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Por Lucas Salgado — Rio de Janeiro

Décadas depois de levar o prêmio Ocic, em 1964, com “Vidas secas”, e ser o vencedor de melhor filme pelo júri da crítica internacional (Fipresci), em 1984, com “Memórias do cárcere”, o diretor Nelson Pereira dos Santos, de “Rio, Zona Norte” (1957) e outros clássicos, volta hoje a ser tema da Croisette de Cannes com a exibição do documentário “Nelson Pereira dos Santos — Vida de cinema”, na mostra Cannes Classics. Dirigido por Aída Marques e Ivelise Ferreira, viúva e parceira profissional de Nelson, morto em 2018 aos 89 anos, o longa coproduzido por GloboNews, Globo Filmes e Canal Brasil relembra as obras de maior destaque do realizador enquanto busca explorar um pouco do homem por trás das câmeras.

— Cannes foi o festival que Nelson mais frequentou. Ele tinha um diálogo com a França. Ganhou uma medalha dada pelo ministro da Cultura Jack Lang (em 1985). Sempre vimos Cannes como o lugar ideal para fazer a primeira apresentação do filme — diz Aída, professora de Cinema e Audiovisual do curso fundado por Nelson na Universidade Federal Fluminense, em Niterói (RJ).

Depois da aposentadoria

Depois da adaptação que levou para o cinema em 1963 da obra seminal de Graciliano Ramos “Vidas secas”, Nelson voltou a disputar a Palma de Ouro em 1970, com “Azyllo muito louco” (1970), e em 1975, com “O amuleto de Ogum”. Na Quinzena dos Realizadores, além de “Memórias do cárcere” (1985), exibiu “Como era gostoso o meu francês” (1971) e “Quem é Beta?” (1972). Em 2012, recebeu uma homenagem especial no evento e exibiu seu documentário “A música segundo Tom Jobim” (2011).

Ivelise, que trabalhou como assistente de direção e produtora de alguns dos filmes de Nelson, como “A terceira margem do rio” (1993), “Raízes do Brasil” (2002) e “Brasília 18%” (2005), lembra quando propôs ao marido que ele deveria ganhar um documentário sobre sua vida. Em 2017, cansado para conduzir um projeto grandioso, Nelson havia acabado de desistir da ideia de anos de fazer um filme sobre o imperador Pedro II e decidido se aposentar. Foi quando a parceira disse: “Acho que chegou a hora de fazermos um filme sobre a sua vida”. O diretor concordou.

Aída então entrou para o projeto, ainda em sua fase inicial. Próxima da família, ela estava em contato direto com o cineasta em razão de um livro que organizavam sobre “Rio, 40 graus” (1955), considerado um dos marcos iniciais do Cinema Novo. Ivelise lembra que as duas estavam determinadas a produzir o filme e chegaram a iniciar a busca por diretores. Foi quando o próprio Nelson deu uma sugestão: “Por que vocês duas não dirigem?”.

Aída Marques e Ivelise Ferreira, diretoras do documentário "Nelson Pereira dos Santos — vida de cinema" — Foto: Divulgação
Aída Marques e Ivelise Ferreira, diretoras do documentário "Nelson Pereira dos Santos — vida de cinema" — Foto: Divulgação

A dupla mergulhou em um vasto material de arquivo, com vídeos, fotos e matérias de jornal, e fez a opção de contar a história por meio de imagens e declarações do próprio cineasta, sem depoimentos de colegas ou especialistas.

— Sempre brinquei que, quando o Nelson ia dar uma entrevista, ele ligava o “long play”. Ele falava sobre a vida, sobre os acontecimentos, sobre tudo que envolvia cada projeto, sempre relatos com um humor bem particular. Vimos que tínhamos um material incrível dele falando sobre a sua obra. Então quisemos fazer algo diferente de convidar críticos e cineastas para falar dele — detalha Ivelise, que ressalta o lado político do documentário. — Queríamos fazer um filme de arquivo sobre o Nelson, mas que também falasse sobre o Brasil. Ele sempre foi um cineasta muito ativo politicamente, então era relevante falar sobre o que acontecia no Brasil enquanto ele filmava.

Após a passagem pelo evento francês, Ivelise e Aída preparam o lançamento de “Nelson Pereira dos Santos — Vida de cinema” nos cinemas em outubro, quando o diretor, imortal da Academia Brasileira de Letras e um paulista que fez carreira no Rio, completaria 95 anos. A ideia é que o período também seja marcado por outras homenagens a Nelson, com a exibição de alguns de seus clássicos.

Acervo

O acervo de Nelson está dividido entre ABL, onde encontram-se manuscritos, roteiros, fotografias e diversos outros materiais, e Arquivo Nacional, onde o próprio cineasta fez questão de guardar seus filmes. Ivelise aponta que o acervo do cineasta está preservado, com parte dos filmes digitalizados em 4K. A produtora Marcia Pereira dos Santos, filha do realizador, é a responsável pelos direitos da obra.

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