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Confira os livros lançados para celebrar o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922

Entre os títulos, há estudos críticos, romances e diário dos protagonistas do movimento
Capas de livros publicados para as celebrações do cententário da Semana de Arte Moderna de 1922 Foto: Reprodução
Capas de livros publicados para as celebrações do cententário da Semana de Arte Moderna de 1922 Foto: Reprodução

Tem romance, reunião de textos dispersos, diário e muita crítica. O centenário da Semana de Arte Moderna, realizada no palco do Theatro Municipal de São Paulo, em fevereiro de 1922, com participação de Mário e Oswald de Andrade , Di Cavancanti, Heitor Villa-Lobos e mais um punhado de artistas, tem movimentado o mercado editorial brasileiro.

Textos já consagrados sobre a Semana e seus personagens — como "A brasilidade modernista", de Eduardo Jardim , e "Mário de Andrade: exílio no Rio", de Moacir Werneck de Castro — voltam às livrarias ao lado de obras literárias como "Macunaíma", de Mário de Andrade, e "Parque industrial", de Pagu.

Confira alguns dos últimos lançamentos relacionados à efeméride:

"1922 e depois"

Autores: Mário de Andrade, Rubem Braga e Walmir Ayala. Editora: Nova Fronteira. Páginas: 168. Preço: R$ 24,90.

Escritos entre 1928 e 1988, os ensaios reunidos na antologia foram publicados em grande parte em jornais, revistas e catálogos de exposições. Alguns textos, como "Tarsila", de Mário de Andrade, e "Mário", de Rubem Braga , permeneciam inéditos em livros.

Capas de livros publicados para as celebrações do cententário da Semana de Arte Moderna de 1922 Foto: Divulgação
Capas de livros publicados para as celebrações do cententário da Semana de Arte Moderna de 1922 Foto: Divulgação

"A brasilidade modernista: sua dimensão filosófica"

Autor: Eduardo Jardim. Editora: Ponteio Edições e Editora PUC-Rio. Páginas: 144. Preço: R$ 59,90.

Lançado originalmente em 1978, a obra tornou-se um clássico ao relacionar o modernismo a debates intelectuais que remontavam ao século XIX. Professor da PUC-Rio, Eduardo Jardim resgata a figura de Graça Aranha, apoiador entusiasta da Semana, e discute a "brasilidade" modernista segundo as vertentes "analítica", proposta por Mário de Andrade, e a "intuitiva", defendida por Oswald de Andrade e Plínio Salgado .

"A revista Verde, de Cataguases: contribuição a história do modernismo"

Autor: Luiz Ruffato. Editora: Autêntica. Páginas: 192. Preço: 49,80.

O livro resgata a memória de uma das publicações modernistas mais importantes dos anos 1920, a revista Verde, de Cataguases, na Zona da Mata mineira. Luiz Ruffato desfaz a versão historiográfica que considera a Verde, bem como toda a efervescência cultural observada no município à época, fruto de um "fenômeno inexplicável".

"Diário confessional"

Autor: Oswald de Andrade. Organização: Manuel da Costa Pinto. Editora: Companhia das Letras. Páginas: 560. Preço: 99,90.

Reunião de cadernos inéditos de um dos pioneiros do modernismo apresenta uma figura bem distinta do personagem irreverente que se consagrou no imaginário nacional. Oswald de Andrade emerge como um homem inquieto, cáustico e profundamente atormentado por incertezas.

"É apenas agitação"

Autora: Nélida Capela. Editora: Telha. Páginas: 196. Preço: R$ 45.

O livro reúne 10 entrevistas concedidas a Peregrino Júnior e publicadas no carioca O Jornal em 1926, nas quais imortais da Academia Brasileira de Letras (Coelho Netto, Silva Ramos, João Ribeiro, entre outros) comentavam a Semana de Arte Moderna de 1922. Alguns comemoravam a ousadia dos paulistas, capazes de chacoalhar a arte nacional. Já outros reduziam o movimento à "agitação" inconsequente.

Capas de livros publicados para as celebrações do cententário da Semana de Arte Moderna de 1922 Foto: Divulgação
Capas de livros publicados para as celebrações do cententário da Semana de Arte Moderna de 1922 Foto: Divulgação

"Inda bebo no copo dos outros: por uma estética modernista"

Autor: Mário de Andrade. Organização: Yussef Campos. Editora: Autêntica. Páginas: 224. Preço: R$ 49,80.

"Bem poderíamos em 2022 celebrar o 1º Centenário de nossa independência literária", escreveu Mário de Andrade na revista Klaxon, em dezembro de 1922. Este é um dos textos que integram "Inda bebo no copo do outros", reunião inédita de artigos publicados pelo autor de "Macunaíma" em jornais, revistas e livros, antes e depois da Semana, sobre a renovação estética proposta pelo modernismo.

"'leite criôlo': da rede modernista nacional à memória monumental do modernismo"

Autor: Miguel de Ávila. Editora: Impressões de Minas Editora. Páginas: 266. Preço: R$ 50.

O livro analisa a revista leite criôlo, fundada em Belo Horizonte, em 1929. Lançada em 13 de maio, Dia da Abolição da Escravatura no Brasil, leite criôlo seguia o programa modernista: verso livre, linguagem coloquial, ausência de pontuação. No entanto, recebeu pouca atenção da historiografia modernista, entre outras razões, por não ter produzido um Drummond e por ser tomada como exemplo do “mau modernismo”, aquele que descambou no integralismo. A leite criôlo de fato abordava a questão negra, mas nem sempre sob uma lente positiva.

“Lira mensageira: Drummond e o grupo modernista mineiro”

Autor: Sergio Miceli. Editora: Todavia. Páginas: 264. Preço: R$ 74,90.

Comparado a outros modernistas mineiros, Carlos Drummond de Andrade estava em desvantagem: estudara farmácia, seu casamento não lhe trouxera capital econômico ou social e a fortuna da família acabara. Sem reducionismos, Miceli mostra como a proximidade com Gustavo Capanema, homem forte do Estado Novo, é chave para a compreender a ascensão profissional e a expressão poética do itabirano.

"Macunaíma"

Autor: Mário de Andrade. Editora: José Olympio. Páginas: 127. Preço: R$ 44,90.

Marco da literatura brasileira, a obra lançada em 1928 apresentou o Brasil a Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, forjado a partir de lendas e mitos indígenas e populares. A nova edição reproduz a arte gráfica original de Thomaz Santa Rosa, impressa na segunda edição do livro, em 1937.

"Mário de Andrade: exilio no Rio"

Autor: Moacir Werneck de Castro. Editora: Autêntica. Páginas: 224. Preço: R$ 59,80

Publicado originalmente em 1989, o livro se debruça sobre o período em Mário de Andrade viveu no Rio de Janeiro, entre 1938 e 1941, após chefiar o Departamento de Cultura de São Paulo. O volume traz ainda 20 cartas escritas por Mário e remetidas a Werneck de Castro e depoimentos de figuras que conviveram com o autor de "Pauliceia desvairada" durante seu exílio carioca.

"Mário de Andrade por ele mesmo"

Autor: Paulo Duarte. Editora: Todavia. Páginas: 576. Preço: R$ 99,90.

Paulo Duarte foi o responsável pelo convite a Mário de Andrade para que dirigisse o Departamento de Cultura da cidade de São Paulo, em 1935. As cartas enviadas por Mário ao seu companheiro são esclarecedoras das condições em que se implantou uma intervenção na máquina pública para promover o acesso à cultura. Publicado originalmente em 1971 e há muito esgotado, Duarte faz um balanço desse período conturbado na vida cultural e política brasileira.

"Modernismo em preto e branco: arte e imagem, raça e identidade no brasil, 1890-1945"

Autor: Rafael Cardoso. Editora: Companhia das Letras. Páginas: 372. Preço: R$ 99,90.

No livro, o historiador da arte Rafael Cardoso questiona a associação do modernismo a um seleto grupo paulistano e reinvindica a modernidade de manifestações da cultura de massas, como a imprensa ilustrada, a publicidade, a música popular e até o Carnaval.

"Modernismos: 1922-2022"

Organizaçao: Gênese Andrade. Editora: Companhia das Letras. Páginas: 896. Preço: R$ 159,90.

Em 29 ensaios inéditos, intelectuais como José Miguel Wisnik , Lilia Moritz Schwarcz e Walnice Nogueira Galvão festejam, questionam e provocam reflexões sobre a Semana de 22 e seus desdobramentos, revisitando suas memórias e fortuna crítica.

Capas de livros publicados para as celebrações do cententário da Semana de Arte Moderna de 1922 Foto: Divulgação
Capas de livros publicados para as celebrações do cententário da Semana de Arte Moderna de 1922 Foto: Divulgação

"O antimodernista: Graciliano Ramos e 1922"

Organizadores: Thiago Mio Salla e Ieda Lebensztein. Editora: Record. Páginas: 294 (previsão). Preço: ainda não divulgado.

Reunião de ensaios, resenhas de livros, entrevistas e cartas que Graciliano Ramos escreveu trazendo a herança do modernismo de um ponto de vista crítico. Embora reconhecesse a importância do movimento, Graciliano não caiu na idolatria e na idealização de muitos de seus contemporâneos. Os textos mostram um Graciliano incomodado com os descaminhos da civilização ocidental, e que manifesta sua postura desconfiada e vigilante de modo contínuo.

"O guarda-roupa modernista"

Autora: Carolina Casarin. Editora: Companhia das Letras. Páginas: 288. Preço: R$ 109,90.

Nesta alentada pesquisa, Carolin Casarin analisa os ideais e as contradições do modernismo a partir do figurino do casal mais icônico da arte brasileira: a pintora Tarsila do Amaral e o poeta Oswald de Andrade, ou melhor, Tarsiwald, como Mário de Andrade os chamava.

"Parque industrial"

Autora: Pagu. Editora: Companhia das Letras. Páginas: 112. Preço: R$ 49,90.

Em "Parque industrial", a escritora modernista Patrícia Galvão, a Pagu , escancara a precariedade a que estavam submetidas as trabalhadoras da indústria têxtil na São Paulo do início dos anos 1930. Em texto autobiográfico, Pagu afirmou que, embora sem confiança em seus "dotes literários", sonhava que "Parque industrial" se convertesse em um "livro revolucionário". O volume foi lançado sob o pseudônimo de Mara Lobo quando a autora tinha 22 anos.

"Semana de 22: antes do começo, depois do fim"

Autores: José de Nicola e Lucas de Nicola. Editora: Estação Brasil. Páginas: 640. Preço: 79,90.

Em "Semana de 22", livro caprichosamente ilustrado, o especialista em literatura José de Nicola e o historiador Lucas de Nicola, pai e filho, traçam as origens e apresentam os desobramentos da Semana de Arte Moderna.

"Semana de 22: entre vaias e aplausos"

Autora: Marcia Camargos. Editora: Boitempo . Páginas: 192. Preço: R$ 57

A Semana de Arte Moderna de 1922 repercutiu mal na imprensa, causou prejuízos a seus organizadores e recebeu mais vaias do que aplausos. Por que, então, ela continua relevante e celebrada um século depois? Com o apoio de vasta bibliografia e texto ágil, Marcia Camargos tenta responder a essa perguntar em “Semana de 22”, obra publicada nos 80 anos do evento e relançada este mês com novo prefácio.

"Vanguarda europeia e modernismo brasileiro"

Autor: Gilberto Mendonça Teles. Editora: José Olympio. Páginas: 658. Preço: R$ 99,90.

Obra de referência e já consagrada, "Vanguarda europeia e modernismo brasileiro" reúne poemas, conferências e manifestos vanguardistas estrangeiros e nacionais publicados entre 1857 e 1972. O autor apresenta um rico panorama dos movimentos modernistas por meio de textos de artistas como Charles Baudelaire, Arthur Rimbaud e Stéphane Mallarmé, André Breton, Vladímir Maiakóvski , Tristan Tzara, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, João Cabral de Melo Neto , Murilo Mendes, Décio Pignatari e Wlademir Dias-Pino.