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Com participação intensa na Flip, Conceição Evaristo esquenta a campanha por ABL

Escritora mineira se candidatou à cadeira do cineasta Nelson Pereira dos Santos
Conceição Evaristo na Flip 2018 Foto: Divulgação
Conceição Evaristo na Flip 2018 Foto: Divulgação

PARATY — "Vamos fazer assim: eu falo 'Conceição...', e vocês respondem '...na ABL", ok?" puxou a poeta Meimei Bastos. Logo esse novo grito de guerra foi incorporado por uma plateia lotada, sob o sol forte das 14h, na pequena tenda montada pelo Sesc na programação paralela da Flip . Todos estavam ali na tarde de quinta-feira para ouvir Conceição Evaristo, 71, que dividiu o debate com Meimei e Mell Puã — ambas dedicadas à poesia slammer .

FLIP 2018 : Veja a programação completa do evento

Esse era apenas o segundo de um total de pelo menos seis compromissos da escritora durante a Flip (mais que os presidenciáveis Guilherme Boulos e Manuela Dávila, também presentes em mesas na festa literária).

Conceição chegou no dia anterior, participou da mesa de abertura da Casa Insubmissa de Mulheres Negras — onde está hospedada e para onde convidou qualquer um que quisesse chegar mais e trocar uma ideia. Fora da agenda "oficial", os planos eram seguir para uma apresentação de música e dança afro, nas proximidades do centro histórico de Paraty, no fim do dia.

Parece agenda de candidato. E, de certa forma, é. Em pouco mais de um mês, sai o resultado da eleição para o novo imortal da Academia Brasileira de Letras, que ocupará a cadeira de número 7, deixada pelo cineasta Nelson Pereira dos Santos , morto em abril.

Conceição Evaristo concorre à vaga , em uma campanha forte na internet e que já teve até abaixo-assinado. A autora disse que vem cumprindo, "como manda o figurino", o ritual exigido pela academia.

— Entreguei meu livro e apresentei a carta de candidatura, mas não consegui ainda marcar os encontros com os acadêmicos. — disse a autora, vencedora do Jabuti com "Olhos d'água". — Minha campanha tem a força do desejo, ela não tem força de fazer acontecer, porque quem decide são os acadêmicos, e eles têm as preferências deles. Me candidatei porque todo cidadão brasileiro que tiver um livro publicado pode concorrer. Estou dentro deste perfil.

Pela Flip, por enquanto, quem a encontrava parecia reforçar um voto pessoal —  "que Ogum te ilumine até a Academia Brasileira de Letras", mandou poeta e escritor também mineiro Robson di Brito, no encontro do Sesc, enquanto que o  escritor e pesquisador carioca Jorge Luiz Alves estava interessado em saber qual seria "sua bandeira na inserção cultural dentro da ABL?".

— Quando chego nos locais, é interessante ver que são as pessoas que levantam (o assunto da candidatura). É interessante ver que elas já falam em "futura ocupante". Acho que se fosse pelo público, eu já era eleita logo presidente da ABL!