ESTOCOLMO — A Academia Sueca, que premiou Bob Dylan com o Nobel de Literatura, disse que está a critério do cantor e compositor americano participar da cerimônia de premiação neste ano ou não. Dylan, conhecido por fugir da imprensa, ainda não respondeu as muitas tentativas do Comitê de contatá-lo desde que o nomearam como vencedor, em 13 de outubro.
A Academia deu a Dylan, de 75 anos, o prêmio por "ter criado novas expressões poéticas dentro da grande tradição de música norte-americana". A cerimônia de premiação do Nobel ocorre todo os anos no dia 10 de dezembro. O prêmio este ano é de 8 milhões de coroas suecas, ou cerca de US$ 900 mil.
No sábado, a mídia sueca reportou que Per Wastberg, membro da Academia, teria classificado o silêncio de Dylan como "rude e arrogante". A academia, no entanto, afirma que os comentários de Wastberg não refletem a visão da instituição.
"O autor premiado com o Prêmio Nobel toma sua própria decisão em relação às cerimônias envolvendo a apresentação do prêmio", disse Sara Danius, secretária permanente da Academia, em comunicado. "A Academia Sueca nunca manteve uma visão sobre as decisões dos vencedores de prêmios neste contexto, nem irá agora, independentemente da decisão alcançada."
Apenas dois escritores não aceitaram o Nobel de Literatura até hoje: Boris Pasternak, por pressão da União Soviética, em 1958; e Jean Paul Sartre, por não aceitar honrarias oficiais, em 1964. Se Dylan mantiver seu silêncio, será o primeiro a ignorar a decisão da Academia.
A canção que transformou o cantor folk Bob Dylan em um astro de rock. Mais que um sucesso pop, tornou-se o hino de uma geração que começava a se libertar das amarras da sociedade. Em 1995, 30 anos depois de ser lançada, foi gravada pelos Rolling Stones (que não têm nenhuma relação com a letra).
Tangled up in blue
Canção cubista que Dylan lançou no disco "Blood on the tracks", de 1975. O jornal "The Telegraph" a definiu certa vez como "a letra mais deslumbrante já escrita, uma narrativa abstrata de relacionamentos feita em uma mistura amorfa de primeira e terceira pessoa, juntando passado, presente e futuro".
Jokerman
De volta ao mundo secular depois de uma conversão ao Cristianismo, Bob Dylan gravou em 1983 o álbum "Infidels", com produção de Mark Knopfler, discípulo seu e guitarrista dos Dire Straits. "Jokerman" é uma das grandes canções políticas de Dylan, mirando os populistas que engambelam a população.
Love sick
Música do disco "Time out of mind" (1997), considerado a volta de Bob Dylan aos bons tempos depois de uma conturbada década de 80, "Love sick" foi escolhida pelo artista como o número a ser apresentado na festa de Grammy de 1998. Um pedaço sombrio da personalidade de Dylan, então já bem na entrada dos tempos da velhice.
Mississippi
Canção que Bob Dylan fez nas sessões de "Time out of mind", mas só gravou depois, em 2001, no disco "Love and theft". A revista "Rolling Stone" a elegeu a 17ª melhor música da década e a descreveu como "uma canção de amor que parece resumir toda a carreira de Dylan, e um clássico que está pau a pau com 'Tangled up in blue'".
Tá certo que, nos anos 2010, Bob Dylan lançou apenas um álbum de inéditas, "Tempest", em 2012. Mas esse aceno ao saudosismo (fala de um velho serviço de trens), meio rockabilly, que abriu os trabalhos do disco tem lá seu valor. "Ouça o apito do Duquesne / soando como se fosse varrer o meu mundo pra longe", canta ele.