Judith Godrèche realizou um discurso emocionante durante a 49ª edição do César Awards, principal premiação do cinema francês. A atriz é considerada importante nome do movimento #MeToo na França após denunciar abusos sofridos pelos cultuados diretores Benoît Jacquot e Jacques Doillon durante a adolescência.
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Ao subir ao palco, a atriz foi aplaudida de pé pelo público presente no teatro. No início do discurso, a atriz falou sobre a dificuldade em falar diante da indústria do cinema francês. Ao longo da fala, ela criticou a omissão do cinema da França diante as acusações de assédio na indústria.
— Já faz algum tempo que estou falando, estou falando, mas não consigo ouvir vocês, ou mal consigo ouvir. Onde vocês estão? O que vocês dizem? Um sussurro. Meia palavra — criticou. — Eu sei que é assustador. Perder subsídios. Perder papéis. Perder o emprego. Eu também estou com medo.
Ainda na fala, a atriz afirmou que tomar uma posição doeria menos do que um soco na cara ou ser arrastada para uma cama, em referências às acusações que fez contra Jacquot, seu ex-companheiro.
— Não podemos ter um tal nível de impunidade, negação e privilégio que faça com que a moralidade passe por cima das nossas cabeças — continuou. — Devemos dar o exemplo. Nós também. Não pense que estou falando com você do meu passado, do meu passado que não passa. O meu passado é também o presente das 2.000 pessoas que me enviaram o seu testemunho em quatro dias... É também o futuro de todos aqueles que ainda não tiveram a força para se tornarem testemunhas de si mesmos.
Ao final, a atriz agradeceu a oportunidade de falar e concluiu:
— Não vamos bancar as heroínas na tela, apenas para nos encontrarmos escondidos na floresta na vida real; não vamos encarnar heróis revolucionários ou humanistas, apenas para acordar de manhã sabendo que um diretor abusou de uma jovem atriz e não dizer nada.