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Por , Em AFP

Em Hollywood, as tradições costumam ser contadas em dólares. E, nas últimas duas décadas, uma nova tradição se estabeleceu: a famosa sacola que é entregue a alguns indicados ao Oscar e cujo custo, mais do que os presentes, é conhecido todos os anos.

Em 2024, o valor chegou a quase US$ 180 mil e entre os brindes há dezenas de produtos: cremes hidratantes de mais de US$ 500, refrigerantes, biscoitos, produtos de limpeza facial, acessórios de cozinha, aventais, ração para animais de estimação, tequila , fronhas, chocolates, estatuetas 3D personalizadas, camisetas, livros, enxaguantes bucais, uma churrasqueira infravermelha portátil no valor de US$ 1.300 e todo tipo de gadgets. Os mimos mais valiosos são, como todos os anos, as viagens. Dessa vez, são três: uma escapadela à Suíça para dez pessoas, um retiro de bem-estar de uma semana no sul da Califórnia e três noites em Saint Barth, uma das zonas mais luxuosas do Caribe.

Mas quem está por trás de tudo isso? E por que os brindes vem se tornando, ano após ano, um clássico do Oscar mesmo sem ter qualquer relação com a Academia? O nome é Lash Fary, fundador da empresa Distinctive Assets, que soube fazer uma das coisas mais importantes e difíceis na cidade de Los Angeles: contatos.

Viagens para destinos de luxo, como Saint Barth, no Caribe, estão entre os brindes mais caros — Foto: Reprodução / Instagram Distinctive Assets
Viagens para destinos de luxo, como Saint Barth, no Caribe, estão entre os brindes mais caros — Foto: Reprodução / Instagram Distinctive Assets

Fary, nascido e criado na Virgínia há 52 anos e radicado em Los Angeles há mais de 25, começou o projeto de forma discreta, mas logo as marcas perceberam que ali havia uma oportunidade de ouro. O negócio é simples: durante meses, Fary vai em busca de cada uma dessas empresas de chocolates ou tônicos faciais. Eles doam cerca de 26 de seus produtos (uma quantidade pequena, no geral), e pagam uma taxa, o salário de Fary. Depois, ele se encarrega de entregar todos esses produtos às maiores celebridades na festa mais famosa do mundo. No fim, todo mundo fica sabendo que essas celebridades usam esses produtos e, com isso, a popularidade aumenta. E todos ganham.

Quando Fary se conecta à videochamada para uma entrevista, parece que estamos em um programa de televendas. Ele está rodeado por dezenas de objetos sobre uma mesa gigante. Os presentes vão chegar aos 25 indicados ao Oscar de melhor atriz, atriz coadjuvante, ator, ator coadjuvante e diretor, além do apresentador da cerimônia. E se algum deles não quiser a bolsa? Ele sorri. Quase sempre, quase todo mundo, ama. Se alguém rejeita (geralmente não são mais do que um ou dois, garante), ele tem um plano B: envia para alguém próximo da corrida ao Oscar. Este ano começaram a distribuir na última quarta-feira e até agora não ouviram um único não. Mas se sobrar algum brinde, será enviado para Greta Gerwig, diretora da "Barbie".

Tudo começou há 25 anos no Grammy. Eles montaram uma loja para o prêmio de música na qual vendiam “roupas e joias para programas de televisão em Los Angeles”, lembra ele. Ali, surgiu esse modelo de negócio: pegar as coisas fornecidas pelas marcas, que pagariam uma taxa pelo trabalho de mediação.

“Eles recebem valor e as celebridades ganham tudo isso de graça. E vamos ser sinceros, você nunca é famoso o suficiente para não aceitar coisas grátis. É uma situação em que todos ganham", resume.

No Grammy, os brindes são distribuídos para 150 artistas, mas com valor menor, cerca de US$ 36 mil este ano. No Oscar, são mais seletivos, e o valor dispara.

“Este ano são US$ 178 mil, mas principalmente pelas viagens. Eles não podem oferecer 150 viagens para um chalé de neve que custa US$ 50 mil, mesmo que seja apenas uma questão de agendamento. Como são tão poucos aqui, o valor dispara”, explica Fary.

E esse não foi o ano mais caro, porque alguns chegaram a US$ 225 mil.

“Mas ninguém saberia a diferença. São as viagens que marcam, os produtos mantêm consistência ano após ano. Damos cerca de 50 produtos e também alguns vales-presente”, explica.

Fary trabalha com “um punhado de colaboradores”, sem falar exatamente quantos são, e contrata quando chega a temporada forte, ou seja, o próprio Oscar. Ele mesmo às vezes enche sacolas, liga para marcas, faz arranjos... e tem uma equipe que se dedica a distribuir ("saímos agora mesmo com a sacola de Jodie Foster, foi a primeira") e gerenciar onde cada indicado deseja receber seus presentes.

Por exemplo, ele explica que Sandra Hüller, indicada por "Anatomia de uma queda", perguntou se poderiam enviar a bolsa para a Alemanha, porque ela só estará em Los Angeles para a gala. Sem problema. Existe distribuição internacional.

“Minha empresa basicamente conecta marcas com celebridades e eventos de destaque. Às vezes é algo independente do Oscar", explica. Ele enfatiza em alguns momentos que não está vinculado à Academia, lembrando outras situações em que também atua: "nos bastidores do Grammy, ou na festa de aniversário de um famoso para a qual levamos uma marca de bebidas alcoólicas para patrociná-lo”.

Para escolher seus colaboradores, Fary tem uma política simples e bem americana: “Primeiro a chegar, primeiro a ser servido”, frase tão usada nos Estados Unidos que até é conhecida apenas pelas iniciais, FCFS. Ou seja: quem chegar primeiro, ganha. Se eles têm uma marca de calçado, é a única que existe. Se você quiser entrar com uma garrafa térmica, item ainda ausente da cesta, será bem-vindo. Isso obriga quem quiser entrar a ser rápido ou a diversificar. Além disso, o empresário gosta de trabalhar com empresas pertencentes a mulheres e comunidades minoritárias.

“Por exemplo, existe uma pequena empresa chamada Hot Tea Coffe House que fabrica produtos de banho de luxo. É de uma mãe solteira surda, participou ano passado e este ano está de volta. No ano passado saiu na imprensa uma vez, apenas uma vez, e esgotou. Ele me escreveu entre lágrimas dizendo: 'Não sei como lhe agradecer por esta oportunidade'."

Hoje em dia, as malas começam a chegar, todas iguais, sem diferença entre homem e mulher, a não ser pela cor ou tamanho de algum produto (como sapatos, cada um com seu tamanho). Algumas voltam, é claro.

“Nunca sei o motivo. Às vezes, estão viajando. Eles não querem, pode incomodá-los, têm conflitos publicitários, ou não entendem”, diz Fary.

Estatueta do Oscar — Foto: ANGELA WEISS/AFP
Estatueta do Oscar — Foto: ANGELA WEISS/AFP

Fary conta algumas histórias como a do ano em que Jennifer Lawrence pediu à mãe que fosse ao resort italiano escolhido: “Olá, sou Jennifer Lawrence, minha mãe quer ir, pode ser? Eu não posso ir, mas seria um bom presente de Dia das Mães ou algo assim".

"E funciona, porque às vezes a mãe de uma celebridade é melhor que a própria celebridade, ela volta dizendo: 'Esse lugar é ótimo.' O diretor Ron Howard foi a um resort em Connecticut e gostou tanto que celebrou lá o casamento do filho e postou nas redes sociais”, lembra Fary.

Para ele, tudo faz parte da magia da premiação.

“O Oscar é apreciado no mundo todo, acho que é porque muitos atores vêm de todo o planeta. É um momento universal impressionante.”

Depois de anos no setor, ele não tem muitos amigos famosos. E com uma empresa tão envolvida nessas premiações, estará na cerimônia? "Nunca. Eu nunca vou. Uma vez, muitos anos atrás, fui ao tapete vermelho e foi uma das experiências mais incômodas da minha vida. Está lotado e tem muito trânsito, duas coisas que odeio. “Espero nunca mais voltar”, ele ri. É o momento de folga dele antes que as rodas voltem a girar: eles têm eventos para o Dia das Mães, descansam e, depois, recomeçam. “O que eu gosto no Oscar é assistir na TV, na sala. No domingo finalmente terminamos. Então respiro fundo e aproveito o evento e vejo aqueles que apoiamos vencerem felizes.”

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