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Por Lucas Salgado — Rio de Janeiro

Lendária figura da mitologia grega, Medusa era uma bela sacerdotisa do templo de Atena que, segundo uma das versões da história, após perder a virgindade foi punida pela deusa e amaldiçoada como górgona, uma criatura com serpentes no lugar do cabelo que transformava em pedra todos que olhavam diretamente para seu rosto. O mito serviu de inspiração para a cineasta carioca Anita Rocha da Silveira em seu segundo longa-metragem. “Medusa”, que chega amanhã aos cinemas, conta a história de uma gangue de jovens garotas religiosas que se unem para agredir mulheres que consideram pecadoras.

A diretora lançou seu primeiro longa em 2015: “Mate-me por favor”, estrelado por Valentina Herszage, que usa elementos do horror numa trama de assassinatos que atinge a Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, e afeta diretamente um grupo de adolescentes da região. Em “Medusa”, a diretora volta a se apropriar do terror e do cinema de gênero para tratar de uma realidade bem palpável.

— Em 2015, li uma notícia de jornal sobre um grupo de jovens mulheres que se juntou para agredir uma garota que consideravam promíscua. Comecei a pesquisar e achei outros casos similares espalhados pelo Brasil e por outros países. Isso me fez pensar muito no avanço conservador — diz Anita. — Queria falar sobre esse machismo estrutural em que nós, mulheres, acostumadas a controlar tanto nossos corpos, acabamos julgando os corpos de outras mulheres.

Na trama, a gangue é formada por jovens que produzem conteúdo para redes sociais oferecendo dicas que incluem “como esconder hematomas no rosto com maquiagem”. Anita conta ter feito vasta pesquisa sobre uma cena de jovens influenciadores que ilustra seu tema.

Apesar de ela usar o horror para tratar de temas sociais, o medo está presente nos retratos que talvez sejam mais realistas.

— O filme foi rodado em novembro de 2019, um momento em que esses temas eram muito pesados, então quis trabalhar uma estética que fugisse do realismo, com alguns elementos de humor, com momentos musicais, com certo exagero, para que não fosse uma experiência pesada para a plateia brasileira.

Fã do cinema de horror, Anita teve oportunidade de apresentar seus filmes em festivais como Veneza e Cannes. E conta que teve como referência nomes como Dario Argento, David Lynch e Jordan Peele para desenvolver “Medusa”.

Cena de "Medusa" — Foto: Divulgação
Cena de "Medusa" — Foto: Divulgação

Filha de cinéfila

Em seus dois longas, a cineasta trabalhou essencialmente com elencos compostos por jovens mulheres, uma mudança em relação a seu primeiro curta, “O vampiro do meio-dia” (2008).

— Meu primeiro curta é protagonizado por um homem branco. Foi muito automático. Pouco depois, me questionei: por que um homem, se a história também funcionava com uma mulher? — diz. — E decidi contar histórias com protagonismo feminino, até porque, com minha experiência como mulher, é muito mais fácil escrever sobre o universo feminino e feminista.

Criada por uma mãe cinéfila, que a levava a todos os filmes que queria ver, independentemente de ser ou não para crianças, a diretora também lembra de acompanhar o pai toda sexta-feira para escolher filmes em uma locadora de Santa Teresa, bairro em que cresceu no Rio.

Anita Rocha da Silveira, diretora e roteirista de "Medusa" — Foto: João Atala
Anita Rocha da Silveira, diretora e roteirista de "Medusa" — Foto: João Atala

Em “Medusa”, além de voltar a trabalhar com a atriz Mari Oliveira, o elenco conta ainda com Lara Tremouroux, Bruna Linzmeyer, Thiago Fragoso e Inez Viana.

— Conheci a Anita quanto tinha 15 anos, em um teste para “Mate-me por favor”. A forma de ela trabalhar definiu muito a minha experiência em sets e a minha paixão pelo audiovisual — diz Mari.

Além do terror, a diretora é apaixonada por musicais. Ela conta que escreve seus filmes com referências claras, mas nem sempre consegue pagar pelos direitos das músicas que tem em mente. Seus dois longas têm momentos musicais importantes dentro da trama. Em “Medusa”, há uma cena relevante ao som de “Wishing on a star”, canção que ficou famosa no Brasil por ser tema da personagem de Daniella Perez na novela “De corpo e alma”.

A morte de Daniella, assassinada por Guilherme de Pádua e Paula Thomaz em dezembro de 1992, está presente em forma de referência também em “Mate-me por favor”. Anita diz que a escolha da canção não foi uma referência proposital, mas conta que a morte da atriz marcou muito sua infância.

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