Tom Hanks, na pele do empresário do cantor, o filme foi aplaudido por cerca de dez minutos pela plateia de convidados, que incluía Priscila Presley, ex-mulher do cantor. “Elvis” chega às salas brasileiras em 14 de julho.

— Não haveria melhor e mais significativa crítica para nós do que as palavras da mulher que foi casada com Elvis Presley — observou o cineasta australiano durante o encontro com a imprensa, lembrando da mensagem que recebeu de Priscila depois de ter mostrado a ela o filme pela primeira vez. — Ela escreveu: “Não estava preparada para isso. Cada respiração, cada movimento de Austin, o espírito daquela pessoa que ele representava, sua humanidade. Se meu marido estivesse vivo hoje, ele teria olhado nos olhos de Austin e dito: ‘Como você se atreve? Você sou eu!’” Elvis foi pai, marido e avô e uma pessoa. A melhor crítica da minha vida veio deles, da família. Agora eles têm algo para olhar, que é a verdade da humanidade daquele homem.

Em três fases

“Elvis” recria a trajetória musical e pessoal do cantor a partir de sua complicada relação com Coronel Parker (Hanks), o empresário que o descobriu, o transformou em uma estrela mundial e o explorou até a sua morte, envolvendo overdose de medicamentos controlados. O filme cobre as três fases importantes da carreira do artista: o jovem rebelde que incendiou a plateia feminina com seus movimentos eróticos, despertando a ira do conservadorismo americano dos anos 1950; a estrela dos musicais açucarados de Hollywood, nos anos 60; e como maior nome dos palcos de Las Vegas, em seus últimos anos de vida. Hanks nada sabia sobre Parker, um imigrante holandês, e sobre sua importância na vida de Elvis, quando aceitou o convite de Luhrmann.

— Quando Baz me enviou uma foto de Parker, pensei: “Ai, meu Deus. O que foi que eu fiz?” — recordou Hanks, fazendo cara de arrependimento sobre perceber que precisaria se metamorfosear em uma figura velha, careca e rotunda. — Há muito mistério ainda em torno de Coronel Parker. Há poucos registros sobre ele. Mas, com certeza, ele estava fugindo de algum aspecto de seu passado quando chegou aos Estados Unidos, e adotou um novo nome. Estou certo de que ele não era um Parker e muito menos um coronel. Mas ficou fascinado com Elvis Presley. Percebeu que aquele jovem era um fruto proibido e poderia ganhar muito dinheiro com ele.

Austin Buttler iniciou-se na vida artística em séries de TV como “Hannah Montana” e “Manual de sobrevivência escolar do Ned”. Nos últimos anos, atuou em filmes como “Os mortos não morrem” (2019), de Jim Jarmusch, e “Era uma vez... em Hollywood” (2019), de Quentin Tarantino. Aos 31 anos, desponta como ator em ascensão: está no elenco de “Duna 2”, a segunda parte da saga recriada por Denis Villeneuve. Luhrmann ficou impressionado por um vídeo em que Buttler interpreta “Unchained melody”, cantada por Elvis, mas finalmente decidiu-se por ele depois de uma recomendação de Denzel Washington, que o conhecia do teatro. Antes das filmagens, Austin Buttler trabalhou sua voz com especialistas por um ano.

— Pus minha vida em pausa por dois anos. Queria absorver tudo o que podia sobre Elvis. Caí no buraco da obsessão — contou o ator californiano, que empresta a própria voz às performances do cantor no filme, em um repertório que inclui canções como “Suspicious minds”, “Hound dog”, e “If I can dream”. — Durante muito tempo, pesquisei como a voz e os movimentos de Elvis foram mudando ao longo dos anos. Cheguei a congelar a imagem de uma de suas interpretações por um segundo, e voltar a ela várias vezes, para prestar atenção no olhar em um determinado momento de uma canção. Depois, me despi de todas essas informações para encontrar a humanidade por trás de Elvis.

Início da pandemia

Tom Hanks como o empresário Coronel Parker em 'Elvis', cinebiografia do rei do rock exibida em Cannes — Foto: divulgação
Tom Hanks como o empresário Coronel Parker em 'Elvis', cinebiografia do rei do rock exibida em Cannes — Foto: divulgação

A produção teve início ainda no primeiro ano da pandemia de Covid-19. As filmagens, na Austrália, foram interrompidas em março de 2020, quando Hanks e sua mulher, a atriz Rita Wilson, anunciaram que haviam contraído o vírus — os dois foram os primeiros nomes de Hollywood a entrar para as estatísticas de contaminação.

— Fiz esse filme por uma única razão: trazer o público de volta para as salas, para a experiência teatral que é o cinema — disse Luhrmann. — Aqueles aplausos na sessão de gala não foram apenas para o filme em si, mas também para a ideia do cinema (como experiência coletiva). Cannes nos salvou mais uma vez.

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