Cultura Livros

Bienal do Livro do Rio: 'A poesia tem um poder curativo e transformador', diz Bráulio Bessa

Poeta participou na mesa de abertura do evento, que começou nesta sexta-feira (3), o poeta Allan Dias Castro e da cantora Priscilla Alcântara
Abertura da Bienal do Livro com a mesa "Para seguir em frente": Bráulio Bessa, Allan Dias Castro e Priscilla Alcântara Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
Abertura da Bienal do Livro com a mesa "Para seguir em frente": Bráulio Bessa, Allan Dias Castro e Priscilla Alcântara Foto: Guito Moreto / Agência O Globo

— A poesia me deu a possibilidade de passar de transformado para transformador. É muito forte quando a arte chega às pessoas e começa a causar impacto — declarou o poeta Bráulio Bessa na mesa de abertura da 20ª Bienal Internacional do Livro do Rio, que começou nesta sexta-feira (3), no Riocentro, na Barra da Tijuca, com tamanho reduzido e formato híbrido.

A mesa "Para seguir em frente", que contou ainda com a participação do poeta Allan Dias Castro e da cantora Priscilla Alcântara e mediação do roteirista Pedro Alvarenga, discutiu o poder da fé como um refúgio para a dor e uma força motriz para seguir em frente através da poesia.

Presencial: No Riocentro, público comemora Bienal do Livro adaptada à pandemia

Bráulio Bessa, que foi internado com Covid em maio deste ano, participa da série documental “Poesia que transforma” (Globoplay), com previsão de lançamento em 22 de dezembro. Enquanto estava internado, ele diz que recebeu uma marmita com um poema de Allan Dias Castro na tampa, escrito por algum funcionário da unidade de saúde.

— Aquelas palavras alimentaram minha alma e me deram coragem e força para alimentar meu corpo, que estava precisando. A poesia cura. — disse Bessa emocionado, para em seguida pedir uma valorização do artista brasileiro. — A gente tem que começar a gostar de arte, e não só de famoso. A arte é um ato de coragem e atrevimento no Brasil.

20ª Bienal do Livro do Rio: Evento reforça debate sobre diversidade para espantar sombra do ataque conservador de Crivella em 2019

Allan Dias Castro, que se diz inspirado pelo trabalho de Bessa, iniciou sua fala lembrando que o Riocentro, onde acontece o evento, foi transformado em hospital de campanha no ano passado:

— Quantas pessoas tiveram que encarar perdas, e hoje estamos aqui falando de futuro — apontou o poeta. — Tive experiências intensas na pandemia. Perdi meu pai e me tornei pai, então tive que transformar minha resiliência em prática. A escrita nessa fase me salvou muito.

O escritor enalteceu ainda a liberdade de expressão e a aceitação das diversidades:

— A diferença nos tira dessa bolha do que é certo e o que é errado. Não concordar também é agregador. A minha religião é a poesia, é onde encontro minha força. A arte tem o poder de agregar muito mais do que excluir.

Dante José Alexandre Cid: 'Com lei do preço fixo, livro pode ficar mais barato', diz novo presidente do sindicato dos editores

Criada em um lar evangélico e de artistas, a cantora Priscilla Alcântara defendeu a união de fé e arte:

— Toda arte que produzo vem da minha fé. Para mim, são uma coisa só. A fé é a totalidade da minha experiência, é o sustento de todas as coisas.

Quando questionada sobre as críticas de que estaria “perdida” por causa de sua transição do gospel para o pop, a ganhadora do “The masked singer Brasil” afirmou nunca ter se sentido "tão encontrada":

—Tenho a liberdade de exercer o que eu nasci pra fazer. Todo esse caminho que percorri foi para construir uma plataforma sólida para isso.