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Por Carlos Helí de Almeida; Especial Para O GLOBO

Johnny Depp ainda reflete sobre os sete minutos de aplausos ao final da sessão de gala de “Jeanne du Barry”, que abriu a 76ª Festival de Cannes na noite de terça-feira. O filme da diretora francesa Maïwenn, que resgata a biografia da cortesã preferida do rei Luis XV, interpretado por Depp, é o primeiro trabalho do ator americano a ganhar as telas desde o final da longa e controversa batalha judicial contra a ex-mulher, no ano passado, e sua exibição aconteceu na esteira de protestos de quem questionava sua presença na mostra francesa.

– A sensação era de estar preso por um laço daqueles aplausos, da energia positiva, que continuou e continou.... Estou orgulhoso de ver que era uma reação a um trabalho bem feito, o que é o mais importante – disse Depp quando finalmente chegou para a coletiva de imprensa do filme, com 40 minutos de atraso. – O que tenho a dizer àqueles que questionaram minha presença aqui? E se eles dissessem para mim que jamais poderia ir ao McDonalds porque sempre haverá umas 39 pessoas me observando comer um Big Mac por uma lupa? Quem são eles? Por que eles se importam? Alguma espécie ou torre de purê de batata coberta pela luz de uma tela de computador? Um anônimo.

A última vez que Depp esteve em Cannes foi em 2011, promovendo a estreia mundial de “Piratas do Caribe – Navegando em Águas Misteriosas”. A época, ele ainda era uma das maiores estrelas de cinema do mundo, título que começou a sofrer duros golpes com o surgimento de relatos de seu comportamento problemático nos sets de filmagem. Então veio o tumultuado divórcio com a atriz Amber Heard, envolvendo alegações de violência doméstica. O ator entrou na rota do ostracismo no final de 2020, quando a Warner Brothers cancelou sua participação na franquia “Animais fantásticos”. Segundo ele, resultado de relatos que ele considera “ficção escrita de forma fantástica e horrível”.

– Se eu me senti boicotado por Hollywood? Bem, você deveria não ter pulso para não sentir naquele momento que tudo não passava de uma piada estranha. Claro que, quando você é convidado a se demitir de um filme que está fazendo por causa de algo que é apenas um monte de vogais e consoantes flutuando no ar… Mas não me sinto boicotado de jeito nenhum. Porque não penso em Hollywood, não sinto muita necessidade de Hollywood – reagiu o ator.

“Jeanne du Barry” recria a trajetória de ascensão e queda da favorita do rei Luís XV, Jeanne Vaubernier, interpretada pela própria Maïwenn. Era uma jovem vinda do povo e que sonhava em ascender socialmente e, para isso, vendeu seus encantos a quem pudesse colocá-la no caminho certo. Graças ao conde du Barry, seu amante, e ao influente duque de Richelieu, ela consegue encontrar o rei Luis XV, iniciando um romance que escandalizou toda a corte francesa. O filme, um drama de época com um abordagem feminista do século XXI, é todo falado em francês.

– Fiquei surpreso por Maïwenn ter me escolhido para esse papel. Pensei que alguém havia cometido um erro terrível. Cheguei a sugerir que ela talvez devesse tentar um ator francês para o personagem de Luís XV – lembrou o ator, que foi casado por 14 anos com a atriz e cantora francesa Vanessa Paradis. – Ela disse ter pensado nessa possibilidade por algum tempo, mas não tinha funcionado. Foi corajoso da parte dele escolher um caipira do Kentucky para interpretar um rei francês.

Promover “Jeanne du Barry” não é a única missão de Depp em Cannes. O ator também aproveitará para buscar apoio para “Modi”, seu primeiro projeto como diretor desde “O bravo” (1997). Vem a ser uma cinebiografia do pintor italiano Amadeo Modigliani, roteirizada por Jerzy e Mary Kromolowski a partir de uma peça escrita por Dennis McIntyre. No papel título estará o ator italiano Riccardo Scamarcio, e Al Pacino interpretará o colecionador de arte Maurice Gangnat. “Modi” será filmado em Budapeste, na Hungria, durante o outono europeu. É um possível retorno de Depp em grande estilo.

– Fico me perguntando sobre essa palavra, 'retorno', tanto atribuída a mim nesse momento, porque não fui a lugar algum – ironizou Depp. – Talvez as pessoas pararam de me ligar porque sentiram algum tipo de medo na época. Mas estive sentado esse tepo inteiro aqui, no mesmo lugar. “Retorno”, para mim, soa como se eu fosse sair fazendo sapateado ao algo parecido. Mas posso dar o meu melhor na dança, e espero que os outros aprovem. Essa é ideia. Isso é um mistério bizarro.

Mais recente Próxima 'Deppmania': passagem de Johnny Depp por Cannes aponta para possível retomada da carreira do ator
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