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Do pop ao político, Bienal do Livro do Rio de 2019 aposta em diversidade de vozes

A partir de 30 de agosto, evento busca interação ainda maior que a tradicional com o público infantojuvenil
Sucesso em 2017 o espaço 'Arena #SemFiltro' volta nesta edição Foto: Leo Martins / Agência O Globo
Sucesso em 2017 o espaço 'Arena #SemFiltro' volta nesta edição Foto: Leo Martins / Agência O Globo

RIO — Há semanas na lista dos mais vendidos, o cientista político de Harvard Steven Levitsky, coautor de “Como as democracias morrem”, é um dos destaques da 19ª Bienal do Livro Rio. Anunciada ontem, a programação do evento, que vai ocupar os pavilhões do Riocentro entre 30 de agosto e 8 de setembro, traz diversos autores badalados do mercado editorial, como o historiador Laurentino Gomes, que lança um novo livro sobre a escravidão; ou ainda Mark Manson, responsável pelo fenômeno “A arte de ligar o foda-se”.

Mas, além de conhecidos, os nomes também compõem uma lista diversa e democrática. Tem influencers de lados opostos da política (Gregório Duvivier e Lobão), personalidades da religião (Pastor Henrique Vieira) e da ciência (Sidarta Ribeiro), do budismo (Monja Coen) e do mentalismo (Henrik Fexeus), escritores veteranos (Luis Fernando Verissimo) e da nova guarda (Raphael Montes), poetas do Instagram (Akapoeta) e do cordel (Jarid Arraes).

— Nosso festival é consagrado como o maior evento literário do país, dá voz a todos os públicos, sem distinção, como uma democracia deve ser — afirma Tatiana Zaccaro, diretora da Bienal. — Estamos aqui para promover a reflexão, estimular o hábito da leitura e transformar o país.

No momento em que a polarização política levou uma feira literária em Santa Catarina a cancelar a participação de Miriam Leitão e Sérgio Abranches por questões de segurança, os organizadores da 19ª Bienal do Livro Rio ressaltam o compromisso do evento com a diversidade e o diálogo. Abranches e Miriam Leitão, aliás, estarão na programação.

— Não seremos pautados por nenhum tipo de protesto — diz Tatiana.

O amplo cardápio temático pretende atrair um público mais variado possível. Temas como democracia, feminismo, meio ambiente, religiosidade, além de espaços infantis e muita cultura pop e jovem — como foi a tônica da última edição em 2017 — vão ocupar os pavilhões do Riocentro.

Imersão para as crianças

E essa busca por formar um público leitor tem feito a Bienal investir cada vez mais pesado em uma programação que atraia jovens, crianças e professores. Sucesso das últimas duas edições a “Arena #SemFiltro”, área dedicada ao público jovem com encontros com escritores, youtubers, influenciadores, conta com nomes como Henrik Fexeus, Pastor Henrique Vieira e Thammy Miranda, em mesas que passam por temas como mentalismo, fé e transsexualidade.

Neste ano, pela primeira vez o evento vai dedicar um pavilhão inteiro ao público infantil. Numa área de 500m², crianças e pais poderão viver uma experiência imersiva e sensorial em um cenário que vai recriar uma floresta. O espaço “Pela estrada afora” terá diferentes ambientes narrativos remetendo a clássicos infantis, e promete estimular o gosto dos pequenos por histórias com atividades lúdicas.

Para os professores haverá dois dias inteiros com conteúdo elaborado especialmente para debater o desafio de formar leitores em tempos de conectividade e múltiplas plataformas de leitura. Para umas das curadoras do evento, Martha Ribas, juntar educação com entretenimento é o desafio comum entre a proposta da Bienal deste ano e os desafios para educadores formarem novas gerações de leitores. O já clássico espaço “Café literário” concentra os debates mais “cabeça” do evento. Além de ser palco para discussão de temas como fake news e combate à corrupção, o local receberá mesas com as autoras homenageadas deste ano, Ana Maria Machado e Ruth Rocha.

— O livro hoje é parte de um complexo de várias possibilidades de leituras: de séries, de quadrinhos, do celular. A gente lê em todo lugar e de várias maneiras. A Bienal é uma grande celebração disso: o livro como base para toda indústria criativa — afirma Martha. — E o professor pode trabalhar essas multiplicidades usando as telas potencialmente para formar leitores.