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Editor do Grupo Companhia das Letras divulga carta sobre crise do mercado de livros

Luiz Schwarcz mendionou pedidos de recuperação judicial das livrarias Cultura e Saraiva e demissões em sua empresa
Luiz Schwarcz, presidente do Grupo Companhia das Letras Foto: Eliária Andrade / Agência O Globo
Luiz Schwarcz, presidente do Grupo Companhia das Letras Foto: Eliária Andrade / Agência O Globo

O presidente do Grupo Companhia das Letras, Luiz Schwarcz, divulgou nesta terça-feira (27/11) uma carta aberta na qual comenta a crise do setor livreiro, agravada pelos pedidos de recuperação judicial das redes de livrarias Cultura e Saraiva.

"Dezenas de lojas foram fechadas, centenas de livreiros foram despedidos, e as editoras ficaram sem 40% ou mais dos seus recebimentos – gerando um rombo que oferece riscos graves para o mercado editorial no Brasil", escreve Schwarcz no texto, divulgado no blog da editora e, porteriormente, enviado à imprensa.

No final de outubro, a Cultura tomou a decisão justificando que o setor encolheu 40% desde 2014. Um mês depois, a Saraiva alegou não ter conseguido acordo com fornecedores para renegociação de dívidas, listando débitos de R$ 675 milhões. O pedido de recuperação foi aceito pela Justiça nesta terça.

"As editoras já vêm diminuindo o número de livros lançados, deixando autores de venda mais lenta fora de seus planos imediatos, demitindo funcionários em todas as áreas", escreve Schwarcz. "Na Companhia das Letras sentimos tudo isto na pele, já que as maiores editoras são, naturalmente, as grandes credoras das livrarias, e, nesse sentido, foram muito prejudicadas financeiramente. Mas temos como superar a crise: os sócios dessas editoras têm capacidade financeira pessoal de investir em suas empresas".

Ao comentar as demissões na própria Companhia das Letras, o editor afirmou:

"Passei por um dos piores momentos da minha vida pessoal e profissional quando, pela primeira vez em 32 anos, tive que demitir seis funcionários (...) Numa reunião para prestar esclarecimentos sobre aquele triste e inédito acontecimento, uma funcionária me perguntou se as demissões se limitariam àquelas seis. Com sinceridade e a voz embargada, disse que não tinha como garantir".

Schwarcz incentiva os leitores da carta aberta a espalhar "o desejo de comprar livros neste final de ano (...) em livrarias que sobrevivem heroicamente à crise, cumprindo com seus compromissos, e também nas livrarias que estão em dificuldades, mas que precisam de nossa ajuda para se reerguer".