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Por Lucas Salgado — Rio de Janeiro

Quem não se lembra de quando Julia Roberts parou diante de Hugh Grant em “Um lugar chamado Notting Hill” (1999) e falou: “sou apenas uma garota, parada na frente de um garoto, pedindo para que ele a ame”? Ou quando Billy Crystal invadiu uma festa de ano novo e disse para Meg Ryan em “Harry e Sally” (1989): “quando você percebe que quer passar o resto da vida com alguém, você quer que o resto da vida comece logo”? E o que dizer do “você me ganhou no ‘oi’” dito por Renée Zellweger diante de um emocionado Tom Cruise em “Jerry Maguire” (1996)?

As três declarações de amor são de clássicos da comédia romântica — que, como as datas entregam, viveram seu auge no final do século XX. Mas eis que, após amargar décadas de carência, o gênero reagiu, botou um cropped de modernidade e diversidade e voltou a conquistar o público no cinema e no streaming.

Junho começou com três romcoms em cartaz nas salas brasileiras: “O amor mandou mensagem”, com Priyanka Chopra e Sam Heughan; “Amor(es) verdadeiros”, com Phillipa Soo, Luke Bracey e Simu Liu; e “Do jeito que elas querem — O próximo capítulo”, com Diane Keaton, Jane Fonda e Andy Garcia.

“O amor mandou mensagem”, com Priyanka Chopra e Sam Heughan — Foto: Divulgação/Sony Pictures
“O amor mandou mensagem”, com Priyanka Chopra e Sam Heughan — Foto: Divulgação/Sony Pictures

‘Limpadinha na alma’

Apaixonada por comédias românticas, a apresentadora do Telecine Renata Boldrini celebra seu renascimento.

— Fiquei feliz quando vi “Ingresso para o paraíso” (2022), com Julia Roberts e George Clooney voltando a fazer uma comédia romântica depois de tanto tempo. Ela é a cara do gênero e foi uma delícia ver os dois juntos — diz Renata, lembrando o filme disponível no catálogo do Telecine, disponível dentro do Globoplay e via operadoras. — A comédia romântica é sempre um escape, é aquele chazinho que dá uma acalmada, uma limpadinha na alma.

“Ingresso para o paraíso” (2022), com Julia Roberts e George Clooney — Foto: Divulgação
“Ingresso para o paraíso” (2022), com Julia Roberts e George Clooney — Foto: Divulgação

O gênero que rendeu clássicos e impulsionou a carreira de estrelas como Julia Roberts, Meg Ryan, Sandra Bullock, Richard Gere, Kate Hudson e Drew Barrymore teve seu “óbito’’ decretado pela revista Hollywood Reporter em 2013. Em um artigo com o título “Descanse em paz, comédia romântica”, a publicação destacava o fato de que Nancy Meyers, diretora famosa por títulos do gênero como “Alguém tem que ceder” (2003), “O amor não tira férias” (2006) e “Simplesmente complicado” (2009), não estar conseguindo financiamento para novos projetos. O texto decretava: “Já se foi o tempo em que o gênero lotava cinemas de forma confiável. Com os estúdios se concentrando cada vez mais em franquias e universos compartilhados, as comédias românticas pontuais são difíceis de vender.”

Passados dez anos, a própria Hollywood Reporter tratou de voltar atrás, em matéria na qual apontou o streaming como o principal responsável pelo retorno das comédias românticas. Fãs podem agradecer ao algoritmo: após notar um consumo forte de clássicos do gênero na plataforma, a Netflix decidiu investir pesado em produções que unem humor e romance. Foi assim que nasceram longas como “A barraca do beijo” (2018), “Para todos os garotos que já amei” (2018), “O plano imperfeito” (2018) e “Meu eterno talvez” (2019), sucessos que renderam continuações e já são considerados sucessores daqueles títulos dos anos 1980 e 1990.

‘Romcom’ Repaginada

A partir disso, não só outras companhias de streaming abriram seus olhos para as romcoms como os próprios estúdios de cinema voltaram a pensar nelas como uma opção viável para levar o público às salas.

A fase de esquecimento também ajudou a comédia romântica a se repaginar. Antes, o gênero repetia até o esgotamento histórias no molde “casal branco hétero adulto (quase sempre “com bons empregos e apartamentos lindos em Nova York”). Agora, a nova leva investe em pares que vão de adolescentes à terceira idade, com diversidade racial e casais LGBTQIA+.

— Aprendi a amar vendo comédias românticas e novelas, mas o problema é que eu não conseguia me ver muito, não tinha onde enxergar meu corpo, minha cor, minha história — celebra a atriz e cantora Gabz, protagonista da comédia romântica musical “Um ano inesquecível: Outono”, que chega amanhã no streaming do Amazon Prime Video. — Poder falar de afetividade mostrando outros corpos e histórias é muito revolucionário para mim.

Lucas Leto e Gabz em "Um ano inesquecível: Outono" — Foto: Divulgação/Vans Bumbeers
Lucas Leto e Gabz em "Um ano inesquecível: Outono" — Foto: Divulgação/Vans Bumbeers

Dirigido por Lázaro Ramos, em seu segundo trabalho por trás das câmeras, “Outono” traz um elenco em sua maioria formado por atores negros. Após realizar o drama social “Medida provisória”, o cineasta comemora a possibilidade de deixar de lado a violência para abraçar a afetividade representada no casal formado por Gabz e Lucas Leto.

O projeto faz parte de uma quadrilogia temática do Prime Video. Na semana passada, foi lançado “Um ano inesquecível: verão”, de Cris D’Amato, inspirado em conto de Thalita Rebouças. Nas próximas semanas será a vez de “Inverno”, de Caroline Fioratti, e “Primavera”, de Bruno Garotti e Jamile Marinho, chegar às telinhas.

— É muito louco pensar que as comédias românticas fizeram tanto sucesso e de repente sumiram — destaca a escritora Thalita Rebouças, que cita “Harry e Sally” como filme de cabeceira. — Passamos por um momento em que tínhamos muitas distopias, muita violência, zumbis, estávamos precisando de um respiro. A comédia romântica traz isso.

No momento, o top 10 de mais assistidos na Netflix conta com duas séries de comédia romântica: “Valéria” e “Com carinho, Kitty”, spin-off de “Para todos os garotos...”. Hoje, estreia a quarta temporada de “Eu nunca”, que conta com elementos do gênero para contar as aventuras de uma jovem garota de origem indiana no colegial.

Dentro da repaginada, um aspecto chama a atenção nessa retomada: a comédia romântica rejuvenesceu, mas manteve lugar cativo para estrelas do gênero em tempos idos, sejam homens ou mulheres. Pouco mais de 20 anos após conquistar o coração de Ralph Fiennes em “Encontro de amor” (2002), Jennifer Lopez voltou em “Casamento armado”, com Josh Duhamel, lançado em janeiro. Quem também retornou ao gênero foi Reese Witherspoon, conhecida por obras como “Doce lar” (2002) e “E se fosse verdade” (2005), e Ashton Kutcher, de “Recém-casados” (2003) e “Jogo de amor em Las Vegas” (2008). A dupla vive um par romântico em “Na sua casa ou na minha?”, que estreou em fevereiro.

Nos próximos meses, obras do gênero passarão pelos cinemas e pelo streaming. No dia 22 de junho, Sarah Jessica Parker, Kim Cattrall, Kristin Davis e Charlotte Nixon estrelam a segunda temporada de “And just like that…”, spin-off da clássica série “Sex and the city”. Em agosto, estreia o filme “Vermelho, branco & sangue azul”, com um casal formado pelo filho da presidente dos EUA e um príncipe britânico.

Títulos brasileiros também estão em desenvolvimento. Entre eles está “Tá escrito”, de Matheus Souza, uma produção da Paris Entretenimento em coprodução com a Globo Filmes e Globoplay. O filme é estrelado por Larissa Manoela e André Luiz Frambach, noivos na vida real. Com lançamento previsto para novembro, surfa na afeição millenial pela astrologia.

André Luiz Frambach e Larissa Manoela em cena de "Tá escrito", comédia romântica dirigida por Matheus Souza — Foto: Divulgação/Stella Carvalho
André Luiz Frambach e Larissa Manoela em cena de "Tá escrito", comédia romântica dirigida por Matheus Souza — Foto: Divulgação/Stella Carvalho

— As comédias românticas sumiram dos cinemas, mas não do meu coração — conta Matheus, que ficou conhecido após “Apenas o fim” (2008), com Gregório Duvivier e Erika Mader. — Continuo revendo os clássicos e mudando de opinião sobre o meu favorito. Não consigo escolher.

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