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Cultura

Lázaro Ramos: 'A vaidade me deu muitas rasteiras na vida'

Artista fala sobre seu primeiro filme como diretor, o premiado ‘Medida provisória’, do ciúme das cenas de beijo de Taís Araújo e dos motivos de orgulho, mas também de alerta, pelo reconhecimento público na defesa das igualdades no país, que o leva a se policiar para não ficar se achando ‘grande coisa’
Lázaro Ramos: 'É impossivel dissociar o filme do que está acontecendo politicamente e socialmente' Foto: Pedro Napolinario/ Divulgação
Lázaro Ramos: 'É impossivel dissociar o filme do que está acontecendo politicamente e socialmente' Foto: Pedro Napolinario/ Divulgação

Lázaro Ramos aparece chorando no making off de “Medida provisória”, filme que marca sua estreia como cineasta e chega aos cinemas em 25 de novembro. O diretor foi tomado pela emoção quando viu amigos como a escritora Conceição Evaristo aparecerem de surpresa para encorpar o elenco de figurantes da última cena do longa, que também conta com a participação de seus filhos, João e Maria. A passagem encerra com espírito de resistência o filme, ganhador do prêmio de melhor roteiro no Indie Memphis Film Festival, e de melhor direção e ator ( Alfred Enoch ) no Pan African Film, em Los Angeles. O perfil no Instagram desse último festival apresentou o projeto como "o filme brasileiro mais importante desde Cidade de Deus".

Baseado na peça “Namíbia, não” (escrita por Aldri Anunciação em 2011), o longa se passa num futuro distópico e mistura gêneros como humor, thriller e comédia para contar uma história que começa com a notícia da reparação financeira para negros por causa da escravidão. Ela não se concretiza e o que acontece é uma medida provisória que determina a devolução dos “cidadãos de melanina acentuada” para a África.

Segue pelo viés da comédia, recheado por diálogos tipo “mas e Maria Gadu, é melaninada?", "acho que, no caso da Camila Pitanga, é facultativo". A porção thriller assume a narrativa quando os negros precisam se esconder em um “afrobunker”, uma espécie de novo quilombo. O drama se estabelece na história de amor entre a médica vivida por Taís Araújo e o advogado interpretado por Alfred Enoch, que enfrentam uma separação forçada. O elenco traz ainda Renata Sorrah, Adriana Esteves, Seu Jorge, Emicida, entre outros.

Taís Araújo: 'Tive a chance de conhecer meus filhos na quarentena'

Se a gente levar em conta o quanto a realidade atual tem superado a ficção, o roteiro nem parece tão absurdo assim. Lázaro, inclusive, preparava-se para exibir o filme pouco antes de a pandemia espalhar a distopia no ar. As sessões só aconteceram no início deste ano, quando o longa passou a percorrer festivais pelo mundo.

O ator, que vai estrear em “Sob pressão”, rodou a série “Aruanas” e “O silêncio da chuva” (filme de Daniel Filho, que estreia dia 23 de setembro, é baseado na obra do escritor Luiz Alfredo Garcia-Roza, e em que Lázaro vive o delegado Espinosa), conta abaixo que a recepção de "Medida provisória" tem variado de acordo com a realidade dos países em que é exibido. Ele também fala sobre como a intimidade "é ruim, mas é boa" na hora de dirigir sua companheira, Taís, do desafio atual que tem enfrentado na educação dos filhos e de seu primeiro livro para o público adolescente.

O mundo tem recebido bem o seu filme...

A sensação é de que, dependendo do momento histórico e do país, ele muda de sentido. Nos Estados Unidos foi uma explosão, com críticas superlativas. Tratar desses assuntos de forma pop é da cultura deles. O debate racial e sobre imigração está quente lá. As pessoas querem ouvir sobre isso no cinema. Na Inglaterra, o humor ácido foi forte. As perguntas eram meio irônicas. Na França, foi só a parte do sofrimento. Tudo sério, respeitoso, denso. Na América Latina, pegaram o filme para si. Ninguém falava sobre o Brasil, mas da questão da exclusão e do racismo na América Latina. Foi interessante ver como se apropriaram.

Fico feliz com a repercussão lá fora, mas sei que, para um brasileiro, tem outro sabor. As músicas, os atores... Sei que no Brasil tem um valor para além do que posso imaginar e, estou doido para ser surpreendido.

O filme seria exibido em março de 2020, quando veio a pandemia. O mundo e o Brasil eram outros. Houve o Black Lives Matter e muitos outros acontecimentos. Como tudo que ocorreu nesse período influencia a percepção sobre o filme?

É impossível dissociar o filme da nossa história das ruas, do que está acontecendo politicamente e socialmente, apesar de ser uma história costurada em 2011. A realidade surpreende mais que a arte pode prever. Várias coisas no filme eram um alerta sobre o que não queríamos que acontecesse, e aconteceram. Confinamento, uso de máscara, conflitos raciais, polarizações e opiniões radicais. Por um lado, é bom a arte ter a capacidade de farejar; por outro, fico alerta, porque o filme foi feito com o propósito de emocionar e prevenir, de falar que o caminho da aproximação é transformador e possível.

Quando conversamos antes da pandemia, você estava um pouco inseguro sobre como os temas abordados no filme iriam bater nas pessoas. Está mais tranquilo?

Não é um lugar tranquilo. O entendimento vai variar de acordo com as crenças das pessoas. Também é o papel da arte, mobilizar, mexer. Não tem como um filme desse não mexer no racional e no emocional. A parte positiva é que é emotivo. Inclusive, em cima de decisões que  tomei. Muitos consultores diziam que eu tinha que começar no thriller. Optei pela comédia porque sei que é um elemento de aproximação. Às vezes, a gente debate esses assuntos só no racional e não consegue sair de onde está. A minha estratégia é emocionar, engajar através do entretenimento. Adoro entreter. Antes, morria de vergonha de falar isso porque poderia ser considerada uma arte menor.

A partir do entretenimento, a gente pode baixar a guarda e debater de maneira mais saudável. Se isso será possível mesmo eu não sei, só vou saber quando ele for para os cinemas. Mas sou otimista. O riso e a lágrima coletiva são fortes. Nas exibições pelo mundo, fui surpreendido com momentos em que não esperava que as pessoas se emocionassem. Isso é positivo na experiência cinematográfica. É o que dá sentido a gente ainda estar numa sala de cinema. Hoje, podemos assistir a uma série no streaming sozinho, no celular. Mas quando vivenciamos coletivamente essa experiência no cinema, não há sabor igual.

No filme, a personagem da Taís, diz: "Quero falar sobre outras coisas: bolsa de valores, astrofísica...". É duro viver num mundo em que é preciso falar racismo o tempo todo?

Por falar muito sobre questões raciais ao longo da vida, sou desafiado a não falar sempre da mesma maneira. Queria que esse filme não fosse apenas sobre um tema, que tivesse várias células de acontecimentos que debatessem vários assuntos. Sempre há o desejo de convocar mais pessoas a se sentirem parte desse assunto. É um princípio que tenho dentro de tudo que faço.

Mas houve uma preocupação de tentar trazer várias visões. Tem Taís; ( Seu ) Jorge, um jornalista ativista e impulsivo; o Alfred Enoch, que acha que com a palavra vai mudar o mundo; a cumpridora de regras feita pela Adriana Esteves; a vizinha vivida pela Renara Sorrah, que acha que está fazendo o bem, mas tem um olhar muito primário sobre esses temas... Tinha o desejo de mostrar essa diversidade. Quero que as pessoas, em algum momento, pensem "eita, eu sou um pouquinho assim".

O presidente da Fundação Palmares puxou um boicote ao filme...

Prefiro dar visibilidade aos profissionais incríveis que fizeram o "Medida...", uma turma dedicada e trabalhadora construindo parte relevante da nossa cultura. O argumentos dele são baseados em nada, ele nem assistiu ao filme e está tentando gongar.

Você já reclamou de como, muitas vezes, os personagens negros são estereotipados. Seu filme conta com 77 atores negros. Como aproveitou para fazer diferente?

Foi um trabalho lindo feito pela Tatiana Tibúrcio, preparadora de elenco. Muitas vezes, me incomodei ao assistir a um filme que falava sobre uma coletividade negra em que parecia que aqueles personagens todos eram um só, como um coro sem forma, sem personalidade. A gente fez um trabalho com 33 atores do teatro carioca para entender essa tese, e se era possível dar personalidade a cada indivíduo.

Escolhemos os personagens determinando profissões diferentes, postura de vida, reação a cada situação do filme, figurino e tentando dar o máximo de diversidade nesse grupo de negros. Ensaiamos cenas criando uma outra camada de texto para eles. Não tem ninguém fingindo que está falando. Todo mundo está vivendo intensamente sua situação.

Como foi dirigir sua companheira, Taís, além de Renata Sorrah, Adriana Esteves, Seu Jorge, Aflred Enoch?

Cada um pertence a uma enfermaria ( risos ) e exigia um estímulo diverso. Alfred é um ator que celebra o pai ( William Russel ), que o ensinou a estudar texto. Ele fica com um caderno anotando tudo. Parece que não está te ouvindo, mas capta tudo e faz algo muito artesanal.

Com Taís, intimidade é bom e ruim. Ela me questiona muito como diretor ( risos ). Peço uma coisa, e ela pergunta, pergunta... O marido aqui, junto com o diretor, diz "tenha paciência!". Mas é tão inteligente que consegue imprimir a opinião dela ao mesmo tempo em que oferece o que a cena precisa.

Adriana Esteves é o que parece: alma e coração. Se joga, acaba a cena e comenta o que sentiu. Seu Jorge tem uma presença que já é cênica parada. O olhar, o jeito como se porta é lindo. É preciso ficar atento ao momento em que a maior intensidade dele vem. É mágico, arrebatador.

Renata Sorrah é aquele monstro. Também coração e alma e, nossa, como é engraçada! Mantém o set num astral... Juntar Adriana e Renata é uma loucura. Há takes que não pude usar porque Adriana estava rindo da Renata. Elas parecem crianças brincando e, vou falar, ficam dispersas ( risos ).

Você virou uma das vozes mais fortes em defesa da igualdade racial e social no país. Isso deve te trazer muita responsabilidade. Como lida com essa pressão?

Durante muito tempo, principalmente na minha adolescência, eu queria ser escutado, falar sobre o que estava sentindo, pensando e via que não estava sendo debatido da maneira que eu acreditava. É um lugar positivo ser escutado e poder tentar transformar os lugares, fazer as pessoas refletirem sobre chagas que vêm de anos. Há quanto tempo a gente fala sobre a desigualdade no país, sobre a falta de investimento em educação, contra o racismo?

Agora, não há como não ser uma prisão e uma liberdade. Não há nada que eu fale e escolha que seja livre desse lugar. Fico analisando racionalmente a parte emocional que me afeta, junto com minha esposa, com meu pai, amigos e terapeuta. Dou aquela choradinha, pego força e sigo adiante.

Você foi eleito uma das personalidade negras mais influentes do mundo, em 2017, indicado ao Emmy pelo personagem Foguinho, da novela "Cobras & lagartos". O que tudo isso significa para você?

Motivo de orgulho e de alerta. Toda vez que recebo premiação ou alguém me celebra, tem um bichinho que fica me incomodando. Diz que não posso me acomodar com esses títulos. Trabalho para entender que são transitórios. O que faz a gente permanecer é trabalhar. Sou um operário. Se faltar um profissional, carrego cadeira. Estou aí para fazer uma construção de narrativa cultural.

Me policio porque já vivi um momento oposto. Sei que a vaidade, acreditar que eu era grande coisa, me deu várias rasteiras na vida. Isso, na verdade, é um alerta, não tem nada a ver com humildade. Quando me acomodei, não fiz o personagem da melhor maneira.

Por isso, sempre busco aquele ator de teatro que levava o seu próprio figurino para fazer o personagem, que, às vezes, não tinha dinheiro de transporte para chegar no teatro e ia andando pela paixão de fazer aquilo. Chegava lá e era muito feliz por estar em cena e dar alguma contribuição a quem está assistindo. Não só social, mas também uma risada que deixa o dia melhor.

No livro "Na minha pele", você fala sobre como o quarto de empregada, onde sua mãe ficava no trabalho, foi um lugar que habitou quando criança. Como é ver filhos crescendo em outra realidade?

Dá vontade de agradecer aos meus pais, que fizeram tudo certo. Porque o que conquistei na vida e o jeito que crio meus filhos é fruto dessas pessoas incríveis. Trabalharam muito a minha autoestima, investiram na minha educação e no meu acolhimento. Meus filhos acabam sendo a sequência disso. Também é um desafio, como a criação de qualquer filho. Um lugar de medo, dá vontade de protegê-los de tudo.

Quando a criança sai de casa, vai enfrentar o mundo, violências, preconceitos, é inevitável. A possibilidade de dar uma boa formação dentro de casa é um aliado. Somos uma família muito afetuosa, que conversa e orienta dentro da linguagem que eles entendem. Isso já é um passo transformador, porque muita gente não tem. Vive com famílias desestruturadas, sem acesso aos direitos nem receber carinho. Carinho também é político, é transformador. Meus filhos têm uma outra história, o que não impede que vários dos problemas que acontecem com outras crianças ocorram com eles...

Qual é o maior desafio atual que tem enfrentado na educação das crianças?

Permitir que tenham autonomia. Porque é também lidar com meus demônios. Às vezes, dá vontade de fazer do seu filho você mesmo. Me percebo olhando para eles em cima da minha vivência, dos meus desejos, do que quero para eles, do que acho deles. Esqueço de conviver e conhecê-los de verdade e vou interferindo o tempo todo. Esse demônio do querer que seu filho pense, fale, aja e queira o que você quer está presente. Tenho me policiado. A pandemia trouxe a possibilidade de conhecê-los mais. Não posso projetar tanto.

E no casamento? Taís disse, no ano passado, que a ideia de separação em meio à convivência intensa da quarentena passou pela cabeça. Como estão agora e como é dar conta de corresponder aos desejos de um público que os transformou num ideal de casal?

A gente conseguiu se reconectar rápido. Nossos processos não duram muito. Não tem um plano, assim, do casal que a gente vai ser, é meio que isso aí mesmo ( risos ). Taís falastrona, e eu, palhaço em hora indevida... A gente não conversa para combinar o que vai ser pela expectativa dos outros. Temos coisas que nos conectam: o trabalho, o humor, a gente ri muito junto, adora fofocar... A gente é muito fofoqueiro!

Acho que a prática do trabalho harmônico que temos nesses anos todos, de respeito ao tempo e ao espaço do colega na profissão, acabou moldando o casal que somos. Foi transferida para dentro de casa. Somos um casal com todas as questões, ciúmes.... Tive ciúme da Taís e do Alfred no filme. As cenas de relação, de beijo era uma loucura... Quando era verdadeiro demais, o coração disparava. Eu pensava: "Se está parecendo de verdade, é porque está boa. Toma vergonha na cara que isso aqui é trabalho". Tive que me falar isso ( risos ).

Na quarentena você reeditou o livro "Edith e a velha sentada" e escreveu "O pulo do coelho". Como o que você estava vivendo em casa impactou esses dois trabalhos?

O "Edith..." fala do uso equilibrado de tecnologia. Eu estava vendo dentro da minha casa e nas outras pessoas a falta do equilíbrio do tempo em frente às telas. O "Pulo do coelho" tem a ver com a pandemia porque fala sobre autonomia. A gente teve teve que convocar nossos filhos para mais responsabilidade, no cuidado com suas coisas e consigo mesmo.

Esses dois livros foram uma terapia para mim. Porque eu estava tentando produzir muito e tudo ficava ruim, e e eu, muito tenso. Quando me desobriguei a produzir, passei a usar a escrita como terapia. Era o único momento em que eu não tinha julgamento, cobrança, tensão. Escrevi para cuidar da cabeça, foi uma válvula de escape ficar de frente para o computador sem compromisso, responsabilidade e sem ouvir as notícias do mundo.

Tanto "Edith..." quanto seu primeiro livro, "Paparoutas", nasceram quando você ainda não tinha filhos. Como a paternidade foi te ajudando a elaborar melhor as narrativas?

Eu não sabia que estava escrevendo para criança. Escrevia livremente, depois entendia que tinha um humor, uma ludicidade. Hoje, já tenho essa meta e estudo temas de que gostaria de falar. Observo crianças perto de mim e claro, os meus filhos prioritariamente, para poder plantar sementes para adultos mais saudáveis. Falando de temas que acho que são relevantes como em "Sinto o que sinto", sobre algo que parece simples, mas não é: saber nomear e identificar o que estamos sentindo. Isso foi uma observação dos adultos, que só vomitam sentimentos e não entendem, analisam ou refletem. E de crianças que não sabiam nomear o ciúme, o medo, o amor.

"O pulo do coelho" foi para falar de liberdade e autonomia, mas de um ponto de vista diferente. Muitas vezes, a gente pede autonomia, quer trocar de emprego, de casamento, de casa... Já a criança quer atravessar a rua sem estar de mão dadas. Só que quando a gente conquista essa liberdade, essa autonomia, não sabe o que fazer dela. Porque lidar com a liberdade também traz responsabilidade.

Fico tentando conectar a infância com a vida adulta. Fico feliz quando leem meus livros e conseguem perceber essa camada. Um amigo me ligou depois de ler "O pulo do coelho" e falou: "Separei, estou me sentindo o coelho". Achei maravilhoso! É isso: ele estava louco para separar, separou e não sabia o que fazer.

Depois de vários livros infantis, você vai lançar um livro para adolescentes. Do que se trata?

Se chama "Você não é invisível". Sai pela Companhia das Letras, com ilustração de Oga Mendonça. Tem muito a ver com a pandemia. São dois irmãos, um menino e uma menina, que estão confinados na mesma casa, mas cada um se isola no seu quarto. Em vez de se conectarem, ficam vivendo seus dilemas da adolescência sem bater na porta do lado e conversar. É algo que acontece muito, né? As pessoas, na adolescência, ficam com as questões dentro, sozinhas. Quando vão ver, podiam ter tido um caminho bem mais curto para solucionar suas angústias.

Depois de fazer tanta coisa, dirigir, escrever, o ofício de ator ganha novos contornos?

Quando voltei para "Aruanas", achei péssimo. Horroroso não poder ficar conversando no camarim, não ver a cara da equipe de máscara... Descobri que a minha medida de trabalho de interpretação é olhar para a equipe. Depois, comecei a me adaptar, entender o jeito de trabalhar e descobrir prazer nisso também.

Qual é o prazer maior? Exercer a profissão. Sou apaixonado por ser ator, não há nada que me deixe mais feliz, fora meus filhos e minha esposa. Fazer "Aruanas" e "Sob pressão" ao lado de tantos amigos é um resgate de uma afetividade que é alimento para mim em tudo que eu faço.

A escalação do elenco do "Medida provisória" passou sempre por esse lugar, pelo talento e pela capacidade de ser afetuoso no jeito de trabalhar. Porque acho que influencia. Eu me sinto estimulado quando é dessa maneira. Em ambientes tensos de trabalho, eu não produzo, sou péssimo. Os piores trabalhos que eu fiz foram porque o ambiente estava tenso, e eu não consegui ser pleno. O meu motor é esse, a leveza.