Filmes
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Por Lucas Salgado e Eduardo Graça — Rio de Janeiro e São Paulo

Um conta a história da boneca clássica que encanta gerações há décadas. O outro é a cinebiografia de um dos pais da bomba atômica. Enquanto um esbanja cores (e é tanto pink, mas tanto, que as filmagens resultaram em escassez de tinta no mundo), o outro opta por tons sóbrios, contando inclusive com sequências em preto e branco. Motivados pelo contraste, fãs uniram os longas no apelido Barbenheimer, ligando eternamente “Barbie”, de Greta Gerwig, a “Oppenheimer”, de Christopher Nolan, por seu dia de estreia, hoje, em boa parte do mundo. A reboque, tem uma campanha de marketing sem precedentes, que “vende” a coincidência de datas como o “evento cinematográfico do ano”.

A “venda casada” de ingressos está dando certo. De acordo com a associação de exibidores dos EUA, 200 mil pessoas já compraram ingressos para assistir aos dois filmes no mesmo dia. No Brasil, o Cine Belas Artes, em São Paulo, promove hoje uma maratona dos dois filmes varando a madrugada. Cinéfilos poderão escolher se começam a sessão por “Barbie” ou“Oppenheimer”. O Cine Marquise, também na capital paulistana, investiu em uma promoção: quem compra ingresso para um filme leva o do outro mais barato. Segundo dados do Ingresso.com, 30% das pessoas que compraram tíquetes para “Oppenheimer” no país também compraram para “Barbie”, sendo a maioria para ver no mesmo dia ou no seguinte.

‘I’m a Barbenheimer girl’

A disputa com jeito de aliança gerou uma onda de memes e produtos criados por fãs, com muita gente se manifestando sobre qual filme irá assistir (primeiro). Nas pistas de dança, o hit “Barbie girl”, do Aqua, renasceu desse jeito: “I’m a Barbenheimer girl/ in a Barbenheimer world”. Parece complicado, mas fica chiclete igual. De olho na oportunidade, até os responsáveis pelos projetos entraram na brincadeira. O diretor de “Oppenheimer” comentou que achou a shippagem “sensacional”. E Greta Gerwig afirmou, marotamente, que “isso é só amor, e em dobro” e “o ideal é você ter as duas experiências, num dia veja ‘Barbie’ e depois ‘Oppenheimer’. No outro, inverta a ordem. Só aí já são quatro ingressos”.

Cillian Murphy como J. Robert Oppenheimer em filme de Christopher Nolan — Foto: Divulgação
Cillian Murphy como J. Robert Oppenheimer em filme de Christopher Nolan — Foto: Divulgação

O protagonista da cinebio de Nolan, Cillian Murphy, por sua vez, se confessou fã ardoroso de “Barbie” e disse que “se os espectadores concordarem que são dois bons filmes, quem vence é o cinema”. Já a comediante Issa Rae, destaque do elenco de “Barbie”, recomenda cinema e drinques: “Veja ‘Oppenheimer’ primeiro, que é sobre o efeito devastador de uma bomba nuclear. Depois, relaxe com ‘Barbie’ e termine a semana tomando mimosas”.

— Não estava muito animada com “Barbie”, achei que seria meio bobo, mas tudo o que li aumentou meu interesse. Agora, estou combinando com amigas de ir de rosa em um cinema que venda pipoca rosa — conta a publicitária Carolina Gaspar, que já queria ver o longa de Nolan. — Estou muito mais ansiosa para “Oppenheimer”, gosto muito de filmes baseados em fatos reais. Fora o elenco, outro grande atrativo.

Adaptação para as telas de “Oppenheimer: o triunfo e a tragédia do Prometeu americano” (Intrínseca), de Kai Bird e Martin J. Sherwin, o longa de Nolan conta como J. Robert Oppenheimer contribuiu para o desenvolvimento da física nuclear nos EUA para depois ser perseguido por supostas ligações com o comunismo. Já “Barbie” se baseia... nos brinquedos mesmo. Na trama, a boneca se vê diante de uma crise pessoal e resolve buscar a cura no mundo real, contando com a companhia de Ken. Fora da Barbielândia , ela descobre que o patriarcado e a diferença no tratamento de gêneros ainda estão bem presentes na vida das pessoas.

Detalhe: antes de fazer “Oppenheimer” na Universal, Nolan teve uma parceria de 20 anos com a Warner Bros., o estúdio de “Barbie”. Foi um rompimento público e agressivo, e muitos especulam que a Warner colocou a estreia de “Barbie” no mesmo 20 de julho que já era de “Oppenheimer” só para espezinhar o diretor.

Benefício mútuo

“Barbie” é, de longe, o filme mais aguardado do ano nos EUA, e “Oppenheimer” vai monopolizar as salas com tela Imax. Nos bastidores, dizem que outros estúdios e exibidores fizeram pressão pela troca de datas de pelo menos um dos lados, temendo um efeito desmobilizador para suas produções nas próximas semanas. Mas ninguém soltou a corda. E, pelo visto, parece ter sido a melhor escolha. Os dois longas vêm colecionando elogios nas primeiras reações, e os resultados de pré-venda sugerem que se beneficiaram do Barbenheimer.

“Eles são basicamente os inimigos perfeitos nas bilheterias neste fim de semana”, disse Dave Karger, apresentador do Turner Classic Movies, ao New York Times. “Sim, eles são tecnicamente concorrentes, mas estão buscando públicos diferentes, e o hype de Barbenheimer parece estar apenas ajudando os dois filmes.”

Ryan Gosling e Margot Robbie em cena de 'Barbie', que estreia no Brasil no dia 20 de julho — Foto: Warner Bros
Ryan Gosling e Margot Robbie em cena de 'Barbie', que estreia no Brasil no dia 20 de julho — Foto: Warner Bros

No momento, analistas de mercado acreditam em um final de semana empolgante para as bilheterias americanas. Alguns, inclusive, apostam que podemos ter a maior bilheteria de fim de semana desde a pandemia. As expectativas são de que “Barbie” fature mais de US$ 100 milhões em seus primeiros três dias em cartaz nos EUA, quando irá ocupar 4.200 salas de cinema, enquanto “Oppenheimer”, uma obra tradicional com três horas de duração, deve arrecadar aproximadamente US$ 50 milhões, em 3.600 salas.

A diferença pode dar a ideia de que Gerwig vai vencer com tranquilidade a briga contra Nolan, mas a verdade é que os dois terão números bem acima do esperado para o nicho em que cada um está inserido. E que a improvável junção entre a cinebio do cientista atormentado por ter criado a bomba nuclear com o mundo cor de rosa da boneca pop pode resultar menos em um monstro de Frankenstein e mais num Tio Patinhas.

O meme que ganhou vida

Além de se completarem nas salas e nos memes da internet, “Barbie” e “Oppenheimer” surgem para consolidar as personas cinematográficas de Greta Gerwig e Christopher Nolan.

A diretora de “Adoráveis mulheres”, inclusive, já revelou que se inspira no cineasta de “O cavaleiro das trevas” para pensar nos próximos passos. Ela quer deixar de fazer pequenos dramas independentes para realizar grandes produções — sem deixar a personalidade de lado. Baseado em um produto, “Barbie” foi o primeiro passo neste sentido.

Arte de fã une "Barbie" e "Oppenheimer" — Foto: Sean Longmore/Fanart
Arte de fã une "Barbie" e "Oppenheimer" — Foto: Sean Longmore/Fanart

Já Nolan, apesar de contar com seus haters, segue como um dos raros nomes de Hollywood que conseguem verba para contar grandes histórias desvinculadas de franquias de marcas e super-heróis. Apesar de seu passado com “Batman”, ele deu entrevistas recentes confirmando que não pretende voltar ao universo dos heróis.

Agora, como se vê aqui, pelo menos na internet os filmes de Gerwig e Nolan estarão ligados para sempre.

Arte de fã une "Barbie" e "Oppenheimer" — Foto: JustRalphy/Fanart
Arte de fã une "Barbie" e "Oppenheimer" — Foto: JustRalphy/Fanart
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