RIO - Os funcionários da Casa de Rui Barbosa, centro de pesquisa no Rio de Janeiro, amanheceram com uma novidade no Diário Oficial: o governo empossou uma nova presidente para a instituição, a jornalista Letícia Dornelles.
Até esta quinta-feira, Lucia Maria Velloso de Oliveira estava no cargo interinamente, ocupando o lugar de Marta de Senna, que se afastou por questões pessoais no ano passado.
Letícia é gaúcha de Uruguaiana, e tem carreira como jornalista e roteirista. Trabalhou em programas de variedades e de esportes da Globo, da Record e da Band nos anos 1990. Depois, tornou-se roteirista, colaborando em novelas como "Por amor" (1997), de Manoel Carlos. Mais tarde, passou a assinar séries e novelas na Record e no SBT. Ela é autora também de alguns livros infantis.
Em texto que anuncia a nova presidente no site da Secretaria Especial de Cultura, Letícia Dornelles afirma: “É uma honra assumir esse cargo. Eu serei uma guardiã da cultura no Rio de Janeiro e no Brasil”. Diz ter planos para que a instituição tenha mais divulgação e "seja conhecida para além dos limites de Botafogo ( bairro onde está localizada )".
No texto, Letícia diz que estudou amplamente a biografia de Rui Barbosa: “Ele pensava questões que hoje são cruciais, muito antes de estarmos vivendo esta época. Então ele é um homem atemporal, como é típico de grandes pensadores”.
Indicação dos funcionários foi ignorada
Na instituição, a notícia foi recebida com surpresa. Em geral, acadêmicos ligados às áreas de estudos da Casa de Rui Barbosa (História, Direito, Filologia e Literatura) assumem a presidência do local.
Em 2015, servidores passaram a indicar, por meio de votação, o presidente, que poderia ser funcionário da casa ou não. Apesar de a palavra final ser do governo, nos dois últimos mandatos, os nomes eleitos pelos servidores, de Lia Calabre e Marta de Senna, foram acatados.
Em dezembro de 2018, os servidores indicaram a historiadora Rachel Valença para o cargo. Após passar 33 anos na instituição, Rachel havia deixado o posto de diretora do Centro de Pesquisa em 2010.
- Em janeiro o meu nome foi levado ao Henrique Pires ( então secretário especial de Cultura ). Pelo que soube, nunca houve uma resposta.
Rachel vê com preocupação a nomeação:
- Não é nada pessoal, mas colocar uma pessoa tão afastada da história da Casa é um desrespeito muito grande. Fiquei em estado de choque com a notícia. Havia muita gente gabaritada para o cargo, não importa que seja de direita ou de esquerda.