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Por — Paraty

Kelefa Sanneh surgiu no Auditório da Matriz com as cores da bandeira do Brasil. As roupas coloridas combinadas ao bom humor de Sanneh deram o tom e divertiram o público que assistia à mesa da Flip “O meu primeiro amor que acabou com o segundo”.

Autor do livro “Na trilha do pop: a música do século XX em sete gêneros”, o crítico musical — que escreve atualmente para o The New Yorker — começou discutindo a dificuldade de se identificar atualmente os gêneros musicais, cada vez mais fluidos. Sanneh defende que cada um deles deve ser visto como identidade cultural e questiona a ideia quase universal de que “música conecta as pessoas”.

—A música pode sim conectar as pessoas, mas também gosto de analisar como funciona a desconexão a partir dela. Quando um grupo escuta determinada coisa e você decide ouvir outra, está escolhendo se separar de uma comunidade — pontua o jornalista.

Ainda sobre as misturas entre os gêneros, ele opina que não é algo do presente. Sanneh lembra que em 1970 todos os diferentes estilos acabavam se misturando com a disco music e que o fato de todo mundo acabar “se encontrando na pista” gerou um movimento de aversão, de rebelião, culminando no punk.

— É essa tensão entre se aproximar e se afastar que cria os gêneros musicais. Enquanto em um dado momento pessoas querem se juntar para fazer parte de uma comunidade, chega uma hora que algumas pessoas querem se separar disso. Assim nascem novos estilos — explica.

Ele explica que os gêneros precisam de regras e características para construir barreiras que limitem a entrada de todas as pessoas. Para ele, é necessário criar o espaço da exclusão para criar o espaço do gênero. Afinal, se cada um enxergar as categorias como comunidades, os fãs e ouvintes vão querer saber quem faz parte dela para poder decidir entrar ou não.

Sanneh conta que quando entrevista algum artista é comum que eles não se rotulem dentro de um gênero e digam: “faço música”, ao mesmo tempo se duvidam que Jay-Z, por exemplo, faz hip-hop, o artista logo dá um passo para trás e abraça determinado estilo.

— É uma tensão entre liberdade e querer fazer parte da comunidade. De tempos em tempos eles enfatizam mais uma coisa ou outra.

A crítica musical

Um dos temas discutidos foi o papel do crítico musical e como conduzir essas análises partindo do princípio que cada um tem um gosto e uma bagagem musical. Sanneh diz que tenta pelo menos ser educado e se questiona constantemente: “Como posso curtir isso que tanta gosta?”

— Os julgamentos parecem que te atingem como pessoa porque a música é pessoal. Um dos últimos shows para o qual fiz crítica foi um do James Blunt e minha primeira reação foi pensar “não, não”. Mas quando estou no show, com as pessoas e vejo as reações delas, consigo entender porque eles gostam daquilo, começo a ver pontos que não enxergava — explica Sanneh.

Porém, ele confessa um ponto fraco: ainda tem preconceito com artistas que querem trazer uma estética do passado, seja na forma com que se apresentam ou no som que fazem. Questionado se Amy Winehouse entraria nessa categoria, ele diz que sim:

— Nunca consegui me conectar com a Amy. E quando digo isso, quero dizer que não acho boa, mas estou dizendo de um jeito educado. Todo mundo acha e entende gosto musical como algo muito particular e que faz parte de nós. Então, partindo do âmbito musical, isso só faz de nós diferentes porque discordamos musicalmente.

Kelefa Sanneh também destaca que está muito feliz em viver em um tempo onde o hip hop é o gênero mais popular do mundo e que tal estilo de música é identificado como da comunidade negra. Por fim, ele refletiu sobre as redes sociais e fez uma comparação com os videoclipes.

— Quando a MTV surgiu, os artistas foram criticados e disseram “é tudo pela imagem e não mais pela música”. Eu encaro como algo que faz parte do trabalho e tem gente que faz isso muito bem. Com as redes sociais é a mesma coisa, faz parte e é uma outra forma de conexão do artista com o fã e tem gente que é muito boa nisso — opina ele, que diz ouvir Kevin O Chris, Livinho e Anitta, além de acreditar que uma onda brasileira pode estar por vir nos EUA.

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