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Filmografia
Em entrevista dada ao GLOBO em 1998, Nelson Pereira dos Santos comentou seus clássicos mais marcantes. O cineasta morreu neste sábado, de câncer no fígado, descoberto tardiamente após internação devido a pneumonia. Veja o que ele falou sobre sua obra.1 de 7
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'Rio 40 graus' (1954)
"Eu só descobri uma realidade que merecia um filme neo-realista quando me mudei de São Paulo para o Rio e entrei em contato com a favela carioca. O filme marcou o meu desligamento do Partido Comunista. Alguns dirigentes me falaram que cinema no Brasil só depois da Revolução. Eu não acreditava nisso: tinha câmera, negativo, tudo para fazer cinema."2 de 7
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'Rio zona norte' (1957)
"Esse filme nasceu do meu convívio com o Zé Ketti (autor dos sambas dos dois filmes) no 'Rio 40 graus'. Tinha nessa época a idéia de fazer um trilogia sobre o Rio, cujo terceiro filme seria o 'Rio Zona Sul'. Acho que se 'Rio 40 graus' é influenciado por Jorge Amado, vejo este mais próximo do realismo de Lima Barreto."3 de 7
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'Vidas secas' (1963)
"A experiência do 'Mandacaru vermelho' serviu muito para mim. Me fez entender melhor a luz do sertão e ver que não poderia fazer 'Vidas secas' da forma tradicional. Aí vem o Luiz Carlos Barreto dizendo que fotografia era Cartier-Bresson e que tínhamos que filmar o sertão com a lente nua, sem os filtros que se usavam na época. Deu certo."4 de 7
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'Tenda dos milagres' (1975)
"Li o livro de Jorge Amado naquela época e tinha uma velha vontade de filmá-lo. Gostava da forma não dogmática com que ele tratava a religiosidade popular e a questão social. É um filme que abarca um período longo, vai do início do século até a época em que foi feito. Poderia ser mais concentrado."5 de 7
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'Memórias do cárcere' (1983)
"Tive a ideia de filmar o livro do Graciliano logo depois do Golpe de 64, mas não houve condições. Se não fiz no início da ditadura, consegui fazer no final e o filme foi lançado na hora certa, no meio da campanha pelas diretas, como uma celebração do fim da ditadura. Quis mostrar como nossa sociedade produz ciclicamente períodos autoritários."6 de 7
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'A terceira margem do rio' (1993)
"Era um velho projeto filmar Guimarães Rosa. Sempre quis entrar nesse universo, nessa outra visão do Brasil do interior, de um mistério que está sempre presente nas relações humanas. Isto está nos contos que adaptei, como 'A menina de lá', 'Os irmãos Dagobé'. Há nestes personagens, como notou o Paulo Rónai, o convívio com leis não escritas."7 de 7
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