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Após ser banido em escolas americanas, HQ sobre o Holocausto 'Maus' entra na lista de mais vendidos dos EUA

Conselho escolar de condado do Tennesse proibiu a obra por conta de imagem de mulher nua e "linguagem questionável"
O quadrinista Art Spiegelman posa em uma exposição com um painel que mostra um trecho de sua obra Maus Foto: BERTRAND LANGLOIS / AFP
O quadrinista Art Spiegelman posa em uma exposição com um painel que mostra um trecho de sua obra Maus Foto: BERTRAND LANGLOIS / AFP

Dias depois de ter sido banida pelo conselho escolar do condado de McMinn, no Tennesse, a história em quadrinhos Maus entrou para a lista de livros mais vendidos dos Estados Unidos .  Duas edições da obra, que narra a vida da família judia do autor antes e depois do Holocausto, entraram para o Top 20 da Amazon. No início da semana, nenhuma das duas constava entre os 1.000 livros mais vendidos do site.

No dia 10 de janeiro, o conselho escolar de McMinn votou unanimemente para proibir o uso da obra no currículo das turmas de oitava série. A justificativa foi a presença de "linguagem questionável" e desenhos de uma mulher nua.

— Não precisamos promover esse tipo de coisa. O livro mostra pessoas enforcadas, mostra-as matando crianças. Por que o sistema educacional promove esse tipo de coisa? Não é sábio ou saudável — disse o membro do conselho Tony Allman, durante a reunião.

A decisão repercutiu na mídia americana e foi criticada pelo autor da obra, Art Spielgmann :

— Estou tentando compreender isso direito. Eles estão totalmente focados em alguns palavrões que estão no livro. Eu não posso acreditar que a palavra 'droga' faria o livro ser descartado da escola por conta própria — disse Spielgmann, que se descreveu 'perplexo' com o banimento do livro, a primeira HQ a ganhar um prêmio Pullitizer.

De acordo com o autor, a imagem da mulher nua que foi citada como um dos motivos para a proibição da obra é um pequeno desenho de sua mãe em uma banheira, com os pulsos cortados .

— Entendo que o Tennesse é um lugar demente. Há algo de muito confuso acontecendo por lá — disse Spielgmann à CNBC.

Críticas ao banimento também foram feitas por outros escritores, como o britânico Neil Gaiman, e instituições, como o Museu do Holocausto.

Segundo Gaiman em sua postagem no Twitter, "só há um tipo de pessoa que baniria Maus, qualquer que seja o nome pelo qual eles estão se chamando atualmente".

Na mesma rede social, o perfil do Museu do Holocausto,  publicou: "Maus desempenhou um papel vital na educação sobre o Holocausto através do compartilhamento de experiências pessoais e detalhadas de vítimas e sobreviventes. Ensinar sobre o Holocausto usando livros como Maus pode inspirar os alunos a pensar criticamente sobre o passado e seus próprios papéis e responsabilidades na atualidade."