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Por — Paraty

Artista homenageado da 21ª Festa Literária Internacional de Paraty, o poeta, tradutor e “intérprete” Augusto de Campos teve o vídeo de uma conversa sua com Caetano Veloso exibido no Auditório da Praça no início da tarde deste sábado.

A descrição dele no parágrafo anterior como intérprete vem de um trecho em que ele próprio reivindica o título.

— Falam de mim como poeta, mas, na verdade, sou intérprete. Não existe carteira profissional para poeta. Eu sou advogado. Nos momentos difíceis, eu puxava o carteirão (de advogado) — disse ele, aos 92 anos. — Às vezes, sou intérprete de mim mesmo. Sempre tive esse compromisso em interpretar artistas que eu admirava.

Atualmente encantado com canções de Tim Maia (cuja biografia escrita por Nelson Motta ele adorou) e Rosana (na fase pré-romântica), o “intérprete” diz querer “sossego”, como a música de Tim, e estar ouvindo bastante música “para ficar bem”.

— Acho que está havendo, no mundo, uma espécie de normatização de uma certa loucura. Você fica desiludo com o ponto a que a humanidade chegou. Isso acaba se refletindo em todos os ares, na arte e na cultura também. Se não tomar cuidado, ter noção de ética, entra num período de apequenamento. É preciso resistir — disse Augusto, ao que Caetano respondeu. — Ver essa atitude radical reacionária é assustadora. É preciso mesmo invocar Pagu (escritora homenageada).

Por falar nela, a relação entre Augusto e a jornalista, crítica e poeta foi bastante explorada na conversa. Augusto escreveu “Pagu: vida e obra” em 1982, uma mescla de antologia e perfil biográfico que ajudou a resgatar sua figura, morta 20 anos antes.

— Apesar de grande quantidade de livros que fizeram sobre ela, até hoje não foi bem compreendida — disse Augusto, ressaltando que seus amores (ela sempre foi apontada como o motivo da separação de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral) e dores (foi presa por dois anos por atividades comunistas) sempre chamaram mais atenção que a obra. -As pessoas se fixam nos aspectos mais tumultuados da vida dela.

Para Augusto, ela levou o radicalismo de vanguarda para o comunismo numa “fase ruim” de stalinismo.

— Quando ela se alistou com maior animação e ingenuidade, era uma luta que não levava a nada. So a levou para a prisão, esteve presa dois anos. Graciliano Ramos ficou seis meses e fazem essa onda toda. Ela saiu de lá e tentou se suicidar. Objetivamente, ela entregou a vida e perdeu tempo. É uma vida trágica — disse o poeta, lembrando que, nos anos 1940, ela fez um trabalho importante de jornalismo e crítica. — Ela divulgou especialmente autores de vanguarda.

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