Cultura Livros Flip

Flip: Lançamentos para crianças e jovens acompanham a festa em Paraty

Festa tem programação especial, com rodas de conversas, oficinas e apresentações
Flip: Lançamentos para jovens acompanham a festa em Paraty Foto: Leo Martins / Agência O Globo
Flip: Lançamentos para jovens acompanham a festa em Paraty Foto: Leo Martins / Agência O Globo

RIO - Os caminhos para a formação de leitores são sinuosos e nem sempre têm atalhos. Passam pela necessidade de fomentar a intimidade das crianças com o objeto livro (o que não é trivial num país de maioria sem-estante), atravessam as distrações tecnológicas que lhes roubam a atenção e comprometem a capacidade de concentração e desembocam, enfim, numa realidade em que nem toda página que se vira é ouro.

Em sua 17ª edição, a Flip não tem a pretensão de conseguir plantar o hábito da leitura em solo ainda não fertilizado — o que não faz menos inspiradores os quatro dias de rodas de conversa, oficinas, apresentações artísticas e lançamentos.

A construção do leitor pode ser fomentada tanto pelo encontro com os autores e pela arte da contação de histórias quanto pelas performances de slam. Assim acredita Belita Cermelli, diretora do programa educativo da Flip — ela ressalta que entre os espaços de convivência se destaca a Biblioteca Comunitária Casa Azul, de recorte infantil e juvenil, fundada pela festa em 2005 e localizada na Ilha das Cobras, área fora do centro histórico de Paraty.

Entre os rastilhos para diálogos, pensados de forma a misturar gerações, estão a representatividade feminina e afro-brasileira e o espaço da produção para jovens nos eventos literários.

— São temas que não estão no eixo central da literatura para o homem adulto branco, mas que ajudam a pensar como formar leitores — diz Belita. — Festivais, feiras e bienais não vão mudar o fato de que 30% da população são analfabetos funcionais. Já formamos 400 mediadores em Paraty desde o início da Flip ( em 2003 ). São pessoas que aproximam os outros do livro, criam ambiente de afetividade. Para quem é letrado, parece que isso se dá de forma natural. Mas os que não crescem em casas com livros os veem como objetos estranhos, que não são para eles.