Exibida entre 2019 e 2021 — com direito a alguns meses de intervalo em razão da pandemia de Covid-19 —, “Amor de mãe” foi uma importante e popular novela das nove da Globo escrita por Manuela Dias e dirigida por José Luiz Villamarim. Em uma das principais tramas do folhetim, Regina Casé deu vida à dona Lurdes, uma mulher nordestina, mãe de cinco filhos, que se muda para o Rio de Janeiro em busca de uma das crianças, vendida pelo marido. A personagem ganhou tanto destaque e foi recebida com tanto carinho pelo público que Manuela decidiu continuar sua história no livro “Diário da dona Lurdes”. E vem mais coisa por aí. O livro será adaptado para os cinemas em “Dona Lurdes, o filme”, com previsão de lançamento nos cinemas para março de 2024.
- Fernanda Paes Leme sobre antes de engravidar: 'Era muito cobrada. A mulher não tem um segundo de paz'
- Pedro Neschling: ator fala da volta às novelas, em 'Renascer', e da surdez
— Desde que acabou a novela eu ficava imaginando como seria a vida dela depois de ter encontrado o Domênico — revela a autora. — O longa mostra a dona Lurdes com todo o seu carisma e suas filosofias de vida sábias e engraçadas, sem o drama de encontrar o filho. Então é um filme bem leve, super cômico, para toda a família, sem aquele melodrama que é necessário para uma novela das nove.
Na última semana, O GLOBO acompanhou uma diária de filmagens do longa, na tradicional Feira de São Cristóvão (Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas), que foi fechada para as gravações. Durante a cena, vimos uma alegre dona Lurdes, novamente vivida por Regina, em uma aula de dança ao lado de novo interesse amoroso, interpretado por Evandro Mesquita. Arlete Salles e Enrique Diaz que retorna como Durval, também estava presentes no set, bem como o diretor Cristiano Marques.
— Já durante a novela, muita gente pedia para que a gente continuasse a história da dona Lurdes. Na época, muita gente falava que merecia uma série como "A grande família", porque tinha mesmo essa história de uma família enorme e diversa — lembra Regina Casé. — Ela é uma mulher incrível, uma mulher nordestina, pobre, mas que todo mundo consegue se identificar, até o rico. Porque ela tem essa coisa da mãe, da vó, uma coisa muito humana, cuidadora e amorosa. Ela chegou num momento de pandemia em que tudo estava ruim, que o país estava doente, e botou todo mundo no colo.
!["Dona Lurdes, o filme" conta com os retornos de Regina Casé, Nanda Costa, Thiago Martins, Jessica Ellen, Juliano Cazarré, Chay Suede, Clara Galinari e Ian — Foto: Globo/Estevam Avellar](https://s2-oglobo.glbimg.com/kudufiVIU7yWOHvyG6Onf0tDurA=/0x0:2977x4168/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/t/T/Vt4apSTheG0H92zr8oHA/dona-lurdes-o-filme-globo-estevam-avella.jpg)
Regina trata sua personagem como “alguém da família”, que ama reencontrar, e comemora a possibilidade de mostrar um outro lado da personagem, mas divertida e leve no filme.
— É uma dona Lurdes um pouco diferente. Ela abriu mão de muita coisa em função dos filhos. E o filme começa quando o último filho sai de casa. O que podia virar um dramalhão melancólico acaba se tornando uma comédia sobre reinvenção. Então mostramos ela encontrando a felicidade, mesmo após tanto sofrimento. Ela vai em vários dates, arruma um namorado, se apaixona, entra em aplicativo de namoro — conta a protagonista.
O novo namorado em questão é Mario Sérgio, um homem tímido e mais sério interpretado por Evandro Mesquita. No longa, o ator tem a oportunidade de reencontrar Regina em cena, numa parceria que já dura mais de 40 anos.
— Está sendo ótimo reviver essa parceria com a Regina que vem desde Asdrúbal Trouxe o Trombone (importante grupo teatral dos anos 1970). Na pandemia, tivemos vários encontros virtuais do grupo, sempre pensando em voltar a trabalhar juntos. Aí veio esse convite e achei muito bacana — revela Evandro. — Eu e a Regina temos uma identificação artística e buscar isso nas filmagens tem sido muito legal.
![Diretor Cristiano Marques (ao centro) ensaia cena entre Evandro Mesquita e Regina Casé em "Dona Lurdes, o filme" — Foto: Globo/Angélica Goudinho](https://s2-oglobo.glbimg.com/ZhBT_d5fqxpVMOgm6Du4ovxqv0c=/0x0:6550x4367/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/r/I/GZEngwSc6EdNSW9YHNzQ/20231123-dona-lurdes-o-filme-ag-004.jpg)
Cristiano Marques, que integrou o grupo de diretores da novela, revela ter recebido com surpresa a notícia de que dona Lurdes ganharia um spin-off nos cinemas, mas que não pensou duas vezes quando recebeu o convite para dirigir o projeto. Ele explica a diferença no novo trabalho para o anterior.
— Existe uma diferença de conceito, não de processo. Hoje em dia, a gente vê tanta coisa diferente e especial na TV, que acho que não dá pra falar em uma roupagem cinematográfica — destaca o realizador. — Mas o filme não é a novela continuada, temos uma outra personagem. E apesar de mantermos o espaço da casa como algo importante, estamos aproveitando o cinema para visitar outros lugares e cenários.
Núcleo de filmes
“Dona Lurdes, o filme” é o segundo longa do novo Núcleo de Filmes dos Estúdios Globo. O primeiro, “Ritmo de Natal”, comédia natalina com Clara Moneke, Isacque Lopes e Taís Araujo, foi lançado no Globoplay na última quinta-feira (30).
— A meta é produzir entre seis e oito filmes por ano, com títulos originais e spin-offs de produtos de sucesso da empresa, que é o caso de ‘Dona Lurdes’; uma personagem que extrapolou a novela e ficou na memória afetiva do público, uma síntese, que a Manuela Dias fez com a Regina Casé, de uma figura muito brasileira — explica José Luiz Villamarim, diretor de gênero dramaturgia da Globo.
As produções do núcleo são pensadas tendo em vista o lançamento comercial nos cinemas, a estreia no Globoplay e a exibição em TV aberta na Globo, sempre usando a estrutura e equipe da emissora para desenvolver as produções.