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Por Lucas Salgado — Rio de Janeiro

Uma das mais famosas tragédias de William Shakespeare, “Macbeth” conta a história de um homem que é convencido pela mulher a assassinar o rei para tentar tomar seu lugar. Após se entregar à ambição, o casal é tomado por culpa e loucura. Mas e se, em vez de um casal monarca da Escócia, estivéssemos diante de uma mulher de família rica, mas decadente, da Zona Sul do Rio, e de um herdeiro do jogo do bicho, de família emergente? Pois essa é a premissa de “Os enforcados”, novo filme do diretor Fernando Coimbra que se passa no bairro de São Conrado, livremente inspirado na tragédia shakespeariana, mas de modo bem brasileiro.

O longa produzido Gullane e Fado Filmes, cujas filmagens se encerraram mês passado no Rio e tem estreia prevista para o segundo semestre, marca o reencontro entre Coimbra e a atriz Leandra Leal. Os dois trabalharam lado a lado no premiado drama “O lobo atrás da porta” (2013), inspirado no famoso caso da Fera da Penha, alcunha de uma mulher que matou a filha de 4 anos do ex-amante.

Desta vez, a atriz assume o papel de uma espécie de “Lady Macbeth de São Conrado”, e divide o protagonismo com Irandhir Santos. A reportagem passou um dia no set de filmagens, uma mansão com vista paradisíaca no bairro vizinho à Barra.

— Esse filme é meio que um filhote de “O lobo atrás da porta”. Quando estava filmando “O lobo”, eu estava mergulhado na Zona Norte do Rio. E, quando passava pela Barra da Tijuca, pensava em fazer algo por aqui, esse lugar que é muito diferente, com esse povo que tem dinheiro, que é o novo rico. E sempre tive a ideia de fazer uma adaptação de “Macbeth”, do Shakespeare, sobre essa mulher que convence o marido a cometer um crime e depois começa a pirar. Acabei juntando as duas coisas — conta Fernando.

Leandra Leal e Irandhir Santos como os protagonistas do filme “Os enforcados” — Foto: Helena Barreto
Leandra Leal e Irandhir Santos como os protagonistas do filme “Os enforcados” — Foto: Helena Barreto

O cineasta explica que o novo projeto não é tão fincando na realidade como o anterior. Se “O lobo atrás da porta” era um drama com elementos de suspense e policial, “Os enforcados” abraça um emaranhado de gêneros e referências cinematográficas. Tem drama, comédia, thriller, noir, ação e até terror, diz o realizador.

— Inicialmente, pensei em uma tragicomédia meio irmãos Coen, sobre um casal que acha que está fazendo o crime perfeito, mas muita coisa dá errado. Com o passar do tempo, com o fato de o Brasil ir ficando cada vez mais louco, fui reescrevendo o roteiro para trazer um tom mais surrealista, mais doido, tipo cinema coreano. Quis falar sobre essa pessoa que está envolvida com todos os tipos de crime e se coloca para a sociedade como um cidadão de bem — aponta o diretor.

Parceria com Leandra Leal

Leandra Leal, que vinha de projetos ainda inéditos como diretora (a série do Globoplay “A vida pela frente” e o longa “Nada a fazer”, ao lado da mãe, Ângela Leal), lembra que estava ansiosa por um trabalho em que pudesse mergulhar como atriz sem se preocupar com outras esferas da produção. E diz que aceitou o convite antes mesmo de ler o roteiro, pela oportunidade de voltar a trabalhar com o diretor.

— Esse filme tem umas coisas muito loucas. Esses personagens têm uma arrogância e uma ignorância que é trágica e cômica, que reflete muito este momento em que vivemos — diz a atriz, que interpreta Regina na produção. — Minha personagem é muito inconsequente e mimada.

Regina é a mente por trás dos planos ambiciosos de Valério, personagem de Irandhir, um homem aparentemente pacato cuja família está envolvida com o jogo do bicho. Influenciado por ela, ele irá trabalhar para ganhar cada vez mais destaque nos negócios familiares, subindo na hierarquia e deixando um rastro de tensão e violência.

Irandhir lembra que havia sido chamado para atuar em “O lobo atrás da porta”, mas precisou recusar o convite por outros compromissos. Ele conta que tinha o desejo de trabalhar com Coimbra desde que assistiu ao curta “Trópico das Cabras” (2007).

— Estou muito feliz de voltar a fazer cinema — diz o ator, para quem “Os enforcados” é também uma grande discussão sobre relacionamento. — Me sinto como se estivesse fazendo meu primeiro filme.

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