Filmes
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Por — Rio de Janeiro

Mussum, Sidney Magal, Gal Costa, Ângela Diniz, Claudinho e Buchecha. A safra de cinebiografias que repassam a vida (ou recortes) de grandes personalidades brasileiras tem sido fértil neste segundo semestre nas salas e nos festivais do país. Hoje estreia, por exemplo, o longa “Nosso sonho”, dirigido por Eduardo Albergaria, que conta a história da dupla de funkeiros cariocas, de seu surgimento nos bailes à ascensão às paradas de sucesso até a morte de Claudinho, em acidente de carro em 2002. O filme se junta a “Angela”, de Hugo Prata, com Isis Valverde na pele da socialite mineira Ângela Diniz, que entrou em cartaz no início do mês. Em outubro, a programação do Festival do Rio inclui outros três: “Mussum, o filmis”, de Silvio Guindane, grande vencedor do Festival de Gramado; “Meu nome é Gal”, de Dandara Ferreira e Lô Politi, sobre a cantora; e “O meu sangue ferve por você”, de Paulo Machline, inspirado na carreira do ator, cantor e latin lover Magal.

— A cinebiografia não é um documentário, é uma obra de ficção, que potencializa o factual através da poesia, da linguagem dramática — diz Albergaria. — Mais do que respeitar os eventos verdadeiros, deve-se respeitar o sentido das coisas, a essência da história que estava lá.

O próprio Buchecha conta ter ficado muito feliz ao ver sua vida na tela grande e satisfeito com as liberdades poéticas tomadas pela produção. E olha que, entre sucessos e tragédias, a história da dupla é mesmo de filme. Após três álbuns de muito sucesso, em 1999 os dois amigos lançaram um disco ao vivo que reunia seus maiores hits, como “Quero te encontrar”, “Só love” e “Rap do Salgueiro”, e uma composição inédita, chamada “Coisa de cinema”. Na letra, versos que se mostrariam premonitórios: “Nossa história vai virar cinema/ e a gente vai passar em Hollywood.” Passados 24 anos depois, o desejo se torna realidade.

As cinebiografias, ou recortes biográficos, são marcantes na produção audiovisual nacional. “Cazuza — O tempo não para” (2004) levou três milhões de pessoas aos cinemas. Já “2 filhos de Francisco — A história de Zezé di Camargo & Luciano” (2005) foi assistido por mais de cinco milhões de espectadores. O longa dirigido por Breno Silveira cativou Buchecha em um momento em que ainda lidava com a perda do parceiro.

— O filme “2 filhos de Francisco” me marcou muito. Lembro de passar na minha cabeça: “Será que um dia alguém vai ter o interesse de contar a nossa história?” — diz Buchecha, vivido no cinema por Juan Paiva, enquanto Claudinho é interpretado por Lucas Penteado. — No caso de “Nosso sonho”, acabei revivendo vários momentos através do filme. Foi muito emocionante.

Divino, maravilhoso

Diretora de “Meu nome é Gal”, que tem Sophie Charlotte no papel da protagonista, Dandara Ferreira lembra que o projeto nasceu de um pedido da própria Gal Costa (1945-2022), que havia ficado satisfeita com o resultado da série documental “O nome dela é Gal”, feita por Dandara para a HBO. A cineasta reforça que o longa, com estreia prevista para 12 de outubro, não é uma cinebiografia sobre toda a vida da artista, mas um recorte sobre os anos 1960 e 1970, quando ela deixa a Bahia a caminho do Rio de Janeiro.

— É difícil fazer um filme sobre a Gal. Não seria possível resumir toda grandeza dela em apenas duas horas. Então, optamos por um recorte da fase tropicalista do desabrochar dela, com seus 20 e poucos anos — lembra a diretora, que também atua no filme, como Maria Bethânia. — É um desafio enorme contar a história de uma pessoa que está no imaginário de todos, e no nosso caso ainda tínhamos o fato de que ela estava viva quando começamos o projeto. O filme foi feito para ela, e hoje penso que é uma grande homenagem.

Dandara Ferreira e Sophie Charlotte como Maria Bethânia e Gal Costa em "Meu nome é Gal" — Foto: Divulgação/Stella Carvalho
Dandara Ferreira e Sophie Charlotte como Maria Bethânia e Gal Costa em "Meu nome é Gal" — Foto: Divulgação/Stella Carvalho

Ela conta que Gal não quis participar ativamente da produção, mas que sempre se mostrou disponível para esclarecer eventuais dúvidas. A cantora também aprovou a escolha de Sophie para o papel. A atriz passou um mês e meio na Bahia totalmente imersa no universo local e passando por aulas de dança e canto.

— O interesse do público por obras biográficas faz parte de uma curiosidade em conhecer as histórias de personalidades tão grandes. A sala de cinema é uma vivência, então a cinebiografia também permite ao público vivenciar histórias tão incríveis por aquelas duas horas — reforça a cineasta. — Por Gal ter sido uma pessoa muito reservada, poucas pessoas conhecem os detalhes da vida dela. Querendo ou não, o filme também serve para apresentar um pouco mais dessa personagem.

Dandara acredita que filmes de figuras populares como Claudinho e Buchecha, Gal e Mussum podem ajudar a trazer o público de volta para o cinema nacional, e que não se deve tirar de vista a discussão sobre a cota de tela e a necessidade de estes filmes terem espaço nas salas não apenas em horários alternativos.

Termômetro

Paulo Machline, diretor de “O meu sangue ferve por você”, tem experiência em cinebiografias, tendo realizado “Trinta” (2014), filme sobre Joãosinho Trinta estrelado por Matheus Nachtergaele. Ele aposta no potencial deste tip o de produção nacional.

— A pandemia foi terrível para o cinema brasileiro, perdemos nosso público de forma que parece irreversível. Acho que esses filmes com sobrenomes tão populares podem ser um termômetro para sabermos se vamos conseguir reagir. Torço para que sim — diz Machline, que focou sua obra na história de amor entre Sidney Magal e a mulher, Magali West. — Temos a percepção de que Magal é este amante latino o tempo inteiro, que toma banho fazendo pose. Quisemos mostrar que este símbolo sexual que achamos que é de todo mundo, na verdade, quer uma única pessoa.

Aílton Graça em cena como Mussum em "Mussum, o filmis" — Foto: Divulgação/Desiree do Valle
Aílton Graça em cena como Mussum em "Mussum, o filmis" — Foto: Divulgação/Desiree do Valle

Assim como Lucas Penteado (Claudinho), e diferentemente de Juan Paiva (Buchecha), Sophie Charlotte (Gal) e Filipe Bragança (Magal), que embarcaram em seus projetos com seus biografados ainda vivos, Aílton Graça “assumiu” o papel de Mussum quando o eterno trapalhão já estava há quase duas décadas morto. Isso dez anos atrás, quando aceitou o convite para viver o trapalhão e músico no cinema. Mas o projeto foi sendo adiado...

— “Mussum, o filmis” é um projeto de vida. Durante esses dez anos, vi documentários, fui conversar com os filhos e amigos do Mussum, visitei lugares por onde ele passou. Foi uma pesquisa gigante — conta Aílton, que no mês passado conquistou o Kikito de melhor ator em Gramado pelo trabalho. — Um momento fundamental para mim foi ter o encontro com os filhos do Mussum. Eles visitaram o set de filmagens e me viram maquiado. Nos abraçamos e eles me chamaram de pai (chora). Eles me liberaram para fazer este filme.

Com direção de Silvio Guindane, a cinebiografia retrata diversas fases de Mussum, a infância, a carreira militar, a influência do samba, a atuação nos Originais do Samba e na Mangueira e, é claro, a formação do programa “Os Trapalhões”. Yuri Marçal (na juventude) e Thawan Lucas Bandeira (na infância) dividem o papel de Mussum com Aílton.

Inicialmente, “O meu sangue ferve por você” traria José Loreto no papel de Sidney Magal, mas, após longa preparação, o ator precisou deixar a produção para fazer a novela “Pantanal”. Acabou substituído por Filipe Bragança.

— Acho Magal um dos artistas mais autênticos. Ele não só canta muito bem, como tem uma performance artística única — diz o ator. — Existe uma pressão que me coloco porque as pessoas têm uma visão própria de quem ele é. O desafio é entregar uma atuação que capture a essência do artista de forma que todo mundo reconheça.

Filipe Bragança interpreta Sidney Magal em "O meu sangue ferve por você" — Foto: Divulgação
Filipe Bragança interpreta Sidney Magal em "O meu sangue ferve por você" — Foto: Divulgação

O onda de cinebiografias não deve parar por aí. No ano que vem, estão previstos para chegar às telas os filmes “Mamonas Assassinas — O impossível não existe”, de Edson Spinello, “Mauricio de Sousa — O filme”, de Pedro Vasconcelos, e “Dá licença de contar”, de Pedro Serrano, inspirado na obra de Adoniran Barbosa.

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