Cultura

Jeff Kinney, autor de 'Diário de um banana' fala de seu personagem mentiroso e azarado que, em ...

RIO - Não se devem buscar sinais de integridade no protagonista de "Diário de um banana", um romance em quadrinhos que se tornou best-seller nos Estados Unidos e foi lançado há pouco no Brasil (V&R editora). Greg Heffley, 13 anos, é um anti-herói, mente para os pais, trapaceia em atividades escolares e faz de gato e sapato o melhor amigo. Mas é ingênuo, azarado e, mesmo quando estamos todos torcendo por ele, quase sempre leva a pior.

- Greg está longe de ser um protagonista politicamente correto. Ele é um adolescente comum, experimentando os sofrimentos do ambiente escolar e tentando ser um cara mais popular. Às vezes, nem sabe distinguir certo e errado. Apronta das suas e ainda espera recompensa - conta o autor do livro, Jeff Kinney, em entrevista à Megazine. - Não quero mandar mensagens. A idéia é fazer as pessoas rirem.

Kinney lançou "Diário de um banana" ("Diary of a wimpy kid", no original) no site Funbrain.com, há três anos, em forma de tirinhas. Mas as histórias atraíram uma avalanche de cliques e, ano passado, foram materializadas num livro que ficou 33 semanas na lista de mais vendidos do jornal "The New York Times". Há duas semanas, a obra ganhou sete indicações para o prestigiado Prêmio Harvey, incluindo a categoria melhor escritor. Além disso, os estúdios Fox compraram os direitos da série (serão cinco livros no total) para fazer um filme.

- Deve ser um longa-metragem meio animação, meio real. Mas estamos no início do projeto, que só deve ficar pronto ano que vem - explica Kinney, por telefone, de Los Angeles.

"Diário" é um romance gráfico, cujo personagem virou queridinho nos EUA. Greg morre de medo de ser alvo de gozação na escola e faz tudo para ser popular ("Pelos meus cálculos, sou o 52 mais popular deste ano", diz). Numa eleição para tesoureiro do grêmio, colou cartazes acusando o outro candidato de ter piolho, mas foi censurado pelo diretor e perdeu a votação.

O anti-herói é o filho do meio de uma família de classe média americana. Diz-se perseguido pelo irmão mais velho e acha que seus pais protegem o caçula. Greg só quer dormir e jogar videogame.

- Quem ler o livro buscando lições de moral não vai gostar. A história é toda contada por Greg, em primeira pessoa. Os leitores recebem só a versão dele para cada caso. Não há uma terceira pessoa esclarecendo - explica Kinney.