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Livro banido do Colégio Santo Agostinho lidera lista de mais vendidos da Estante Virtual

Edição antiga de 'Meninos sem pátria' não sai por menos de R$ 200 na Amazon
O livro "Meninos sem pátria" Foto: Reprodução
O livro "Meninos sem pátria" Foto: Reprodução

RIO - Após ser banido pelo tradicional Colégio Santo Agostinho , o livro "Meninos sem pátria", de Luiz Puntel, voltou a despertar o interesse dos leitores brasileiros. De acordo com a Estante Virtual, empresa especializada na venda de livros usados, o romance infanto-juvenil foi o mais vendido no site em outubro. Em segundo lugar, aparece o clássico "A revolução dos bichos", de George Orwell, seguido por "A sutil arte de ligar o f*da-se", de Mark Manson.

Lançado em 1981, "Meninos sem pátria" conta a história de uma família que é obrigada a deixar o país durante a ditadura militar quando o pai, jornalista, passa a ser perseguido pelo regime por questões políticas. O livro integra a Série Vaga-lume, coleção de livros para o público infantojuvenil que é referência há gerações em escolas brasileiras.

"Meninos sem pátria" era uma das leituras previstas para este ano no Colégio Santo Agostinho, no Leblon, um dos mais tradicionais do Rio. No entanto, a escola resolveu banir o livro da lista de leituras em outubro após pais de estudantes do 6º ano alegarem que o livro “doutrina crianças com ideologia comunista”.

A decisão gerou protestos entre estudantes e ex-alunos, que realizaram protestos na frente da escola pela liberdade de expressão e contra a censura. Um dos participantes foi o jornalista Ricardo Rabelo, um dos filhos cuja história real inspirou Luiz Puntel.

"Em vez de promover um debate sobre censura e ditadura, a escola preferiu fazer como era naqueles tempos: 'Não se fala mais nisso, o debate está encerrado, o livro está proibido'. Foi um tiro no pé. O colégio deveria fazer uma autocrítica, reconhecer que errou e abrir um debate sobre isso. E eu estou disposto a vir aqui conversar, contar o que foi o exílio para mim e para a minha família. Nós sofremos, é muita dor ficar longe de casa", afirmou o jornalista ao GLOBO .

Atualmente na 23ª edição, "Meninos sem pátria" custa cerca de R$ 50 para edições mais recentes. No entanto, versões mais antigas do livro estão sendo vendidas por até R$ 227 na Amazon.