Filmes
PUBLICIDADE

Por Gabriela Goulart


Relançamento de 'Titanic'  — Foto: divulgação
Relançamento de 'Titanic' — Foto: divulgação

A mulher de 60 anos estava indo pela terceira vez ver “Titanic” nos últimos cinco dias. Em todas, garante, mergulhou num choro sem fim, jogando um trocadilho ao mar. Mais fidedigno seria dizer que ela transbordava diante de uma das mais manjadas histórias de amor que naufraga antes do final feliz na tela grande. Dona Fulana de Tal, que não quer revelar o nome para não parecer tão cringe assim, não esteve só na catarse coletiva em que se transformaram as sessões em 3D da superprodução de James Cameron remasterizada 25 anos depois de sua estreia, lá nos idos de 1998. No primeiro fim de semana em cartaz no Brasil, “Titanic” foi visto por 284,9 mil pessoas, segundo dados da Comscore, faturando R$ 3,21 milhões.

Nessa numeralha, fica faltando uma: faixa etária. Embora o arrasa-quarteirão atraia gente como Dona Fulana de Tal, o público atual que embarca no choro convulsivo da terapia de grupo conduzida pelos personagens Rose DeWitt Bukater e Jack Dawson é adolescente ou quase, aquela faixa entre 11 e 16 anos. A grande maioria, meninas. Uniformizadas, como numa sala de aula imaginária, usam tops, calças boatcut, tênis, argolas nas orelhas, gloss e muito rímel.

Imaginavam, “real, total”, que poderiam derramar lágrimas aqui e ali… Mas não a ponto de usarem o guardanapo da pipoca gourmet para limpar o rímel borrado quando as luzes das salas se acendem. No Rio de Janeiro, com o impulso da semana promocional de ingressos a R$ 10, elas, as salas, estavam abarrotadas — um indício de que preços mais convidativos podem atenuar o efeito naufrágio provocado pela pandemia na experiência presencial de ver filmes.

É, no mínimo, reconfortante enxergar e fazer parte de uma festa na antessala de um cinema: burburinho, encontros marcados e ao acaso, fofocas da “resenha” da noite anterior, retoques na maquiagem, trechos de músicas cantados para revelar aos amigos a novidade da última semana. Uma euforia movida a pipoca, bala a peso, chocolate com caramelo, combinações futuras de sorvete e donuts após o fim da sessão de fim de tarde, selfies para serem postadas no status do WhatsApp.

O filme começa morno. Conversas aqui e ali tiram a concentração de quem tenta se acostumar com os óculos 3D para assistir às cenas vistas a olho nu em 1998. À medida que a trama zarpa, o silêncio vai invadindo o ambiente. Celular tocando? Embalagens sendo abertas com exibicionismo? Também não. Curiosamente, é como se tudo tivesse sido transportado para dentro daquele majestoso navio que toma a tela.

Fato consumado: todo mundo conhece o começo, o meio e o fim da história de “Titanic”, o transatlântico de luxo à prova de falhas que bate em um iceberg e afunda em 1912, matando 1.517 pessoas. Somente isso já seria elemento suficiente para atrair hordas de fãs do cinema catástrofe, um gênero que costuma ser pule de dez entre adolescentes, flertando com o suspense e o terror. Mas o filme ainda tem romance, Leonardo DiCaprio (“gaaato”, gritam) como o herói anticonvencional Jack, Kate Winslet (“liiinda”, idem) como uma jovem mulher à frente do seu tempo, um vilão machista dentro da lógica de seu tempo (“úúú”), uma mãe repressora que quer enquadrar a filha dentro dos padrões da época. Tudo isso costurado com crítica social (proletariado x realeza) e efeitos especiais (“Como ele conseguiu fazer isso?! Nem parece que é um filme velho”, diz uma jovem, baixinho).

A plateia interage com a trama, vide tantas aspas neste texto. Mas é de uma maneira respeitosa com o que vai na tela. Mais ou menos como um “ninguém solta a mão de ninguém”. Todo mundo chora, puxa aplausos quando um personagem tem ato heroico, vaia quando outro é abusivo, suspira nas cenas de amor. Tudo muito. Tudo junto.

A impressão depois de três horas de filme é que “Titanic” envelheceu bem. E do melhor jeito: com as novas gerações relendo o que veem na tela à luz de seu tempo. E, claro, depois indo pesquisar no Google dúvidas quem em 1998 ficaram à deriva.

Mais recente Próxima Steven Spielberg agradece a Tom Cruise em almoço de indicados ao Oscar: 'você salvou a bunda de Hollywood'
Mais do Globo

Final do salto sobre a mesa da ginástica artística na Olimpíada de Paris-2024 acontece neste sábado

Rebeca Andrade x Simone Biles: acompanhe ao vivo a final do salto da ginástica nas Olimpíadas

Dono de sete medalhas olímpicas levou um minuto e meio para derrotar sul-coreano Lee Joon-hwan

'Jogada de poker': Por que Teddy Riner enfrentou judoca 60 kg mais leve na disputa por equipes em Paris-2024

Deputado federal foi autorizado pela Justiça Eleitoral a deixar o PL sem perder o mandato por infidelidade partidária; ele chegou a ser pré-candidato à prefeitura de São Paulo, mas seu nome foi rifado pelo ex-presidente

Após ser preterido por Bolsonaro e desistir da prefeitura de SP, Salles se filia ao partido Novo

Criança é a primeira neta da Rainha Rania e do Rei Abdullah

Nasce Iman, 1ª filha da princesa Rajwa e príncipe Hussein, herdeiro do trono da Jordânia

Artem Viktorovich Dultsev e Anna Valerevna Dultseva se passavam por família argentina que vivia na Eslovênia

Filhos de espiões que 'descobriram' que eram russos em voo não sabiam quem é Putin e só falam espanhol

Assessoria do SBT confirma que comunicador segue sob cuidados médicos ; estado de saúde preocupa

Silvio Santos: apresentador segue internado pelo terceiro dia no Albert Einstein; hospital faz 'blindagem total'

Influenciadora injeta um soro quinzenalmente com três substâncias que ajudam no processo de desinflamação do corpo

‘Não é uma fórmula mágica, Yasmin batalhou pela mudança’, diz médico de Brunet sobre dieta que a fez secar em 2 meses

Atleta esteve no país no início do ano, onde se preparou e curtiu a cidade do Rio com a família

Tri em Paris-2024, judoca Teddy Riner, se declara ao Brasil: 'Essa medalha tem alma brasileira', diz