Os elogios são maiúsculos. “Revelação do ano” na revista New York. “Raro unicórnio” no Los Angeles Times. E, provavelmente o mais repetido mídia afora, mas nem por isso menos impactante, “Payne encontrou o novo Dustin Hoffman”.
Dominic Sessa, aos 21 anos, se tornou, em um filme com as atuações premiadas de Paul Giamatti e Da’vine Joy Randolph, um ímã tão inesperado quanto celebrado pela produção e pelo público de “Os rejeitados”.
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Mais de 800 jovens atores, conta o diretor Alexander Payne, foram testados para viver o magrelo, arredio, alto e introspectivo estudante Angus Tully. Dominic, que jamais havia participado de um filme, estudava na Deerfield Academy, um dos sets de “Os rejeitados”, quando ouviu falar da caça à terceira peça central da história.
Matriculado na turma de teatro do colégio após um acidente o tirar dos treinos de hóquei e para “preencher currículo não obrigatório”, decidiu fazer um teste. E mais um. No terceiro, Payne quase caiu pra trás quando o conheceu.
— Dos cerca de 80 jovens atores que haviam seguido adiante no processo de testes, nenhum parecia ser o Angus que queríamos. Já usei amadores nos meus filmes antes com êxito, até pelo fato de eles terem uma estética quase de documentário. Mas com o Dominic foi meio como um milagre encontrá-lo — diz Payne.
Em uma das cenas mais belas do filme, Paul e Angus estão em um cinema em Boston. Assistem a “Pequeno grande homem”, de Arthur Penn, que passava nos cinemas da cidade no Natal de 1970, com Faye Dunaway e um certo Dustin Hoffman. Bastou a câmera de Payne capturar as duas imagens para o paralelo se espalhar como rastilho de pólvora em Hollywood.
— Sabe que outro dia, depois dessa comparação já ter explodido, o Dustin veio numa sessão especial de “Os rejeitados” e eu fiz questão de apresentá-los? Foi emocionante pacas — conta Payne.
Em entrevista ao Los Angeles Times, Dominic admite que nem cinéfilo era antes de ser eleito o Angus de “Os rejeitados”. Mas que Payne o levou a se apaixonar pela cinematografia de Hal Ashby, com quem se identificou imediatamente. Especialmente com o personagem cínico de Jack Nicholson em “A última missão”. “Penso na atitude dele, em como ele se vestia, se mexia, falava. Fiquei vidrado”, disse.
Mas a comparação com Dustin Hoffman faz sentido? Não é arriscado aumentar a responsabilidade de um estreante que agora também debuta nos muitos eventos de premiação e tapetes vermelhos da indústria do cinema?
— Veja bem, vou dizer apenas que o Dominic poderia muito bem passar por um ator dos anos 1970. E acho que isso foi justamente o que tanto me encantou nele, logo de cara. Estou falando do cabelo, do tom desafiador, meio de saco cheio de tudo, e principalmente de uma urgência antiautoritária profundamente honesta que você sente nele e foi crucial para Angus, e mais do que isso, para o filme como um todo— diz Payne.