Flip 2023: Programação paralela foi a mais afetada pelo apagão desta quinta-feira (23)

Como não existe tempo hábil para remarcar a maioria dos compromissos, o cancelamento dos eventos significou gastos desnecessários para um setor já em crise. Quando convidam autores, as casas parceiras costumam arcar com a hospedagem e muitas vezes com a alimentação. A oportunidade frustrada de divulgar (e vender) os livros deixou escritores chateados por terem perdido a viagem.

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As casas que se mantiveram abertas precisaram realizar improvisações para seguir com as suas programações no escuro. Estreante na Flip 2023, a Casa do Utopia resolveu seguir com os planos de fazer um sarau no pátio do antigo prédio colonial na Rua Dr. Pereira, onde está sediada. A solução foi continuar a luz de velas.

— Teve quem achou romântico, mas muitas pessoas deixaram de vir porque estavam perdidas e incomunicáveis. Não só aqui, mas em todas as outras casas — queixou-se Verônica Lima, presidente da Comissão de Cultura da Alerj e uma das organizadoras da Casa da Utopia. — É uma falta de respeito com o setor, falta de compromisso de uma empresa que ganhou uma concessão e deve prestar um bom serviço. Era absolutamente previsível que ia acontecer, porque não é a primeira vez em Paraty.

O fornecimento de enregia elétrica foi reestabelecido pouco antes das 23h. Em nota, a Enel informou que "normalizou o fornecimento de energia para todos os clientes de Paraty às 22h50. Um raio atingiu a linha de distribuição Mambucaba-Paraty no fim da tarde de hoje (quinta-feira) e provocou oscilação de tensão na rede que atende o município. Para realizar os reparos necessários na Linha, a empresa precisou realizar um desligamento temporário de forma emergencial. A companhia mobilizou todos os esforços para garantir a energia para a cidade. Técnicos da distribuidora atuaram em local de difícil acesso e densa vegetação, com fortes chuvas, no momento do reparo".

Em duas oportunidades diferentes no mês de setembro, a cidade ficou mais de um dia sem energia elétrica. Em outubro, uma decisão judicial em primeira instância deu razão às queixas apresentadas pela prefeitura municipal. O judiciário aplicou diferentes multas que, somadas, podem chegar a R$1 milhão para a empresa italiana em caso de descumprimento de metas estabelecidas.

— É lamentável — reclamou o prefeito Luciano Vidal — Não só o que acontece em Paraty, mas também em outras cidades como São Paulo. É um vexame que um Patrimônio Mundial da Cultura e Biodiversidade pela Unesco fique sem energia em uma feira literária dessa magnitude.

Por outro lado, a Enel Distribuição informou que trabalha continuamente para implementar melhorias. Após um raio atingir a linha de distribuição Mambucaba-Paraty, a companhia garantiu ter mobilizado todos os esforços para atuar em local de difícil acesso e densa vegetação.

“A Enel informa que investiu aproximadamente R$ 5,3 milhões em manutenção da rede em 2022 no município de Paraty, realizando 83 mil serviços de poda, 870 manutenções preventivas na rede, substituição de 46 postes e a inspeção de 1,5 mil km de rede elétrica, tanto por meio terrestre, quanto por vistorias aéreas, utilizando helicópteros e drones em locais de difícil acesso. A Enel também colocou em operação um novo alimentador na subestação de Paraty, beneficiando 8 mil clientes”.