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"O último adeus I"
"Os navios fazem figuras no ar / escapam as cores - os faunos. / Os corpos dos bombeiros bailam / no brilho dos meus pés. / Do cais mordo / impaciente / a mão imersa / nos faróis."1 de 5
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"Sábado de aleluia"
"Escuta, Judas. / Antes que você parta pro teu baile. / A morte nos absorve inteiramente. / Tudo é aconchego árido. / Cheiro eterno de Proderm. / Mesa posta, e as garras da vontade. / A gana de procurar um por um / e pronunciar o escândalo. / Falar sem ser ouvida. / Desfraldar pendengas: te desejo. / Indiferença fanática ao ainda não."2 de 5
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"Que desliza"
"Onde seus olhos estão / as lupas desistem. / O túnel corre, interminável / pouso negro sem quebra / de estações. / Os passageiros nada adivinham. / Deixam correr / Não ficam negros / Deslizam na borracha / carinho discreto / pelo cansaço / que apenas se recosta / contra a transparente / escuridão."3 de 5
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"Nada, esta espuma"
"Por afrontamento do desejo / insisto na maldade de escrever / mas não sei se a deusa sobe à superfície / ou apenas me castiga com seus uivos. Da amurada deste barco / quero tanto os seios da sereia."4 de 5
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"Cabeceira"
"Intratável. / Não quero mais pôr poemas no papel / nem dar a conhecer minha ternura. / Faço ar de dura, / muito sóbria e dura, / não pergunto / 'da sombra daquele beijo / que farei' / É inútil / ficar à escuta / ou manobrar a luta / da adivinhação. / Dito isto / o livro de cabeceira cai no chão. / Tua mão que desliza / distraidamente? / sobre a minha mão"5 de 5
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