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A um dia da Flip, pousadas de Paraty ainda têm vagas

Governo e prefeitura aumentaram número de policiais nas ruas para garantir segurança

Movimento em hotéis e restaurantes em Paraty ainda é baixo, na véspera da Flip
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Alexandre Cassiano
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O Globo
Movimento em hotéis e restaurantes em Paraty ainda é baixo, na véspera da Flip Foto: Alexandre Cassiano / O Globo

PARATY — A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) costuma lotar os hotéis e pousadas da cidade colonial do sul fluminense. Neste ano, no entanto, quando o evento realiza sua 14ª edição, de 29 de junho a 3 de julho, ainda há quartos disponíveis a apenas dois dias da abertura, inclusive no centro histórico, onde as vagas são mais concorridas. De acordo com o prefeito Carlos José Gama Miranda, muitos turistas de última hora são esperados.

— Nossa rede hoteleira está com 80% de ocupação. Apenas na quinta-feira teremos uma noção melhor do número de visitantes, mas acreditamos que muita gente ainda pode vir mais para o fim de semana — afirma o político.

Essa é a expectativa da argentina Valeria Bescos, gerente do Chill Inn Hostel e Pousada, na Praia do Pontal, próximo à Tenda dos Autores, por onde passarão nomes como o norueguês Karl Ove Knausgard (sexta, às 17h15m) autor da elogiada série “Minha luta”, o irlandês Irvine Welsh (qui, às 21h30m), do já clássico cult “Trainspotting”, e a bielorrusa Svetlana Alexievich (sáb, às 17h15m), vencedora do Nobel de literatura do último ano.

— A procura está bem fraca. Apenas 50% dos nossos aposentos foram reservados. No ano passado estava melhor. Normalmente nós colocamos mais camas nos quartos para atender à grande demanda, mas agora deixamos alguns como privativos, para casais (a partir de R$ 1.300 por duas noites). A situação do país não está nada boa — diz Valeria.

Para Pedro Ferrari, recepcionista da Pousada Refron do Mar, na mesma região, que ainda tem vagas (o pacote sai a R$ 2.100 por quatro noites), a situação econômica atual seria a causa da baixa busca por acomodações.

— Em Paraty, o movimento é cíclico. Quando há eventos, como o Bourbon Festival deste ano (realizado no mês passado), a cidade enche. Logo, não é comum ver quartos disponíveis na semana da Flip. Antes, os clientes reservavam com um ano de antecedência. É culpa da crise — analisa.

No centro histórico, atrás da Praça da Matriz, o hotel de luxo Porto Imperial ainda tem pacotes de suíte superior (R$ 8.600) e suíte master (R$ 10.355) para os cinco dias do evento.

— A Flip era garantia de lotação máxima. Desta vez, como foi em 2015, ainda temos quartos livres — conta Poliane Lino, gerente de reservas do estabelecimento.

Para quem busca uma opção mais em conta, o Camping Clube do Brasil oferece área para acomodação por R$ 33,60 por pessoa.

— Como poucos associados virão, abrimos o terreno para o público geral. Temos muito espaço para quem vier. Só precisam trazer as barracas — explica o fotógrafo e jornalista gaúcho Pedro Garcia, que trabalha como recepcionista do acampamento. — O Rio Grande do Sul está falido, não há emprego. Aqui não está muito melhor, mas, como falo inglês e espanhol, consegui essa posição.

Um fator que pode ajudar a atrair turistas no fim de semana é estrada Paraty-Cunha, inaugurada recentemente.

— Com essa rodovia, os moradores de São Paulo, que levavam cinco horas para chegar pela Rio-Santos, vão poder fazer a viagem em apenas três horas — diz Paula Soares, coordenadora de comunicação da Secretaria de Turismo de Paraty.

Para garantir a segurança dos visitantes, o prefeito da cidade (que sofreu um atentado de homicídio no início do ano passado) afirma ter aumentado o efetivo de policiais.

— Nós tivemos 110 homens patrulhando as ruas em 2015. Serão 150 neste ano, entre oficiais militares e civis. Também preparamos um sistema de monitoramento, com 40 câmeras, que integra a guarda municipal e a polícia.